Toro Muerto está localizado próximo da cidade de La Candelaria e a 163 quilômetros da cidade de Arequipa, em uma ravina desértica no Vale de Majes. Este vale servia de rota, entre serra e litoral, para as populações pré-hispânicas, pois era o único local no deserto com umidade permanente por causa de uma fonte de água subterrânea.[1]
O Sítio Arqueológico Toro Muerto abrange uma área de cinquenta quilômetros quadrados, onde dez quilômetros quadrados, na parte central, está a maior concentração de petróglifos.[1][2]
Características
Os petróglifos de Toro Muerto foram gravados profundamente em rochas vulcânicas, utilizando técnicas diversas, uma delas foi a técnica de percussão indireta, utilizando-se dois instrumentos semelhantes ao cinzel e ao martelo. Outra técnica utilizada foi a técnica de raspar.[1][2]
As figuras possuem coloração variando do marrom escuro quase preto ao sépia claro e branco cremoso, com diversas representações de figuras humanas, zoomórficas, formas geométricas e cruzes.[1]
Figuras humanas:
Homens com cabeças de troféus ou gargantas cortadas
Homens com cocares em forma de penas
Homens com mãos extraordinariamente grande
Homens com figuras serpentinas saindo de suas axilas
Homens com cocares radiantes
Figuras humanas com máscaras ou adornos corporais
Homens vestidos de roupas adornadas com linhas onduladas
Cruz grega com quadrado em seu centro e ponto central no quadrado
Cruz grega com raios internos
Cruz com lâminas terminando em ganchos
Cruzes gregas concêntricos
Figuras geométricas:
Quadrado com círculo dentro
Quadrado com uma cruz dentro cheia de pontos
Círculos unidos por linhas retas
Figuras solares com ponto central
Intervenções arqueológicas
No início da década de 1950, o pesquisador Eloy Linares Málaga e arqueólogo alemão Hans Dietrich Disselhoff descobrem os petróglifos de Toro Muerto. E em 1954, Hans Dietrich Disselhoff o apresentam em uma conferencia na Alemanha e depois o publicou na revista Baessler-Archiv, no ano de 1955. No final dos anos de 1960, Eloy Linares Málaga se proclama o descobridor oficial de Toro Muerto e em suas publicações cita como a data da descoberta o dia 5 de agosto de 1951. Durante esse período, foram tiradas as primeiras fotos documentais, feitos desenhos à mão livre de alguns petróglifos e uma planta da região sul do sítio.[2]
Em 1965, na intervenção arqueológica feita pela Missão Francesa de Paule Barret-Reichlen e seu marido Henry Reichlen, foram encontradas ferramentas de pedra, algumas das quais provavelmente foram usadas para a produção de petróglifos. Essas peças estão guardadas no Musée du quai Branly, em Paris e no Museu Nacional de Arqueologia, Antropologia e História do Peru, em Lima. Também foram registradas 190 rochas com petróglifos na região sul do sítio.[2]
No final dos anos de 1970, o geógrafo e diplomata cubano Antonio Núñez Jiménez fez uma extensa documentação fotográfica de Toro Muerto. Todo o documento deste projeto está atualmente guardado na Fundação Antonio Núñez Jiménez para a Natureza e o Homem, em Cuba.[2]
Em 1998, a sede regional do Instituto Nacional de Cultura em Arequipa elaborou o mapa topográfico detalhado e os limites do sítio foram demarcados, ficando uma área de cinquenta metros quadrados. Foram inventariadas e identificadas em torno de duas mil rochas.[2]
No ano de 2000, Muriel Pozzi-Escot fotografou e documentou 1.151 rochas da região central do sítio. Entre os anos de 2008 e 2016, Daria Rosińska da Universidade de Wrocław, na Polônia, e Luis Héctor Rodríguez Díaz realizaram uma pesquisa referente a paisagem e em alguns elementos culturais como cemitérios, caminhos, locais de descanso e vestígios de canais de irrigação. Ente os anos de 2003 e 2018, o investigador holandês Maarten van Hoek trabalhou na interpretação de alguns motivos da iconografia, na cronologia dos petróglifos e alguns aspectos de sua execução. Entre 2015 e 2016, Karolina Juszczyk do Instituto de Arqueologia da Universidade de Varsóvia, e Abraham Imbertis Herrera da Arquom tica SAC, no Peru, registraram e inventariaram mais 1.650 rochas e foi feito o primeiro ortofotomapa das regiões sul e central do sítio, alguns modelos 3D das rochas gravadas e vários traçados dos petróglifos.[2]
Turismo
Toro Muerto é um ponto turístico da região de Arequipa. Há um Centro de Informações na cidade de La Candelaria, com bilheteria para a compra do ticket de acesso ao sítio. [2]
↑ abcdefghi«Petroglifos de Toro Muerto». Projeto de Pesquisa Arqueológica Toro Muerto. Faculdade de Arqueologia da Universidade de Varsóvia (em espanhol). Consultado em 8 de abril de 2022