A cantiga foi publicada no ano de 1926 pelo etnógrafo português Edmundo Correia Lopes no seu Cancioneirinho de Foz Coa.[1][2] Em 1939 outro etnógrafo português, Luís Chaves, na Revista Lusitana, estudou a composição, destacando o seu "estribilho animador" e as evidências de castelhanismos.[1]
De facto, a primeira quadra é uma tradução da conhecida trova espanhola:
Los pastores de Belén Todos juntos van por leña, Para calentar al Niño Que nació la Nochebuena.[3]
O último verso, que em português se traduz como: "Que nasceu na noite de Natal", foi adaptado, segundo Edmundo Correia Lopes por analogia a conjuntos como lentejuela e lentejoila, como "noite boina".[2]
A segunda quadra, por sua vez, não apresenta castelhanismos óbvios, mas reproduz um tema bem conhecido em Espanha, tome-se como exemplo a seguinte quadra:
La Virgen estaba lavando Y tendiendo en el romero, Los pajaritos cantaban Adoremos el misterio.[4]
A Virgem estava lavando E estendendo no rosmaninho[Nota 1] Os passarinhos cantavam Adoremos o mistério.
Estes pastores recolhem lenha pelo caminho para aquecer o recém-nascido que nasceu pobre e numa noite fria. Contudo, são advertidos a não queimar o rosmaninho, uma planta que, segundo a tradição ibérica, foi abençoada por Maria com poderes medicinais por ter servido de estendal à roupa do seu filho.[4]
Os pastores, em Belém,
Todos juntos vão à lenha,
Pra aquecer o Deus Menino,
Que nasceu na noite boina.
Vamos a Belém, a Belém, a Belenzinho,
Vamos a Belém adorar o Deus Menino.
Pastores, que andais à lenha,
Não queimais o rosmaninho,
Que é donde a Virgem 'stendia
Os cueiros do Menino.
Vamos a Belém, a Belém, a Belenzinho,
Vamos a Belém adorar o Deus Menino.[1]
↑ abcdeChaves, Luís (1939). Revista Lusitana: O Natal no folclore e na arte popular. 37 1 ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora. p. 92
↑ abLopes, Edmundo Arménio Correia (1926). Cancioneirinho de Fozcoa. Contribuição para a história e crítica da música do povo português 1 ed. Coimbra: Imprensa da Universidade. p. 215
↑Hare, Augustus John Cuthbert (1873). «Navarre and Arragon». Wanderings in Spain. With Seventeen Illustrations (em inglês) 1 ed. Londres: Strahan and Co. p. 19
↑ abCaballero, Fernán (1855). «VIII». La estrella de Vandalia. cuadro de costumbres (em espanhol) 1 ed. Madrid: Imprensa de Antonio Andrés Babi. p. 69-70. 135 páginas
↑ abPaula de Castro; Miguel Azguime, et al. «Primeira Cantata do Natal». Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa. Consultado em 7 de agosto de 2015A referência emprega parâmetros obsoletos |coautores= (ajuda)