A seca no Uruguai de 2022-2023 é um evento provocado pelo fenómeno de El Niño[1] e agravado pelas consequências da mudança climática, como o aumento da temperatura.[2][3] Ainda que o evento desenvolve-se desde 2018,[4] situação agravou-se desde princípios de 2023,[5] onde mais de 60% do território uruguaio se viu afetado por seca extrema ou severa entre os meses de outubro 2022 e fevereiro de 2023,[6] e as precipitações esperadas entre o mesmo período, estiveram por abaixo da média.[7] Esta seca persistente causou perdas de produção a mais de 1.000 milhões de dólares[8] e complicações no fornecimento de água potável.[9] Para fins de janeiro do 2023, prévio à crise hídrica da zona metropolitana, a seca já afetava a 75.000 pessoas em cinco departamentos do interior do país.[5][7]
resposta à crise, o governo nacional declarou o estado de emergência agropecuária em todo o país em outubro de 2022, com vigência até fins de abril de 2023.[5][6] A seca provocou uma redução do acesso à água potável e perdas para os produtores agrícolas.[7][9]
Uruguai sofreu várias secas nos últimos anos, as mais graves em 2008/09 e 2018.[10][11] Em 2018, a seca causou umas perdas económicas estimadas de 500 milhões de dólares no Uruguai e de 3.400 milhões de dólares na Argentina.[10] A falta de precipitações a princípios de 2023 também causou uma redução significativa na disponibilidade e o acesso ao água no Uruguai, afetando a mais de 75.000 pessoas.[5][7]
Os agricultores do Uruguai têm estado investindo em tecnologia para combater as secas e mitigar seu impacto no rendimento agrícola.[12] Apesar disso, a mudança climática segue afetando à produção agrícola, com previsões de tempo seco até janeiro de 2023.[12][13]
Leva-se desenvolvendo políticas para gerir os riscos climáticos desde princípios da década de 2000, passando de um enfoque de gestão de catástrofes a outro de gestão de riscos.[13] Isto inclui medidas como os sistemas de alerta temporã de fenómenos meteorológicos extremos e a melhora dos sistemas de irrigação para a produção agrícola.[13]
Os incêndios relacionados com a seca têm sido um problema importante em Uruguai desde 2018.[5] A falta de precipitações provocou uma importante redução na disponibilidade e acesso ao água no país, com um 20,51% do território afetado por condições de seca.[5]
As altas temperaturas e a falta de precipitações caracterizam a atual estação estival em Uruguai, na que se repetem os incêndios sobretudo nos bosques.[14] No Parlamento está a debater-se um projeto de lei em matéria florestal que contempla importantes disposições para prevenir estes incêndios.[14]
Muitos agricultores argentinos também têm alterado suas estratégias de semeia devido à estação seca, atrasando a data em que plantam as sementes para esperar a que chova mais.[15]
Em 2017 tomaram-se medidas para abordar a crise do água no país, incluído o estabelecimento de um Plano Nacional do Água.[16] Este plano tem como objetivo garantir o desenvolvimento sustentável e o acesso à água potável para todos os cidadãos.[16] No 2019, o Banco Mundial proporcionou mais de 141 milhões de dólares em empréstimos para apoiar este plano e melhorar a sustentabilidade financeira dos serviços de água e saneamento do Uruguai.[17]
Em outubro de 2022 o Ministério de Agricultura, Bovinos e Pesca (MGAP) declarou estado de emergência agropecuária por um período de 90 dias para todo o país devido às condições de seca.[5]
A falta de precipitações a princípios de 2023 provocou uma redução significativa da disponibilidade e o acesso ao água no país.[5] Este fenómeno teve graves repercussões nas comunidades afetadas, especialmente nas que dependem da agricultura.[7] O governo e as organizações de ajuda proporcionaram assistência aos afetados por esta emergência.[7]
A situação complicou-se ainda mais pelo facto de que mais de 60% do território uruguaio sofreu de seca extrema ou grave em outubro de 2022-janeiro de 2023,[6] o que levou a pedir aos cidadãos que façam um uso razoável do água à medida que diminuem as reservas.[9]
Baseando nos prognósticos sem previsão de precipitações, na segunda-feira 19 de junho do 2023 o presidente da República informou em conferência de imprensa que o governo decretava a emergência hídrica na Área metropolitana de Montevideu, Uruguai, onde reside quase o 60% da população do país.[18]
Durante uma severa seca atravessada durante anos em Cidade do Cabo, África do Sul, a qual atingiu seu momento mais crítico durante o 2018, se cunhou a expressão do "Dia Zero" para referir ao dia em que a cidade ficaria sem água potável. Esta situação sucedeu em Montevideu em junho do 2023, convertendo-se no primeiro caso mundial de uma capital sem água potável no século XXI.[19]
A situação vê-se refletida tanto na imprensa local como estrangeira. No caso local, desde Caras e Caretas, revista semanal uruguaia, fala-se da aprovação na Câmara de Senadores (Uruguai) e na Câmara de Representantes do Uruguai da criação do Fundo de Emergência Hídrica durante a jornada da 5 de julho do 2023,[20] ao igual que no Jornal Diária uruguaio onde também se faz referência à aprovação do fundo de emergência.[21]
Desde a imprensa estrangeira também se fizeram notícias da situação. Por exemplo, da Deutsche Welle tem-se informando o que se tenha decretado a emergência hídrica[22] e desde a CNN em Espanhol se relata que, segundo um especialista consultado, desde o governo: "Não se respondeu adequadamente à crise".[23]