Vacinação contra o sarampo no Brasil

As campanhas de vacinação contra o sarampo no Brasil revelam uma trajetória marcada por avanços significativos e desafios persistentes. Desde a primeira aplicação da vacina na década de 1960, das primeiras campanhas na década de 1990 até a erradicação temporária da doença com a recente retomada das campanhas em respostas aos novos desafios, o Brasil tem demonstrado um contínuo compromisso com à saúde pública. Ao longo dos anos o impacto das campanhas tornou-se evidente no controle da disseminação do vírus e na proteção principalmente das crianças.

Primeiras Iniciativas e Introdução da Vacina (1960-1970)

A primeira vacina contra o sarampo no Brasil era monovalente,[1] ou seja, só protegia contra o sarampo e surgiu em 1964, porém ela era distribuída de forma desordenada, até a criação do PNI (Programa Nacional de Imunizações)[2]. Depois disso, no ano de 1977 a vacina de sarampo foi definida como uma vacina obrigatória para crianças menores de um ano de idade.

Expansão e Consolidação (1980-2000)

Durante a década de 1980, houve uma significativa expansão da vacinação em todo o território brasileiro, mas as campanhas propriamente ditas eram realizadas de forma isolada por alguns estados brasileiros como São Paulo [3], visando o controle da doença. Nessa década o sarampo era uma doença endêmica no território brasileiro com picos sazonais. [4]

Dentro desse contexto, apenas em 1992 o Brasil foi realizada uma campanha nacional de vacinação contra o sarampo para a população até 15 anos de idade, essa campanha foi um marco do Plano de Controle e Eliminação do Sarampo. [3]

Erradicação e Reconhecimento Internacional (2000-2016)

Em 2001 houve a ampliação da vacina contra o sarampo para mulheres em idade fertil, em seguida em 2003 o PNI[4] lançou a estratégia de reforço da vacinação contra o sarampo, incluindo campanhas de vacinação em massa para manter a imunização alta e prevenir a reintrodução do vírus em áreas livres da doença, então em 2004 começou a introdução da 2º dose da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) aos 4 anos de idade e em 2013 houve a introdução da vacina tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela), substituindo a 2º dose de tríplice viral aos 4 anos de idade.

Em 2016 o Brasil recebeu da OMS (Organização Mundial da Saúde) o certificado de eliminação do sarampo[5], graças ao trabalho dos profissionais de saúde e campanhas de vacinação em massa, até mesmo em áreas remotas.

Desafios e Retrocessos (2016-2023)

Com a intensificação do fluxo migratório para o Brasil[6] com o aumento da disseminação de fake news nas redes sociais, o movimento anti-vacina tomou força ao redor no mundo e no Brasil não foi diferente, causando uma queda nos números de crianças imunizadas, levando um aumento no número de casos.

Durante os anos de 2020 e 2021, a pandemia de covid-19 impactou diretamente as campanhas de vacinação contra o sarampo [7], com interrupções nos programas de imunização e dificuldades de campanhas de rotina. Durante o ano de 2022, o Ministério da Saúde retomou as campanhas de vacinação contra o sarampo com um foco especial na recuperação da cobertura vacinal perdida, para prevenir novos surtos. Essas campanhas contaram com estratégias de comunicação para combater a hesitação vacinal e promover a importância da vacinação.

Resultados e Perspectivas (A partir de 2023)

Durante o ano de 2023, o Ministério da Saúde anunciou que o Brasil saiu da condição de país endêmico para o sarampo, mostrando assim os resultados dos esforços com as campanhas, sendo esse o primeiro passo para a retomada da Certificação de país livre da doença.

Referências

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. 30 anos do Programa Nacional de Imunizações: um legado à saúde pública. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/livro_30_anos_pni.pdf. Acesso em: 18 set. 2024. (BRASIL,2013)
  2. BONATI, Victoria. Vacina do sarampo no Brasil: uma cronologia em retrocesso. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Farmácia)-Instituto de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Macaé, 2021.
  3. a b São Paulo. Plano de erradicação do sarampo. Centro de Vigilância Epidemiológica, 1999. Disponível em: https://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-de-transmissao-respiratoria/sindrome-da-rubeola-congenita-src/doc/sarampo00_plano_erradicacao.pdf. Acesso em: 04/09/2024
  4. a b Domingues, Carla Magda Allan S.; Pereira, Maria Carolina C. Q.; Santos, Elizabeth David dos; Siqueira, Marilda Mendonça; Ganter, Bernardus (março de 1997). «A evolução do sarampo no Brasil e a situação atual». Informe Epidemiológico do Sus (em inglês) (1): 7–19. ISSN 0104-1673. doi:10.5123/S0104-16731997000100002. Consultado em 25 de setembro de 2024 
  5. FIOCRUZ. Brasil recebe da OPAS certificado de eliminação de sarampo. Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/brasil-recebe-da-opas-certificado-de-eliminacao-de-sarampo. Acesso em: 25 set. 2024
  6. BRASIL. Universidade Aberta do SUS. Brasil completa dois anos sem casos de sarampo. Disponível em: https://www.unasus.gov.br/noticia/brasil-completa-dois-anos-sem-casos-de-sarampo. Acesso em: 18 set. 2024.
  7. UNICEF. OMS e UNICEF alertam para um declínio na vacinação durante a pandemia de COVID-19. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/oms-e-unicef-alertam-para-um-declinio-na-vacinacao-durante-pandemia-de-covid-19. Acesso em: 18 set. 2024. (UNICEF, 2020)

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