Triplo salto

Salto Triplo
Triplo salto
Olímpico desde	1896 H / 1996 M
Desporto	Atletismo
Praticado por	Ambos os sexos
Campeões Olímpicos
Paris 2024
Masculino	Jordan Díaz Espanha
Feminino	Thea LaFond Dominica
Campeões Mundiais
Budapeste 2023
Masculino	Hugues Fabrice Zango Burkina Fasso
Feminino	Yulimar Rojas  Venezuela
Recorde Mundial
Masculino	Jonathan Edwards – 18,29 m (1995, Gotemburgo)
Feminino	Yulimar Rojas – 15,74 m (2022, Belgrado)

Salto triplo^(pt-BR) ou Triplo salto^(pt-PT?) é uma das modalidade esportivas de salto do atletismo (junto com salto em altura, salto em distância e salto com vara)^[1][2] que requer uma combinação de velocidade e técnica do atleta que o pratica. Os praticantes deste esporte são, no português do Brasil, chamados de triplistas.^[3][4]

História

Fontes históricas dos Jogos da Grécia Antiga mencionam saltos de até 15 metros de comprimento. Isto fez com que pesquisadores e historiadores concluíssem que esta distância deveria ter sido alcançada com uma série de saltos, o que levou ao conceito moderno do salto triplo. Porém, não há nenhuma evidência deste salto ter sido incluído nos Jogos da Antiguidade e é possível que o registro de distâncias tão grandes possam ter sido mais fruto da licença poética dos autores de poemas sobre as vitórias gregas do que uma tentativa de fazer um registro apurado dos resultados.^[5]

Na mitologia irlandesa, o geal-ruith (salto triplo) era um evento disputado nos Jogos Tailteann, da Irlanda pré-cristã, desde datas tão antigas quanto 1829 a.C.^[6]

O salto triplo faz parte da competição olímpica desde sua primeira edição moderna em Atenas 1896. O primeiro campeão olímpico foi o americano James Connolly.^[7] Nos primeiros Jogos porém, os dois primeiros pulos do salto eram dados no mesmo pé e então o salto final.^[8] Assim como no salto em distância, no início também havia a modalidade do salto triplo sem corrida, apenas com a impulsão do corpo saindo da inércia, modalidade não mais disputada. Ele estreou para as mulheres apenas em Atlanta 1996, exatamente cem anos depois de sua introdução nos Jogos Olímpicos, sendo vencido pela ucraniana Inessa Kravets, que também é a recordista mundial da prova, com 15,50 m.^[9] O recorde mundial masculino é do britânico Jonathan Edwards, com 18,29 m ^[10] e o feminino da venezuelana Yulimar Rojas, com 15,74 m, o único recorde mundial absoluto do atletismo em pista coberta – indoor.^[11] Os atuais campeões olímpicos são Pedro Pichardo de Portugal e Thea LaFond de Dominica.

De todas as modalidades do atletismo olímpico, esta é a de maior tradição para o mundo lusófono. O Brasil tem quatro grandes nomes na história do salto, com Adhemar Ferreira da Silva, recordista mundial e bicampeão olímpico em Helsinque 1952 e Melbourne 1956,^[12] Nelson Prudêncio, recordista mundial e medalha de prata na Cidade do México 1968 e bronze em Munique 1972,^[13] João Carlos de Oliveira, o "João do Pulo", recordista mundial e medalhas de bronze em Montreal 1976 e Moscou 1980^[14] e Jadel Gregório, três vezes medalha de prata em Mundiais e o atual recordista brasileiro;^[15] por seu lado, Portugal tem Nélson Évora, campeão olímpico em Pequim 2008 e campeão mundial em Osaka 2007^[16] e Pedro Pichardo, campeão olímpico em Tóquio 2020 e mundial em Eugene 2022.^[17]

