A Operação Contragolpe é uma investigação iniciada pela Polícia Federal do Brasil em 19 de novembro de 2024, com autorização do Supremo Tribunal Federal, para apurar crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado que visava impedir a posse de Lula e Geraldo Alckmin, eleitos presidente e vice-presidente do Brasil em 2022. O grupo investigado, composto por militares das Forças Especiais do Exército e um policial federal, teria planejado assassinatos e sequestros de autoridades, utilizando técnicas militares e terroristas. A operação foi conduzida com base em decisão do ministro Alexandre de Moraes, que apontou a "extrema periculosidade" dos envolvidos.
Em 21 de novembro, a Polícia Federal do Brasil indiciou 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto, e o ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid, pelos crimes de abolição violenta do estado democrático, golpe de Estado e organização criminosa.[1][2]
Em 11 de dezembro, a Polícia Federal do Brasil indiciou mais três pessoas no inquérito do golpe de Estado, somando 40 pessoas no total. Todas são militares.[3]
Detalhes da operação
A investigação revelou indícios de que o grupo planejava monitorar e assassinar Alexandre de Moraes, Lula e Geraldo Alckmin, mais uma quarta pessoa que se especula que seja Flávio Dino,[4][5] utilizando métodos como envenenamento, tiros e explosivos.[6] Entre os suspeitos presos estavam quatro militares do Exército Brasileiro conhecidos como "kids pretos" e um policial federal (PF). Um dos quatro militares, o general de brigada Mario Fernandes, havia sido secretário-executivo, segundo posto mais importante da Secretaria-Geral da Presidência, quando o também general Luiz Eduardo Ramos comandou a pasta, e chegou a assumir interinamente como ministro em meio às trocas promovidas por Bolsonaro no setor.[7][8][9] Segundo o despacho do STF, o plano envolvia o uso de veículos oficiais do Batalhão de Ações de Comandos para monitoramento e ações de inteligência contra os alvos.[10]
De acordo com a PF, a organização era composta por cinco núcleos operacionais: ataques virtuais contra opositores, deslegitimação de instituições como o STF e o TSE, planejamento do golpe de Estado, oposição às medidas sanitárias da pandemia de Covid-19 e desvio de recursos públicos. A PF destacou que o grupo iniciou o monitoramento das autoridades após uma reunião na casa do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto em novembro de 2022.[11] O ajudante de ordens Mauro Cid teria oferecido R$ 100 mil para financiar o plano de assassinato.[12]
Entre os planos cogitados estava a eliminação simultânea de Lula e Alckmin, com o objetivo de extinguir a chapa vencedora das eleições de 2022. Para isso, considerava-se o uso de substâncias químicas para provocar colapsos orgânicos, aproveitando a vulnerabilidade de saúde de Lula. O grupo admitia a possibilidade de mortes dos próprios envolvidos durante as operações, demonstrando disposição para ações extremas em prol do golpe de Estado.[13]
Em 2 de dezembro de 2024, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, autorizou a transferência para o Comando Militar do Planalto, em Brasília, do general de brigada Mário Fernandes e do tenente-coronel Rodrigo Bezerra, acusados de planejar um golpe de Estado.[14] Em 4 de dezembro, o ministro Alexandre de Moraes também autorizou a transferência para Brasília do tenente-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima, um dos militares presos na Operação Contragolpe.[15]
Em 14 de dezembro de 2024, o general Braga Netto foi preso pela PF sob a acusação de ter sido o mentor do planejamento do golpe, sob os comandos de Jair Bolsonaro, e responsável por dar respaldo ao plano.[16]
Em 30 de dezembro de 2024, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, suspendeu as visitas ao tenente-coronel Rodrigo Bezerra, um dos militares investigados por suposta tentativa de golpe de Estado. A decisão do ministro ocorreu após a irmã do militar esconder equipamentos eletrônicos numa caixa de panetone. Na tarde do dia 28 do mesmo mês, a irmã do tenente-coronel tentou entrar com fone de ouvido, cabo USB e cartão de memória no Batalhão de Polícia do Exército (BPEB), onde o tenente-coronel Rodrigo Bezerra está em prisão preventiva.[17][18]
Repercussão
Além de ampla repercussão na mídia e em redes sociais, o caso repercutiu na mídia internacional.[19][20] Governistas deram amplo apoio à operação[21], mas aliados de Bolsonaro, incluindo seus filhos Flávio Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro amenizaram o caso, tratando-o como "cortina de fumaça" e tentativa de atacar a reputação de Jair Bolsonaro. Ambos também chegaram a colocar em dúvida se o planejamento dos crimes poderia ser considerado, em si, um crime.[22][23][24]
Em 21 de novembro, a imprensa internacional repercutiu o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas por cometerem uma tentativa de golpe de Estado no Brasil.[25] Em 27 de novembro, a imprensa internacional também repercutiu a quebra do sigilo do relatório da PF sobre a tentativa de golpe no país.[26]
Lista de indiciados
A PF indiciou 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. Posteriormente, em dezembro de 2024, mais 3 nomes foram adicionados à lista, levando a um total de 40 pessoas:[27][28]
