Michelangelo Antonioni (Ferrara, 29 de setembro de 1912 — Roma, 30 de julho de 2007) foi um cineasta italiano.
Graduou-se em economia na Universidade de Bolonha. Chegando a Roma em 1940 estudou no Centro Sperimentale di Cinematografia na Cinecittà, onde conheceu alguns dos artistas com quem acabou cooperando nos anos futuros; entre eles Roberto Rossellini.
Carreira
O primeiro grande sucesso de Antonioni foi L'avventura (1960). que foi seguido por La notte (1961) e L'eclisse (1962), que compreendem uma trilogia sobre o tema da alienação. Seu primeiro filme colorido Il deserto rosso (1964), também explora temas modernistas da alienação, e junto com os três filmes anteriores, forma uma tetralogia. A atriz Monica Vitti apareceu nos quatro filmes da tetralogia, atuando em papéis de mulheres desconexas que lutam para se ajustar ao isolamento da modernidade. O seu primeiro filme em inglês, Blowup (1966), foi também um grande sucesso. Embora ele tenha enfrentado o difícil tema da impossibilidade da percepção objetiva das coisas, o filme teve boa recepção popular, parcialmente devido a sua sexualidade explícita pelos padrões da época, e também por causa da atriz Vanessa Redgrave. Zabriskie Point (1970), seu primeiro filme rodado nos Estados Unidos, teve menos sucesso, mesmo com a inclusão de uma trilha sonora composta de artistas populares como a banda Pink Floyd (que compôs músicas especialmente para o filme), Grateful Dead, e os Rolling Stones. The Passenger (1975), estrelado por Jack Nicholson, também não obteve sucesso.
Em 1985, um acidente vascular-cerebral deixou-o parcialmente paralítico e quase impossibilitado de falar. No entanto, ele não encerrou suas atividades e, ajudado por seu amigo Wim Wenders, realizou Além das Nuvens em 1995. Nesse mesmo ano, é premiado com um Oscar pelo conjunto da sua obra. Seu último filme Eros, de 2004, foi realizado juntamente com Wong Kar-Wai e Steven Soderbergh, quando Antonioni tinha 92 anos.
Antonioni vem a falecer em 30 de julho de 2007, aos 94 anos, no mesmo dia em que falece Ingmar Bergman.[1] Encontra-se sepultado no Cimitero della Certosa, Ferrara, Emília-Romanha na Itália.[2]
Referências
Ele se descrevia como um intelectual marxista, mas alguns autores[quem?] colocam algumas dúvidas em relação a sua real adesão às ideias do Marxismo. Em contraste com os seus contemporâneos, incluindo os neo-realistas e também Federico Fellini, Ermanno Olmi e Pier Paolo Pasolini, cujas histórias geralmente tratavam da vida da classe trabalhadora e a rejeição e incompreensão da sociedade, os filmes mais notáveis de Antonioni mostravam a elite e a burguesia urbana. Porém, ao contrário do que alguns críticos[quem?] dizem, os seus filmes descrevem os personagens ricos como pessoas vazias e sem alma, ao invés de romantizar esses personagens. La notte descreve a desintegração de um casal rico que não consegue conviver em harmonia; L'avventura descreve a história de uma mulher que se perde durante uma luxuosa viagem de iate, e do seu noivo e sua melhor amiga que mantêm uma relação sexual enquanto procuram por ela, mas são incapazes de se amar mutuamente; Blowup descreve o mundo superficial de um fotógrafo de moda dos anos 60, que no final do filme se mostra indiferente quando chamado a denunciar um possível crime. De um modo similar, Zabriskie Point é interpretado como a uma crítica do capitalismo americano, e, por outro lado condescendente com os hippies, descrevendo de forma simpática o seu desejo de fuga. Os filmes de Antonioni também mostram a beleza das paisagens, como no deserto da Califórnia em Zabriskie Point, ou as ilhas rochosas em L'avventura, mas o objetivo não é apenas nos impressionar com a qualidade visual do seu trabalho, mas também descrever a arrogância das "almas perdidas" que em vão tentam impor a sua finitude sobre uma natureza inflexível e sublime. Novamente, apesar dos críticos, os filmes de Antonioni dissecam os ricos de forma cruel com uma reprovação de fundo marxista, mesmo enquanto a sua câmera mostra uma certa fascinação pelas belas coisas da classe rica.
Estilo
O diretor Ingmar Bergman uma vez disse que admirava alguns dos filmes do Antonioni por serem desinteressados e algumas vezes visionários. Os seus filmes tendem a ter muito poucos planos e diálogos, e muito do tempo é gasto em longas e lentas sequências, como uma sequência contínua de dez minutos em The Passenger, ou muitas cenas em La notte que mostram uma mulher simplesmente vagando silenciosamente pela cidade a observar outras pessoas. Seus filmes são repletos de beleza visual e da captação perfeita da alienação dos personagens.
Filmografia
Prémios e nomeações
- Recebeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Realizador, por "Blowup" (1966).
- Recebeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Argumento Original, por "Blowup" (1966).
- Ganhou um Óscar Honorário em 1995, em reconhecimento à sua carreira no cinema.
- Recebeu uma nomeação ao BAFTA de Melhor Filme, por "L'avventura" (1960).
- Recebeu uma nomeação ao BAFTA de Melhor Filme Britânico, por "Blowup" (1966).
- Ganhou um Prémio especial em 1993 no European Film Awards, em reconhecimento à sua carreira no cinema.
- Ganhou o Prémio Bodil de Melhor Filme Europeu, por "Passageiro - Profissão: Repórter" (1975).
- Ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, por "Blowup" (1966).
- Ganhou duas vezes o Prémio do Júri no Festival de Cannes, por "L'avventura" (1960) e "L'eclisse" (1962).
- Ganhou o Prémio do 35º Aniversário no Festival de Cannes, por "Identificazione di una donna" (1982).
- Ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim, por "La notte" (1961).
- Ganhou o Prémio FIPRESCI em 1961, no Festival de Berlim, em reconhecimento à sua carreira no cinema.
- Ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, por "Deserto Vermelho" (1964).
- Ganhou o Leão de Prata no Festival de Veneza, por "As Amigas" (1955).
- Ganhou duas vezes o Prêmio FIPRESCI no Festival de Veneza, por "Il deserto rosso" (1964) e "Par Dela Les Nuages" (1995).
- Ganhou um Leão de Ouro honorário no Festival de Veneza, em 1983.
- Ganhou o Grand Prix Especial das Américas, no Festival de Montreal, em 1995.
- Ganhou o Prémio FIPRESCI de Curta-Metragem no Festival de Valladolid, por "Lo Sguardo di Michelangelo" (2004).
Referências
Ligações externas
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