Técnica e regras

O Salto Triplo é uma combinação de três saltos sucessivos que terminam com a queda numa caixa de areia. A prova inicia-se com uma corrida de impulso. O salto começa com o contacto da perna de impulsão tocando o solo (maior absorção de impacto); segue-se uma pequena flexão da perna de impulsão (maior tensão elástica); nesse momento a perna de impulsão sofre grande pressão (até 6 vezes o peso do atleta), sendo que quanto maior o ângulo maior a pressão. A chamada é realizada com um movimento de patada, onde o saltador faz um movimento brusco com a perna para trás e para cima, tentando assim reduzir a perda de velocidade horizontal. O ângulo resultante de saída é menor que o salto da distância. Por fim, na fase de voo, deve-se corrigir o equilíbrio através da rotação horizontal dos braços, colocando o centro de gravidade no lugar.

Numa outra técnica, o salto realiza-se com a perna de elevação (+ fraca); dá-se o toque sobre a planta do pé (maior absorção de impacto) e o movimento de "patada" ativa na chamada para reduzir a perda de velocidade horizontal; existe maior tempo de contacto com o solo; a fase de voo é próxima da do salto em comprimento, e tem apenas como diferença a menor velocidade horizontal, provocando uma menor fase de voo. Para tal utiliza-se outro tipo de estilo - o tipo peito e o carpado. A correção do equilíbrio é feita através da rotação horizontal de braços, na fase terminal.

A Federação Internacional de Atletismo descreve a mecânica obrigatória do salto da seguinte maneira: "o salto deve ser feito de tal maneira que o atleta pouse, no primeiro salto, com o mesmo pé com que ele saltou após a corrida; o segundo salto deve pousar com o pé trocado, o qual serve de impulsão para o salto final dentro da caixa de areia".^[18]

Os saltos são invalidados caso o atleta pise na linha de impulsão, que fica no ponto final da tábua de impulsão. A linha é atualmente coberta por plasticina nas competições oficiais, para auxiliar a arbitragem, pois, caso o atleta pise ali, deixará a marca que prova a invalidação do salto.

O salto é medido da borda da linha de impulsão até a primeira (a mais próxima a linha) marcação do corpo do saltador deixada na caixa de areia. Assim como em várias outras modalidades do atletismo, marcas conseguidas com vento a favor superior a 2 m/s não são consideradas para recordes.^[8]

Mecânica e técnica do salto

Recordes

De acordo com a World Athletics.^[11][19]

Homens

Recorde	Distância	Atleta	País	Data	Local
	18,29 m	Jonathan Edwards		7 agosto 1995	Gotemburgo
	18,09 m	Kenny Harrison		27 julho 1996	Atlanta 1996

Mulheres

Recorde	Distância	Atleta	País	Data	Local
	15,74 m (i)	Yulimar Rojas		20 março 2022	Belgrado
	15,67 m	Yulimar Rojas		1 agosto 2021	Tóquio 2020

Melhores marcas mundiais

As marcas abaixo incluem outdoor e indoor (i) de acordo com a World Athletics.^[15][20]

Homens

Posição	Distância	Atleta	País	Data	Local
1	18,29 m	Jonathan Edwards		7 agosto 1995	Gotemburgo
2	18,21 m	Christian Taylor		27 agosto 2015	Pequim
3	18,18 m	Jordan Díaz		11 junho 2024	Roma
4	18,16 m	Jonathan Edwards		7 agosto 1995	Gotemburgo
5	18,14 m	Will Claye		29 junho 2019	Long Beach
6	18,11 m	Christian Taylor		26 maio 2017	Eugene
7	18,09 m	Kenny Harrison		27 julho 1996	Atlanta
8	18,08 m	Pedro Pablo Pichardo		28 maio 2015	Havana
9	18,07 m (i)	Hugues Fabrice Zango		16 janeiro 2021	Aubière
10	18,06 m	Pedro Pablo Pichardo		15 maio 2015	Doha
	18,06 m	Christian Taylor		9 julho 2015	Lausanne
	18,06 m	Will Claye		24 agosto 2019	Paris

