Foram encontrados alguns vestígios da época romana na freguesia, tendo sido o local de passagem da antiga estrada militar de Antonino Pio, como indicado por um marco miliário descoberto por André de Resende.[3] Outros vestígios daquele período incluem alicerces de edifícios, fragmentos de cerâmica, moedas, mosaicos, silos e sepulturas.[3]
Num documento de 1308, foram descritas as várias doações de herdades da freguesia de Odivelas ao clérigo régio João Moniz, sendo um dos documentos mais antigos relativos a Odivelas.[3]
Durante o reinado de D. João IV, no século XVII, foi construída uma ponte em Odivelas, que sofreu obras de remodelação durante o reino de D. Luís.[4] Destaca-se principalmente pelas suas dimensões, em comparação com as outras pontes na região,[4] pela resistência da sua estrutura, e pela sua coesão artística.[3]
Um das figuras mais ilustres na história da freguesia foi Luís Cerdeira, um padre que entrou para a Companhia de Jesus em 1633 e ensinou nas universidades de Évora e Coimbra, tendo falecido em 1684.[3]
Odivelas, juntamente com a freguesias de Torrão e Santa Margarida do Sado, fez parte do extinto Concelho do Torrão, que em 1801 tinha 2413 habitantes e pertencia à então Comarca de Setúbal, na Província da Estremadura. Nesta altura a freguesia tinha 185 residentes.[5] Quando estava no termo do Torrão, a freguesia de Odivelas foi um dos curatos da apresentação na Mesa da Consciência e Ordens.[6]
Já em 1849, este concelho torranense já estava desagregado, com as freguesias de Odivelas e do Torrão a serem integradas no Concelho de Alvito, no Distrito de Beja, pertencente à Província do Alentejo. No mesmo distrito, o então Concelho de Ferreira (do Alentejo) acolhia a freguesia de Santa Margarida do Sado. Neste ponto, foram contabilizados 233 habitantes na freguesia de Odivelas.[7] Fez ainda parte do concelho de Alcácer do Sal antes de integrar o de Ferreira do Alentejo.[3] Apesar de não ser uma das freguesias originais de Ferreira do Alentejo, é uma das mais antigas no concelho.[3] A obra Portugal: Diccionario Historico, Chorographico, Heraldico, Biographico, Bibliographico, Numismatico e Artistico, publicada em 1911, refere que a povoação tinha 145 fogos e 605 habitantes, e que dispunha de uma escola para o sexo feminino e uma estação postal.[8] Em termos económicos, relata que a «terra é fértil, sobretudo em cereaes. Cria muito gado de toda a qualidade, principalmente suino, que exporta».[8]
Em meados do século XX fazia parte da comarca de Cuba.[9] Nessa altura, a freguesia possuía uma escola primária e um serviço de correio, subordinado à estação postal de Ferreira do Alentejo.[9] A freguesia também pertenceu à comarca de Évora.[6]
Na década de 1970, foi construída a Barragem de Odivelas, que permitiu um grande desenvolvimento na produção agrícola, principalmente de arroz, tomate e melão.[4] Em 1970, apresentava uma população de 1079 habitantes, em 313 fogos.[6] Em 1981, a freguesia tinha 896 habitantes em 465 fogos.[10]
Em Março de 2011, a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo equacionou a transferência temporária de várias extensões de saúde do concelho, incluindo a de Odivelas, para o centro de saúde de Ferreira do Alentejo, por «não ser possível a prescrição electrónica de medicamentos». Esta decisão foi criticada pelo município e pelas juntas de freguesia, que acusaram aquele órgão de querer encerrar as unidades.[11] De forma a impedir o seu encerramento, as extensões de saúde do concelho, incluindo a de Odivelas, foram munidas com os equipamentos necessários para a instalação do sistema de prescrição electrónica de medicamentos.[12]
Em 2013, foi inaugurado o Centro Cultural de Odivelas, num investimento de cerca de 800 mil euros, que foi comparticipado por fundos comunitários, ao abrigo do programa InAlentejo.[13] Em 5 de Março de 2018, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve nas barragens do Roxo e de Odivelas, para verificar os impactos da falta de chuva sobre a região.[14] Em Julho de 2020, o secretário de Estado do Planeamento, José Gomes Mendes, visitou o Parque Agro-Industrial do Penique, em Odivelas, no âmbito do seu percurso pelo concelho de Ferreira do Alentejo.[15]
Em 2001, a freguesia apresentava uma área de 108.6 Km², e contava com 692 pessoas, com um densidade populacional de 6.4 habitantes por Km².[4] Nesse ano, existiam 444 edifícios, e 205 núcleos familiares na freguesia.[4]
A aldeia localiza-se na margem esquerda da Ribeira de Odivelas, estando situada a cerca de 12 km de Ferreira do Alentejo e 35,3 de Beja.[9]
Os lugares na freguesia são Monte das Caneiras Grandes, Monte das Faias, Monte do Rio Seco da Estrada e Monte do Rio Seco Novo.[9]
Cultura
O orago da freguesia é Santo Estêvão.[4] A festa de Santo Estêvão em Odivelas é feita habitualmente no terceiro fim de semana de Julho.[18]
O artesanato é baseado principalmente na produção de cestas alentejanas em junco.[carece de fontes?].
Economia
As atividades económicas de Odivelas são a agricultura e pecuária, exploração de diorito em pedreiras, e restauração, hotelaria e comércio.[4] Existe pelo menos uma unidade hoteleria, a albergaria O Gato, de quatro estrelas, com restaurante anexo,[19] e o parque de campismo Markádia, na Barragem de Odivelas.[20]
Ordenação Heráldica
Ordenação Heráldica do Brasão de Odivelas: Armas: Escudo de azul, penhasco de prata, realçado de negro, movente da ponta; em chefe, um melão de ouro entre duas flores de girassol. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas: “ ODIVELAS – FERREIRA DO ALENTEJO “.
Simbologia
O melão e as flores de girassol: Representam os produtos da agricultura local.
O penhasco: Representa a actividade da extracção de pedra, nas pedreiras da freguesia.
BASTOS, Hélder; FREITAS, Marta; et al. (2004). História das Freguesias e Concelhos de Portugal. Col: História das Freguesias e Concelhos de Portugal. Volume 7 de 18. Matosinhos: Quidnovi - Edição e Conteúdos, S.A. 143 páginas. ISBN989-554-155-4 !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link) !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
SARAMAGO, Alfredo (2007). Livro-Guia do Alentejo. Lisboa: Assírio e Alvim. 727 páginas. ISBN978-972-37-1290-2
↑Portugal de Norte a Sul pela Mítica Estrada Nacional 2. Col: Guias de Destinos. Santa Comba Dão: Foge Comigo!, Lda. 2018. p. 495. 507 páginas. ISBN978-989-99947-1-3