Ver também
Referências
- ↑ César Tralli, Vinícius Cassela, Gustavo Garcia, Marcelo Parreira e Mariana Laboissière (21 de novembro de 2024). «Veja quem é quem na lista dos indiciados pela PF por suposta tentativa de golpe de Estado». G1. Consultado em 27 de novembro de 2024
- ↑ César Tralli (21 de novembro de 2024). «PF indicia Bolsonaro, Braga Netto, Heleno, Ramagem, Valdemar e mais 32 em inquérito sobre tentativa de golpe». G1. Consultado em 27 de novembro de 2024
- ↑ Márcio Falcão (11 de dezembro de 2024). «Polícia Federal indicia mais 3 pessoas no inquérito do golpe de Estado; total vai a 40». G1. Consultado em 11 de dezembro de 2024
- ↑ «Veja os apelidos de Lula, Alckmin e Moraes no plano golpista investigado pela PF». Estadão. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «'Jeca', 'Joca' e 'Juca', os codinomes usados no plano golpista para se referir e Lula, Alckmin e 'eminência parda' da esquerda». O Globo. 19 de novembro de 2024. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «'Envenenamento, tiro ou artefato explosivo': os detalhes do plano golpista». UOL. 19 de novembro de 2024. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «Ex-ministro interino de Bolsonaro, general imprimiu no Planalto plano para matar Moraes, Lula e Alckmin, diz PF». O Globo. 19 de novembro de 2024. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «PF prende policial e quatro 'kids pretos' em ação sobre tentativa de golpe e plano para matar Lula, Alckmin e Moraes em 2022 | Blog da Camila Bomfim». G1. 19 de novembro de 2024. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «Ex-ministro interino de Bolsonaro é um dos presos em ação da PF por planejar assassinato de Lula». Estadão. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «Kids pretos: quem são militares presos por planejar matar Lula e golpe de Estado». BBC News Brasil. 19 de novembro de 2024. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «PF diz que plano de execução de Lula e Alckmin foi discutido na casa de Braga Netto em 2022 | Blog da Andréia Sadi». G1. 19 de novembro de 2024. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «Mauro Cid ofereceu R$ 100 mil para plano de assassinato de Lula e Moraes». ICL Notícias. 19 de novembro de 2024. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «Militares queriam assassinar Lula, Alckmin e Moraes e monitoraram passos de autoridades, diz PF; veja detalhes da investigação | Política». G1. 19 de novembro de 2024. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ Fernanda Vivas e Fábio Amato (2 de dezembro de 2024). «Moraes autoriza transferência de dois 'kids pretos' envolvidos em trama golpista para prisão militar em Brasília». G1. Consultado em 4 de dezembro de 2024
- ↑ Fernanda Vivas (4 de dezembro de 2024). «Moraes autoriza transferência para Brasília de mais um 'kid preto' envolvido em trama golpista». G1. Consultado em 4 de dezembro de 2024
- ↑ «PF prende Braga Netto». G1. 14 de dezembro de 2024. Consultado em 14 de dezembro de 2024
- ↑ Márcio Falcão (30 de dezembro de 2024). «Após Exército achar equipamentos eletrônicos em panetone, Moraes suspende visitas a 'kid preto' investigado por golpe». G1. Consultado em 31 de dezembro de 2024
- ↑ Gilberto Costa (30 de dezembro de 2024). «Irmã tenta levar equipamento eletrônico a tenente-coronel preso». Agência Brasil. Consultado em 31 de dezembro de 2024
- ↑ Ionova, Ana (19 de novembro de 2024). «Lula Was Target of Assassination Plot, Brazilian Police Say». The New York Times. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «'Revelações são mais sérias até aqui nas investigações sobre plano de golpe': o que disse imprensa internacional sobre esquema para matar Lula». G1. 20 de novembro de 2024. Consultado em 20 de novembro de 2024
- ↑ «Governistas reagem à operação da PF sobre tentativa de golpe; veja o que dizem». UOL. 19 de novembro de 2024. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ estadaoconteudo. «Para aliados de Bolsonaro, investigação da PF sobre tentativa de golpe é 'cortina de fumaça'». Terra. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ Portela, Júlia (19 de novembro de 2024). «'Repugnante', diz Flávio Bolsonaro sobre prisão de suspeitos de matar Lula». Correio Braziliense. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «Eduardo Bolsonaro critica prisão de militares e cita perseguição». www.folhape.com.br. Consultado em 19 de novembro de 2024
- ↑ «'Relógio começa a correr': Indiciamento de Bolsonaro repercute na imprensa internacional». G1. 21 de novembro de 2024. Consultado em 22 de novembro de 2024
- ↑ «'Retrato assustador', 'Bolsonaro não era um mero observador': como a imprensa mundial noticiou o relatório da PF sobre a tentativa de golpe». G1. 27 de novembro de 2024. Consultado em 27 de novembro de 2024
- ↑ «Nota à imprensa – PF divulga lista de indiciados na investigação que apurou golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito». Polícia Federal. 21 de novembro de 2024. Consultado em 22 de novembro de 2024
- ↑ «Polícia Federal indicia mais 3 pessoas no inquérito do golpe de Estado; total vai a 40». G1. 11 de dezembro de 2024. Consultado em 11 de dezembro de 2024
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