Mulheres

Posição	Distância	Atleta	País	Data	Local
1	15,74 m (i)	Yulimar Rojas		20 março 2022	Belgrado
2	15,67 m	Yulimar Rojas		1 agosto 2021	Tóquio
3	15,52 m	Yulimar Rojas		26 agosto 2021	Lausanne
4	15,50 m	Inessa Kravets		10 agosto 1995	Gotemburgo
5	15,48 m	Yulimar Rojas		9 setembro 2021	Zurique
6	15,47 m	Yulimar Rojas		18 julho 2022	Eugene
7	15,43 m (i)	Yulimar Rojas		21 fevereiro 2020	Madri
	15,43 m	Yulimar Rojas		22 maio 2021	Andújar
9	15,41 m	Yulimar Rojas		6 setembro 2019	Andújar
	15,41 m (i)	Yulimar Rojas		2 março 2022	Madri

Melhores marcas olímpicas

As marcas abaixo são de acordo com o Comitê Olímpico Internacional – COI.^[21]

Homens

Posição	Marca	Atleta	País	Medalha	Local
1	18,09 m	Kenny Harrison		ouro	Atlanta 1996
2	17.98 m	Pedro Pichardo		ouro	Tóquio 2020
3	17,88 m	Jonathan Edwards		prata	Atlanta 1996
4	17,86 m	Christian Taylor		ouro	Rio 2016
	17,86 m	Jordan Díaz		ouro	Paris 2024
6	17,84 m	Pedro Pichardo		prata	Paris 2024
7	17,81 m	Christian Taylor		ouro	Londres 2012
8	17,79 m	Christian Olsson		ouro	Atenas 2004
9	17,76 m	Will Claye		prata	Rio 2016
10	17,71 m	Jonathan Edwards		ouro	Sydney 2000
	17,71 m	Pedro Pichardo			Tóquio 2020

* A marca do português Pedro Pichardo (17,71 m) foi conseguida nas eliminatórias de Tóquio 2020.^[22]

Mulheres

Posição	Marca	Atleta	País	Medalha	Local
1	15,67 m	Yulimar Rojas		ouro	Tóquio 2020
2	15,39 m	Françoise Mbango Etone		ouro	Pequim 2008
3	15,33 m	Inessa Kravets		ouro	Atlanta 1996
4	15,32 m	Hrysopiyi Devetzi			Atenas 2004
	15,32 m	Tatyana Lebedeva		prata	Pequim 2008
6	15,30 m	Françoise Mbango Etone		ouro	Atenas 2004
7	15,25 m	Hrysopiyi Devetzi		prata	Atenas 2004
8	15,20 m	Teresa Marinova		ouro	Sydney 2000
9	15,17 m	Caterine Ibargüen		ouro	Rio 2016
10	15,14 m	Tatyana Lebedeva		bronze	Atenas 2004

* A marca da grega Hrysopiyi Devetzi (15,32 m) foi conseguida nas eliminatórias de Atenas 2004. ^[23]

Marcas da lusofonia

País	Masculino	Atleta	Ano	Local	Feminino	Atleta	Ano	Local
	17,98 m	Pedro Pichardo	2021	Tóquio	15,01 m	Patrícia Mamona	2021	Tóquio	[24]
	17,90 m	Jadel Gregório	2007	Belém	14,69 m	Núbia Soares	2018	Sotteville-lès-Rouen	[25]
	16,43 m	António Santos	1988	Annaba	13,49 m	Teresa N'Zola	2002	Angers	[26]:639,777
	16,15 m	Nélson Évora ^1	2001	Braga	11,85 m	Luciliana Évora	2000	Almada	[26]:640,778
	15,76 m	Pedro Noronha	1988	Gaborone	11,85 m	Telma Cossa	2004	Brazzaville	[26]:640,778
	14,73 m	Alberto de Oliveira	2018	Elche	13,31 m	Lecabela Quaresma	2011	Bonneuil-sur-Marne	[26]:641,779
	14,21 m	Catumo Mendes	2011	Dreux	12,49 m	Claudimira Landim	2019	Bedford	[26]:640,778

¹ Na época, Nélson Évora, nascido na Costa do Marfim, representava Cabo Verde, terra natal de seus pais, nas competições de atletismo. Depois de naturalizado português, passaria a competir por Portugal, por onde foi campeão olímpico do salto triplo. Até hoje detém os recordes nacionais de Cabo Verde no triplo e no salto em distância.

