Os Matis, autodenominadosMushabo ("os tatuados", de musha, tatuagem' + -bo, partícula indicativa de plural) ou Deshan Mikitbo ("gente que está a montante"), são um grupo indígena falante de uma língua Pano que habita o sudoeste do estado brasileiro do Amazonas (mais precisamente, na Terra Indígena Vale do Javari, região do alto Solimões), nas proximidades da fronteira do Brasil com o Peru. O nome "matis" foi dado por não índios a um grupo que se autodenominava matses. Matses é, também, a autodenominação de um outro povo cultural e linguisticamente muito próximo aos Matis: os Matsés ou Mayoruna. Isto porque a palavra significa "ser humano" ou "pessoa", podendo, também, ser utilizada para designar o conjunto de parentes de um indivíduo.[1]
No final dos anos 1970, época dos primeiros contatos dos matis com não índios, o grupo era constituído por centenas de pessoas. Em 1983, eram apenas 87 indivíduos. Nesse período, foram duramente atingidos por várias epidemias que se espalharam pela região, afetando especialmente crianças e idosos. Os sobreviventes, traumatizados, reagruparam-se em torno do Posto da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) às margens do rio Ituí, em busca de remédios. Passado alguns anos, as roças começaram a produzir normalmente, alguns rituais ressurgiram e houve um aumento populacional significativo. Atualmente, os Matis não vivem mais em uma única aldeia e, assim, retomam, de modo tímido, o antigo padrão de ocupação territorial dispersa. Segundo a Fundação Nacional de Saúde, em 2010, a população Matis era constituída por 390 indivíduos.[1]
Os Matis colaboraram com a FUNAI na frente de atração dos Korubo e, até hoje, são os principais tradutores e intermediários entre os Korubo e os não índios.[2] Em 2014/2015, no entanto, um conflito entre os matis e os corubos resultou na morte de dois matis e sete a quinze corubos.[3]
Referências
↑ abcPovos Indígenas no Brasil. "Matis". Por Hilton Nascimento. Centro de Trabalho Indigenista (CTI), abril de 2008.
↑MILANEZ, F. Guerra e Omissão. Carta Capital. São Paulo. Editora Confiança. 25 de novembro de 2015. p. 64,65.
Ligações externas
Minha vida entre os Matis. Depoimento da antropóloga gaúcha Barbara Arisi, que viveu nove meses com os Matis. Instituto Humanitas - Unisinos, 9 de novembro de 2009.