A poluição e a ocupação desordenada das áreas adjacentes, ocorrida principalmente no decorrer do século XX, resultaram em uma tendência a enchentes durante eventos de cheias. Tais situações tentam ser amenizadas mediante projetos de educação ambiental nas escolas da cidade e com obras de drenagem e de abertura de galerias, realizadas principalmente após os anos 2000.
Ocupação das margens e geografia
A urbanização da área da sub-bacia do ribeirão Caladinho teve início na década de 1960, quando ocorreu a ocupação das regiões dos atuais bairros Caladinho e Santa Terezinha II. O nome do curso homenageia a primeira denominação recebida pela atual região central de Coronel Fabriciano, Calado. Anteriormente, na década de 1950, essa área passou por um processo de terraplenagem para a implantação da BR-381 (antiga MG-4).[1] A rodovia cortava a cidade através da Avenida Presidente Tancredo de Almeida Neves, porém o trecho sob concessão federal foi municipalizado após ser transferido para fora do perímetro urbano.[2]
Muitos dos primeiros loteamentos de Coronel Fabriciano estavam situados às margens dos cursos hidrográficos[3][4] e, de maneira geral, a ocupação da área da sub-bacia ocorreu sem planejamento e por vezes irregular, resultando em uma tendência a enchentes durante eventos de cheias.[5][6] A Avenida Tancredo Neves é historicamente um dos pontos mais afetados por alagamentos, associados a deficiências no escoamento da água das chuvas em direção ao ribeirão, apesar de os impactos das precipitações intensas terem sido reduzidos após a realização de obras de drenagem, construção de ramais de coleta de água, abertura de galerias e gabiões entre 2007 e 2008.[7][8][9]
O ribeirão foi severamente corrompido pelo lançamento de esgoto sem tratamento em sua calha urbana.[13] Em 2004, começou a ser estudada a construção de uma estação de tratamento de esgoto (ETE), que a princípio estaria situada entre os bairros Mangueiras e Santa Terezinha II e atenderia à demanda dos cursos hidrográficos da cidade. No entanto, o projeto foi interrompido devido ao temor de odores por parte dos moradores dessa região. Nos anos seguintes foram instaladas as redes coletoras e interceptores, mesmo sem uma posição consolidada sobre a localização da ETE.[14]
Somente em 2019 foi autorizada a operação de uma estação de tratamento no bairro Limoeiro, em Timóteo, com a intenção inicial de atender a 165 mil habitantes de ambas as cidades.[15] Apesar do início do tratamento das águas residuais, o despejo irregular de lixo e entulho nas margens do manancial também pode ser observado em alguns trechos, intensificando a contaminação do leito.[5][16] Além disso, sua cabeceira foi utilizada clandestinamente para a construção civil, sendo que após 300 metros as águas já são consideradas como fora dos parâmetros do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), não podendo ser consumida e ter contato evitado.[5] Ainda assim, há uma considerável quantidade de pessoas, inclusive crianças, que utilizam as águas para irrigação de hortaliças, para a coleta de material reciclável ou mesmo para o lazer.[5]
Durante o período chuvoso, que normalmente vai de outubro até abril, as áreas mais baixas são afetadas pelas enchentes.[5] Além do recebimento de poluentes, impactos como assoreamento e danos à biodiversidade também foram registrados no curso do ribeirão.[5] Há locais demarcados como áreas de proteção permanente (APPs), muitos dos quais sofreram ocupações.[11] A prefeitura realiza regularmente a capina, limpeza e a remoção do entulho em espaços públicos e disponibiliza "ecopontos" pela cidade para o descarte de restos de construção, móveis e galhadas, porém o despejo em lugares indevidos é feito pela própria população.[17] Para amenizar esse quadro, recorrentemente são realizados projetos de educação ambiental nas escolas da cidade ou que envolvam a população em geral, ministrados tanto pela prefeitura quanto por instituições ambientais.[18]
Final da canalização do ribeirão Caladinho no campus do Unileste
Descarte irregular de lixo e entulho na margem do ribeirão no bairro Universitário
Assoreamento no ribeirão entre os bairros Aparecida do Norte e Universitário
Trecho assoreado do ribeirão Caladinho no bairro Universitário
↑Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (16 de novembro de 2011). «Sinopse por setores». Consultado em 16 de novembro de 2015
↑ abAssessoria de Comunicação (1 de fevereiro de 2012). «Áreas de Proteção Permanente (APPs)»(PDF). Prefeitura. Consultado em 16 de novembro de 2015. Arquivado do original(PDF) em 3 de março de 2016
Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste) (agosto de 2014). «Região Metropolitana do Vale do Aço - diagnóstico final (volume 1)»(PDF). Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI). 1: 1–269. Consultado em 16 de novembro de 2015. Arquivado do original(PDF) em 3 de março de 2016
Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste) (agosto de 2014). «Região Metropolitana do Vale do Aço - diagnóstico final (volume 2)»(PDF). Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI). 2: 270–494. Consultado em 16 de novembro de 2015. Arquivado do original(PDF) em 17 de novembro de 2015