Referências

1. Prefeitura de Goiânia. «Conexão Escola SME: Atletismo, saltos.». Consultado em 8 de maio de 2024 
2. «O Atletismo». Federação de Atletismo de Mato Grosso do Sul (FAMS). Consultado em 8 de maio de 2024 
3. Jonathan Silva é único triplista com índice
4. «triplista». Dicionário Aulete. Consultado em 6 de setembro de 2015 
5. Koski, Rissanen & Tahvanainen (2004). Antiikin urheilu. Olympian kentiltä Rooman areenoille. [The Sports of Antiquity. From the Fields of Olympia to Roman Arenas.] Jyväskylä: Atena Kustannus Oy. ISBN 951-796-341-6
6. Adams, Patricia (2006-03-01). History of the Highland Games and Women in Scottish Athletics. ...contained in the Irish "Book of Leinster", which was written in the twelfth century AD...this book describes the Tailteann Games held at Telltown, County Meath from 1829 BC until at least 554 BC...included in these events...were the geal-ruith (triple jump). Clan MacTavish Genealogy and History, 1 March 2006. Retrieved from http://www.dunardry.net/ladies_lounge.html Arquivado em 17 de maio de 2008, no Wayback Machine..
7. «James Connolly». Sportsreference. Consultado em 6 de setembro de 2015 
8. «Triple jump». IAAF. Consultado em 6 de setembro de 2015 
9. «Athletics at the 1996 Atlanta Summer Games: Women's Triple Jump». Sportsreference. Consultado em 6 de setembro de 2015 
10. «Jonathan Edwards». Sportsreference. Consultado em 6 de setembro de 2015 
11. «World Records». World Athletics. Consultado em 28 julho 2022 
12. «honours». IAAF. Consultado em 6 de setembro de 2015 
13. «Da pista para a cátedra». CBAtl. Consultado em 6 de setembro de 2015 
14. «honours». IAAF. Consultado em 6 de setembro de 2015 
15. «All time best». IAAF. Consultado em 6 de setembro de 2015 
16. «honours». IAAF. Consultado em 6 de setembro de 2015 
17. «Pichardo dá ouro a Portugal. "Forma de agradecer ao país que me apoiou"». Diário de Notícias. Consultado em 5 agosto 2021 
18. «IAAF Competition Rules 2012-2013» (PDF). Consultado em 18 de agosto de 2013 
19. «Olympic Games Records». World Athletics. Consultado em 28 julho 2022 
20. «All time best». IAAF. Consultado em 6 de setembro de 2015 
21. «48 PAST OLYMPIC GAMES». OIC. Consultado em 24 de abril de 2013 
22. «TRIPLE JUMP MEN Summary». World Athletics. Consultado em 3 de agosto de 2021 
23. «Athletics at the 2004 Athina Summer Games: Women's Triple Jump Qualifying Round». sports-reference. Consultado em 15 agosto 2024 
24. «Recordes Nacionais». FPA. Consultado em 29 julho 2022 
25. «Recordes Brasileiros». CBAt. Consultado em 26 julho 2022 
26. «National Records Triple Jump» (PDF). IAAF Statistics Handbook. Consultado em 28 julho 2022 

Ligações externas

• «Sítio da IAAF» 
• «European Athletic Association (EAA)» 
• «Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt)» 
• «Federação Portuguesa de Atletismo»