Pari (bairro)

 Nota: Para o distrito de mesmo nome, veja Pari. Para outros significados, veja Pari.
Pari
Bairro de São Paulo
Marginal Tietê, o Estádio do Canindé e o bairro.
Imigração predominante Portugal Portugal
 Itália
 Bolívia
Líbano
Síria Síria
Distrito Pari
Subprefeitura Mooca
Região Administrativa Sudeste

O Pari é um bairro localizado na zona central/leste de São Paulo, pertencente ao distrito homônimo, administrado pela Subprefeitura da Mooca. Faz fronteira com bairros importantes como Brás e Belenzinho, e está próximo à Marginal Tietê, o que facilita o acesso a diversas regiões da cidade. Sua localização estratégica é uma das características que contribuem para seu desenvolvimento e atratividade.[1] Uma área do bairro tombada pela Prefeitura em 2022, devido ao valor urbanístico e histórico.[2][3]

Histórico e origem do nome

Rua Barão de Ladário e a Igreja St. Antônio do Pari
Paróquia Santo Antônio do Pari
Paróquia Santa Rita de Cassia
Traçado do bairro, grafado na época como Pary, Mapa Oficial da cidade em 1929.
Planta dos Terrenos a Vender na Chácara Bresser e Ruas do Pary e do Braz. (grafia da época), 1899.

No início, para apanhar os peixes, os colonizadores europeus haviam aprendido uma técnica indígena de envenenar a água com timbós ou tinguis. Porém, o veneno causava danos ao rio e, em 1591, o governo local proibia a técnica, com pena de quintos réis, no Tamanduateí.[4] Com a proibição, os pescadores passaram a colocar em certos pontos do rio uma armadilha chamada "pari": Era uma cerca de taquara ou cipó, estendida de lado a lado para pescar peixes.[5] No caso, eles eram pescados principalmente nos rios Tietê e Tamanduateí, que ficavam próximos e eram rios piscosos, próprios para a instalação de "paris". Daí nasceu o nome do bairro: Pari. O bairro é um dos primeiros núcleos urbanos da cidade, formado por imigrantes que trabalhavam nas indústrias e no comércio local.[1]

A história do Pari remonta ao final do século XVI, quando começou a se formar como um pequeno povoado essencialmente habitado por pescadores. A localização entre dois rios importantes fez do Pari um local ideal para a pesca, atividade que foi crucial para a subsistência dos primeiros habitantes e para o crescimento inicial da cidade de São Paulo. O nome "Pari" tem uma origem interessante e está diretamente ligado à atividade pesqueira. Os peixes vendidos no centro da então Vila de São Paulo eram pescados principalmente nos rios Tietê e Tamanduateí, que possuíam locais piscosos e adequados para a pesca. Com o passar dos anos, o Pari evoluiu de um simples povoado de pescadores para um bairro urbano com infraestrutura completa. [6] A pesca era a principal atividade dos primeiros moradores da região.[7][6]

O Pari é um bairro antigo do município de São Paulo, cravado entre os rios Tamanduateí e Tietê. Formou-se em fins do século XVI, constituído essencialmente por pescadores, seus habitantes eram formados por índios, portugueses e mamelucos.[1] Situado em uma região de alagamentos, Pari foi uma parte importante para a sobrevivência e o crescimento da cidade durante seus primeiros séculos, enquanto a alimentação dos moradores era resultado da pesca.[1]

Em 1867, foi inaugurado, pela São Paulo Railway, um pátio ferroviário denominado Pari, hoje erradicado, que auxiliava nas manobras e na estocagem dos materiais que não podiam permanecer na Estação da Luz, possuindo também uma pequena estação de embarque e desembarque de mercadorias. Porém, apesar do nome, o pátio situava-se fora do atual distrito, entre as atuais ruas São Caetano, Monsenhor Andrade, Mendes Caldeira e a Avenida do Estado, no Brás. O Largo do Pari, logradouro da confluência da Avenida do Estado com a Rua Santa Rosa e, por aí, é uma das áreas mais importantes pela sua história.

Com o passar do tempo, o Pari evoluiu para se tornar uma área com intenso comércio e uma grande concentração de indústrias.[1] Fez com que a regiao do Alto do Pari fosse desenvolvida devido a carência de terrenos.[7] O loteamento do bairro ocorreu de forma gradual, inicialmente com a construção de moradias populares e, mais tarde, com o desenvolvimento de edifícios residenciais e comerciais. A proximidade com o centro e com importantes eixos de transporte urbano acelerou esse processo de urbanização.[1]

Além disso, a região é conhecida como um "bairro doce" de São Paulo, devido à presença de muitos estabelecimentos que fabricam ou vendem doces.[8][9]

No início do século XX, a cidade de São Paulo, passa por um intenso processo de urbanização e a vinda de um grande fluxo de imigrantes europeus. O Pari por ser um bairro operário, recebe grandes contingentes de italianos, espanhóis, portugueses e gregos, nesse período os imigrantes italianos, nos fins de semana, ocupavam a praça Padre Bento, para cantar e dançar a "tarantela". Para tentar acabar com os constantes transbordamentos nos arredores do rio Tamanduateí, a prefeitura mandou, em 1908, solevar uma grande extensão da várzea do rio. Foram cobertos com dois metros de terra as planícies do Brás, passando por Pari, até a Mooca. [10]

