O Solar do Unhão e Capela Nossa Senhora da Conceição, ou Casa e Capela da Antiga Quinta do Unhão, ou simplesmente Quinta do Unhão, é um conjunto arquitetônicobrasileiro localizado em Salvador.[1][2] É integrado por um solar (o Solar do Unhão propriamente), pela Capela de Nossa Senhora da Conceição, um cais privativo, fonte, aqueduto, chafariz, senzala e um alambique com tanques.[2][3]
Com o declínio da economia açucareira, o Solar foi arrendado, período em que passou por um processo de relativo declínio. No início do século XIX, a propriedade pertencia a Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, Visconde da Torre de Garcia D'Avila, sendo utilizada como residência urbana da família. Ainda no século XIX, o casarão foi ampliado com a construção do último pavimento. Nas instalações do engenho de açúcar funcionou uma fábrica de rapé, entre os anos de 1816 e 1926, e trapiche, em 1928. A edificação serviu ainda de depósitos de mercadorias destinadas ao porto de Salvador e, mais tarde, serviu como quartel para os fuzileiros navais que serviram na Segunda Guerra Mundial.
Restauração
Lina Bo Bardi, em 1959, foi convidada a fundar e dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia, mas, anteriormente, já havia demonstrado interesse em restaurar o "Conjunto do Unhão" ou "Trapiche Unhão"[8] e, com Martim Gonçalves, diretor da Escola de Teatro da Universidade da Bahia, buscou recursos em São Paulo, junto ao industrial Francisco Matarazzo para recuperar o Solar. Sem conseguir os recursos planejados, passou a investir num modo de incorporar o Conjunto do Unhão ao Museu de Arte Moderna da Bahia que, naquela época, ocupava o espaço do Teatro Castro Alves. Tinham a ideia de construir um teatro experimental, diferentemente do projeto original do teatro.[9]
Em 1962, o governador da Bahia, Juracy Magalhães, colocaria em prática o projeto de construção da Avenida do Contorno, ligando o bairro da Barra ao Comércio, na Cidade Baixa, passando pelo meio do Solar do Unhão.[10] Graças ao engenheiro agrônomo e arquiteto, Diógenes Rebouças, chegou-se a um traçado que não interferiria no conjunto do Solar do Unhão e, com a aprovação e escolha do seu projeto pelo governo baiano, o Solar foi desapropriado para que Lina Bo Bardi o restaurasse e instalasse ali o Museu de Arte Moderna. A obra da avenida do Contorno e o restauro do Solar aconteceram ao mesmo tempo, em agosto de 1962 e, em março de 1963, em menos de um ano, estava praticamente pronto.[9]
Apesar das polêmicas em torno do projeto, levantadas pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), Lina Bo Bardi levou em conta não só as características originais do Conjunto do Unhão, mas também a sua função industrial e agrícola no decorrer do tempo, levando-a a conservar equipamentos como trilhos, monta-cargas e guindastes, mas também azulejos coloniais, e eliminar o que considerava acréscimentos como, por exemplo, uma construção no fundo e nas laterais da igreja, assim como um galpão.[11] O projeto de restauro de Lina Bo Bardi para o Solar do Unhão pode ser considerado precursor no Brasil no quesito conservação de edifícios industriais e sua adaptação a novos usos.[12]
O Museu de Arte Popular do Unhão, não foi pensado como Museu Folclórico, isto é: documentação estética da cultura popular julgada pela 'alta' cultura.
Devia ter sido o Museu de 'Arte' como 'Artes', isto é, o 'fazer', os 'fatos', os acontecimentos do cotidiano.
— Lina Bo Bardi
Características
O solar e da capela, edificações principais do conjunto
↑ abAzevedo, Esterzilda Berenstein (s/d). «Casa e capela da antiga Quinta do Unhão». Heritage of Portuguese Influence/ Património de Influência Portuguesa — HPIP. Consultado em 1 de abril de 2021
↑Zollinger, Carla Brandão (2007). «O Trapiche à beira da baía: a restauração do Unhão por Lina Bo Bardi»(PDF). Docomomo Brasil. Anais do 7º Seminário Docomomo Brasil: O Moderno já Passado, o Passado no Moderno. Reciclagem, Requalificação, Rearquitetura: 2. Consultado em 28 de março de 2021
↑ abZollinger, Carla Brandão (2007). «O Trapiche à beira da baía: a restauração do Unhão por Lina Bo Bardi»(PDF). Docomomo Brasil. Anais do 7ºSeminário Docomomo Brasil: O Moderno já Passado, o Passado no Moderno. Reciclagem, Requalificação, Rearquitetura: 14. Consultado em 28 de março de 2021
↑Zollinger, Carla Brandão. «O Trapiche à beira da baía: a restauração do Unhão por Lina Bo Bardi»(PDF). Docomomo Brasil. Anais do 7º Seminário Docomomo Brasil: O Moderno já Passado, o Passado no Moderno. Reciclagem, Requalificação, Rearquitetura: 12-13. Consultado em 28 de março de 2021
Andrade Junior, Nivaldo Vieira de. Metamorfose Arquitetônica: intervenções projetuais contemporâneas sobre o patrimônio edificado. Orientadora: Esterzilda Berenstein de Azevedo. 2006. 351 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal da Bahia (Ufba), Salvador, 2006. Disponível em: https://cecre.ufba.br/sites/cecre.ufba.br/files/metamorfose_arquitetonica.pdf Acesso em: 1 abr. 2021
Azevedo, Esterzilda Berenstein. Casa e capela da antiga Quinta do Unhão. Heritage of Portuguese Influence/ Património de Influência Portuguesa — HPIP. Disponível em: https://hpip.org/pt/heritage/details/1176 Acesso em: 1 abr. 2021
Carvalho Ferraz, Marcelo (2018). Lina Bo Bardi. [S.l.]: Romano Guerra
PAINEL de fechamento Solar do Unhão. Fundação Gregório de Mattos (FGM), Salvador, 25 maio 2017. Disponível em: http://mapas.cultura.gov.br/espaco/11816/ Acesso em 29 mar 2021
Puppy, Suely de Oliveira Figueirêdo. "O museu das Missões e o Solar do Unhão. Lúcio e Lina, entre contexto e modernidade". In: IV Enanparq, Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Porto Alegre, julho. 2016. Disponível em: https://enanparq2016.files.wordpress.com/2016/09/s28-06-puppi-s.pdf
Zollinger, Carla Brandão. "O Trapiche à beira da baía: a restauração do Unhão por Lina Bo Bardi". In: Anais do 7º Docomomo Brasil: o Moderno já passado, o passado no moderno. Reciclagem, Requalificação, Rearquitetura. Porto Alegre: out. 2007. Disponível em: http://docomomo.org.br/wp-content/uploads/2016/01/012.pdf