Rede egocêntrica

Rede egocêntrica. Nó em vermelho é denominado ego e nós azuis alters.

Em análise de redes sociais, uma rede egocêntrica (em inglês personal network ou ego-centered network[1]) é uma rede formada em torno de um indivíduo em particular, consistindo de seus contatos imediatos. O indivíduo em questão é denominado de ego e seus contatos imediatos de alters. Redes egocêntricas são comumente obtidas através de questionários, entrevistas, ou ambos conduzidos diretamente junto aos participantes. Além disso, geralmente constroem-se diversas redes egocêntricas obtidas de diferentes egos da população do estudo em questão.

Estudos de redes egocêntricas geralmente não revelam a estrutura da rede completa, uma vez que o objeto de estudo são regiões locais menores da rede[1]. Esses estudos normalmente preocupam-se com propriedades locais da rede social, utilizando como ponto de partida indivíduos com características de interesse. Entretanto, também é possível inferir informações da rede social completa quando levam-se em conta diversas redes egocêntricas extraídas da rede original, mesmo que uma vez juntas, não necessariamente formem a rede completa[2]. Esta abordagem é especialmente útil quando analisar a rede completa é impraticável devido a limitações computacionais.

Coleta de dados

Existem basicamente duas maneiras de obter redes egocêntricas[3]:

  • Projetando: quando um projeto de pesquisa tem como ponto de partida perguntas referentes a indivíduos em particular, redes egocêntricas podem ser construídas diretamente a partir da coleta de dados. Por exemplo, quando um questionário gerador de nomes é distribuído para uma amostra de estudantes para analisar laços de amizade entre os participantes, a resposta de cada estudante pode ser usada diretamente na construção de uma rede egocêntrica.
  • Derivando: quando uma rede completa pode ser obtida, redes egocêntricas podem ser derivadas da rede original realizando uma filtragem nos dados. Por exemplo, quando obtêm-se uma rede a partir de uma mídia social (como Facebook ou Twitter), pode-se criar redes egocêntricas selecionando usuários com características de interesse para o estudo.

Em qualquer caso, uma decisão importante a ser tomada é definir a vizinhança da rede egocêntrica, ou quantos contatos o ego pode atingir.

Níveis

Redes egocêntricas propagam-se em níveis[4]. Uma rede nível 1.0 é constituída do ego e seus alters imediatos, cuja distância máxima é 1. Formalmente, trata-se de um grafo estrela.

Uma rede nível 1.5 é análoga a uma rede nível 1.0, porém sabe-se quais dos alters estão conectados entre si, mas não incluem-se conexões com outros nós, exceto se estes já estão presentes como alters do ego. Em outras palavras, além da estrutura básica do nível 1, existem conexões entre os alters.

Uma rede nível 2.0 inclui todos os nós que estão a uma distância 2 do ego. Isto é, todas as características dos níveis anteriores são incluídas além da presença dos contatos imediatos dos alters.

Da esquerda para direita: rede egocêntrica nível 1.0 (distância máxima entre ego e alters é 1), 1.5 (alters possuem conexões), e 2.0 (distância máxima entre ego e alters é 2).

O processo de aumentar uma rede egocêntrica do nível 1.0 para o 2.0 é um caso particular de um processo de amostragem mais geral em análise de redes chamado snowball sampling. A ideia por trás desta técnica, semelhante a uma busca em largura, consiste em:

1. Selecionar um conjunto de indivíduos (ou apenas um, no caso de redes egocêntricas). Este conjunto é chamado de núcleo.

2. Pedir aos indivíduos do núcleo que identifiquem a quais indivíduos estão conectados. Esta etapa irá gerar um conjunto de indivíduos cuja distância do núcleo é 1.

3. Repetir a etapa 2 com o novo conjunto de indivíduos (i.e. pedir aos indivíduos de distância 1 do núcleo que identifiquem a quais indivíduos estão conectados, o que irá gerar um conjunto de indivíduos cuja distância do núcleo é 2).

4. Continuar repetindo a etapa 3 até que se obtenha uma amostra do tamanho de interesse.

Referências

  1. a b Newman, Mark (2018). Networks. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-880509-0 
  2. Golbeck, Jennifer (2013). Analyzing the Social Web. [S.l.]: Elsevier. ISBN 978-0-12-405531-5 
  3. Chen, Bodong (2017). «Applied Social Network Analysis in Education». Applied Social Network Analysis in Education - Bookdown. University of Minnesota 
  4. Cook, James (2017). «Lecture 5: Thinking about Ego Networks». COM/SOC 375: Social Networks at UMA. University of Maine at Augusta 

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