Esta cantiga tradicional de Cardigos surge publicada pela primeira vez em 1921 pela mão de Francisco Serrano na sua obra Romances e Canções Populares da Minha Terra com o nome "Os Reis Magos" e o incipit "Partiram os três Reis Magos". Trata-se do resultado de uma recolha de canções tradicionais do concelho de Mação, no distrito de Santarém.[1] A letra é bastante extensa e principia com um típico romance tradicional relatando a adoração dos Reis.[1]
A publicação de Serrano foi utilizada como fonte pelo compositor português Fernando Lopes-Graça. Este, harmonizou a melodia e truncou a letra, resultando deste trabalho uma nova versão com o nome de "Moradoras desta casa" que o foi incluída na sua Primeira Cantata do Natal organizada entre os anos de 1945 e 1950.[2]
Letra
A letra, tal como foi publicada por Francisco Serrano, é divisível em 3 conjuntos. As quadras iniciais são parte do tradicional "Romance dos três Reis Magos", de seguida duas outras indicam as "intenções", ou seja qual o objetivo das esmolas, neste caso o peditório é realizado em nome das almas do purgatório. As três últimas quadras, as únicas utilizadas na versão de Fernando Lopes-Graça, são o peditório. Os cantadores populares pedem esmolas às habitantes (casadas ou solteiras) da casa visitada.
Romance
Intenção
Peditório
Partiram os três Reis Magos Das bandas do Oriente, Pra visitar o Menino, Jesus Cristo Omnipotente.
Espírito Santo Divino E a corte celestial, Vamos pedir para as almas Que elas nos hão de ajudar.
Moradoras desta casa Aquelas que são casadas, Ouvi os nossos descantes, Vinde dar-nos janeiradas.
Foram a casa de Herodes Perguntar qual o caminho Que melhor os conduzisse Até junto do Menino.
A Virgem da Piedade Ouviu chorar e gemer As almas do Purgatório Que em penas estavam a arder.
Moradoras desta casa Aquelas que são solteiras, Ouvi os nossos descantes, Vinde dar-nos as janeiras.
Herodes por ser malvado Por promessas do malino Mandou ensinar aos Reis Às avessas o caminho.
Não vos pedimos fazendas Nem tampouco as riquezas, Pedimos só as migalhas Que sobram das vossas mesas.[1]
↑ abcdSerrano, Francisco (1921). Romances e Canções Populares da Minha Terra 1 ed. Braga: Tip. a electricidade de A. Costa & Matos
↑ abPaula de Castro; Miguel Azguime, et al. «Primeira Cantata do Natal». Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa. Consultado em 7 de agosto de 2015A referência emprega parâmetros obsoletos |coautores= (ajuda)
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