Colorado do Brás, escola de samba do bairro no sambódromo

O Colégio Bom Jesus iniciou suas atividades em 3 de fevereiro de 1919, com o nome de Escola Parochial José de Anchieta, por iniciativa de Frei Olivério Kraemer, Franciscano, vigário da Paróquia Santo Antônio na época. Prestou um grande serviço a comunidade, ensinando gratuitamente milhares de filhos de imigrantes operários. No início, ensinava crianças de 6 a 10 anos em um pequeno espaço na rua Maria Marcolina. Em Setembro de 2013 o colégio anuncia o encerramento de suas atividades educacionais. Em 19 de Outubro de 2013, moradores da região, estudantes e alunos protestam contra o fechamento do mesmo e reivindicam o tombamento do prédio pertencente ao colégio que possuía 94 anos de existência. No ano seguinte em 2014 algumas instalações que pertenceram ao Colégio foram derrubadas para dar lugar a um centro comercial. Conhecido por Colégio Santo Antônio do Pari, foi administrado pela rede Bom Jesus de ensino até o dia de seu fechamento oficial.[11] Na década de 1940, sírios e libaneses passam a integrar o bairro multi-étnico.[12][13]

Nos anos 60, assim como toda a região central de São Paulo, o Pari passou por um processo de degradação e esvaziamento populacional, na década de 1980 o bairro passou a abrigar um grande contingente da colônia coreana e, a partir da década de 1990 o bairro começa a receber um grande número de imigrantes bolivianos. Nos últimos anos do século o bairro mudou seu perfil urbano, e suas antigas fábricas passaram a ser substituídas por novos empreendimentos residenciais.[1]

Atualidade

Comércio ambulante no bairro e no Brás.
Aquarella Pari, edifícios residenciais

Atualmente o bairro do Pari é conhecido como um dos maiores polos da indústria de confecções do país, sendo visitado diariamente por consumidores vindos de diversas regiões do Brasil e até do exterior, para adquirir confecções e produtos de vestuário nas centenas de lojas que comercializam tanto no atacado como no varejo,[14] localizadas principalmente nas ruas Silva Teles, Maria Marcolina, Oriente entre outras, se estendendo até o bairro do Brás, formando com o comércio deste bairro vizinho um único centro comercial.[1][15] O bairro é classificado pelo CRECI como "Zona de Valor D", assim como outros bairros da capital: Casa Verde, Carandiru e Brás.[16]

Administrativamente é parte da Zona Sudeste de São Paulo e está localizado imediatamente a leste do centro histórico da cidade, na Subprefeitura da Mooca. Essas informações destacam a evolução do Alto do Pari de um simples povoado de pescadores para um bairro industrial e comercialmente ativo, mantendo ainda uma tradição na produção de doces.[1] O bairro e o Alto do Pari são tombados pela Prefeitura devido ao urbanismo e história.[7] O distrito é atendido pela Linha 1 do Metrô de São Paulo que passa dentro de seus limites, embora não haja nenhuma estação ali. Porém, quem frequenta o distrito pode se utilizar da estação Armênia, que fica a três quarteirões do Estádio do Canindé, por exemplo. Futuramente o distrito será atendido também pela nova Linha 19 Celeste do Metrô, na estação Pari (apesar que a estação não ficara dentro dos limites do bairro, e sim no bairro do Brás).[17]

A paróquia Santo Antônio do Pari foi fundada no dia 2 de fevereiro de 1914, por dom Duarte Leopoldo e Silva, e seu primeiro pároco foi o português Frei José Rolim. Proprietário de terrenos no bairro, Arthut Vautier, vendo o esforço e o trabalho de Rolim, doou um terreno para a construção de uma igreja. A matriz de Santo Antônio do Pari começou a ser construída em agosto de 1922 e foi entregue à população em 13 de junho de 1924. Na madrugada de 14 de junho de 2006, um incêndio destrói uma das torres e a totalidade da ala direita da igreja. A igreja passou por um processo de restauração.[1]

É importante por sua localização estratégica, funcionando como uma zona de transição entre a área fortemente comercial do Brás.[7] O bairro serve como um ponto de conexão para trabalhadores e comerciantes, influenciando a dinâmica econômica local. Além disso, a diversidade cultural dos residentes enriquece a vida comunitária e social do bairro.[1]

Bibliografia

  • Villaça, Flávio (1998). Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel. pp. 107–108 
  • Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 8573592230 
  • SILVA, Renato da Costa (2018). Transformações urbanas e sociais no bairro do Pari em São Paulo Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 15, n. 1 ed. São Paulo: ANPUR. pp. 45–67 
  • LIMA, Fernanda Souza (2016). O bairro do Pari e sua relação com a imigração árabe em São Paulo Revista de História Regional, v. 10, n. 2 ed. São Paulo: Universidade Estadual de Ponta Grossa. pp. 78–95 
  • ALMEIDA, João Pedro (2019). Dinâmicas comerciais no bairro do Pari: um estudo sobre o comércio popular Revista Brasileira de Geografia Econômica, v. 12, n. 3 ed. São Paulo: IBGE. pp. 33–50 
  • PEREIRA, Marcos Antônio (2015). A formação histórica do bairro do Pari e sua importância para a cidade de São Paulo Revista História e Sociedade, v. 8, n. 2 ed. São Paulo: UNESP. pp. 55–72 
  • SANTOS, Carla Regina (2020). O Pari como espaço de diversidade cultural e econômica Revista Brasileira de Sociologia Urbana, v. 14, n. 1 ed. São Paulo: ANPOCS. pp. 67–89 

Referências

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