Em Matemática, métrica é um conceito que generaliza a ideia geométrica de distância. Um conjunto em que há uma métrica definida recebe o nome de espaço métrico.
Dado um conjunto S {\displaystyle \mathbb {S} } , uma métrica em S {\displaystyle \mathbb {S} } é uma função
que possui as seguintes propriedades:
para todos os x , y ∈ S {\displaystyle x,y\in \mathbb {S} } .
para todos os elementos x , y {\displaystyle x,y} de S {\displaystyle \mathbb {S} } .
No âmbito da relatividade, ao espaço-tempo está associada uma pseudométrica, já que para dois pontos diferentes o quadrado da "distância" (aqui entendida como o comprimento da geodésica entre dois pontos distintos) pode ser zero para pontos distintos e mesmo negativa.
No conjunto dos números reais, a métrica usual é dada por:
No conjunto R n {\displaystyle \mathbb {R} ^{n}} várias métricas podem ser definidas, por exemplo:
No conjunto das funções contínuas no intervalo [ a , b ] {\displaystyle [a,b]} , C 0 [ a , b ] {\displaystyle C^{0}[a,b]} :
Em um conjunto S {\displaystyle \mathbb {S} } qualquer, a métrica discreta:
As bolas abertas de raio r {\displaystyle r} e centro x {\displaystyle x} em um espaço métrico S {\displaystyle \mathbb {S} } são denotadas por:
Analogamente, as bolas fechadas de raio r {\displaystyle r} e centro x {\displaystyle x} em um espaço métrico S {\displaystyle \mathbb {S} } são denotadas por:
Seja ‖ . ‖ {\displaystyle \|.\|} uma norma em um espaço S {\displaystyle \mathbb {S} } , então pode-se definir uma métrica neste espaço por:
Os axiomas da métrica serão automaticamente satisfeitos.
A todo espaço métrico está associado, de forma canônica, um espaço topológico. Este espaço pode ser definido de várias maneiras equivalentes.
Seja τ d ⊂ ℘ ( S ) {\displaystyle \tau _{d}\subset \wp (\mathbb {S} )} o conjunto
Em outras palavras, todo elemento A de taud é um subconjunto de S em que cada elemento x ∈ A {\displaystyle x\in A\,} é também elemento de uma bola aberta B que é subconjunto de A: x ∈ B ⊆ A ⊆ S {\displaystyle x\in B\subseteq A\subseteq S\,} .
Verifica-se facilmente que τ d {\displaystyle \tau _{d}} é uma topologia sobre S {\displaystyle \mathbb {S} } . Essa é a topologia induzida por d {\displaystyle d} sobre S {\displaystyle \mathbb {S} } .
Note que o conjunto de todas as bolas abertas de S {\displaystyle \mathbb {S} } forma uma base para a topologia τ d {\displaystyle \tau _{d}} .
Por exemplo, a métrica discreta induz a topologia discreta.
Um conjunto é dito limitado se estiver contido em uma bola de raio finito.
Uma seqüência { x n } n = 1 ∞ {\displaystyle \left\{x_{n}\right\}_{n=1}^{\infty }} é dita convergente para uma ponto x {\displaystyle x} se:
Uma seqüência é dita de Cauchy se:
Um espaço métrico é dito completo se toda seqüência de Cauchy é convergente.
Todo espaço métrico admite um completamento, veja espaço completo.
Dadas as métricas d 1 {\displaystyle d_{1}} e d 2 {\displaystyle d_{2}} no mesmo conjunto M {\displaystyle M} , escreveremos, por simplicidade, M 1 = ( M , d 1 ) {\displaystyle M_{1}=(M,d_{1})} , M 2 = ( M , d 2 ) {\displaystyle M_{2}=(M,d_{2})} , B 1 ( a ; r ) {\displaystyle B_{1}(a;r)} igual a bola de centro a e raio r segundo a métrica d 1 {\displaystyle d_{1}} . Usaremos os índices 1 e 2 para distinguir objetos definidos com auxílio das métricas d 1 {\displaystyle d_{1}} ou d 2 {\displaystyle d_{2}} respectivamente.
Consideremos que d 1 {\displaystyle d_{1}} é mais fina que d 2 {\displaystyle d_{2}} , e escreveremos d 1 ≺ d 2 {\displaystyle d_{1}\prec d_{2}} , quando a aplicação identidade i 12 : M 1 → M 2 {\displaystyle i_{12}:M_{1}\rightarrow M_{2}} for contínua. Como i 12 ( x ) = x {\displaystyle i_{12}(x)=x} para todo x ∈ M {\displaystyle x\in M} , a definição de continuidade apresenta a seguinte condição necessária e suficiente para que d 1 {\displaystyle d_{1}} seja mais fina que d 2 {\displaystyle d_{2}} : para todo a ∈ M {\displaystyle a\in M} e todo ϵ > 0 {\displaystyle \epsilon >0} , existe δ > 0 {\displaystyle \delta >0} tal que B 1 ( a ; δ ) ⊂ B 2 ( a ; ϵ ) {\displaystyle B_{1}(a;\delta )\subset {\displaystyle B_{2}(a;\epsilon )}} . Ou seja, d 1 ≺ d 2 ⇔ t o d a b o l a a b e r t a s e g u n d o d 2 c o n t e m u m a b o l a a b e r t a d e m e s m o c e n t r o s e g u n d o d 1 . {\displaystyle d_{1}\prec d_{2}\Leftrightarrow toda\;bola\;aberta\;segundo\;d_{2}\;contem\;uma\;bola\;aberta\;de\;mesmo\;centro\;segundo\;d_{1}.}
Exemplos:
---Proposição: Sejam M 1 = ( M , d 1 ) {\displaystyle M_{1}=(M,d_{1})} e M 2 = ( M , d 2 ) {\displaystyle M_{2}=(M,d_{2})} espaços métricos sobre o mesmo conjunto M {\displaystyle M} . As seguintes afirmações são equivalentes:
---Proposição: A aplicação injetiva f : ( M , d M ) → ( N , d N ) {\displaystyle f:(M,d_{M})\rightarrow (N,d_{N})} é contínua se, e somente se, a métrica d M {\displaystyle d_{M}} é mais fina do que a métrica d 1 {\displaystyle d_{1}} , induzida em M {\displaystyle M} por f {\displaystyle f} .
---Definição: Duas métricas d 1 {\displaystyle d_{1}} e d 2 {\displaystyle d_{2}} num espaço M {\displaystyle M} chamam- se e q u i v a l e n t e s {\displaystyle equivalentes} quando cada uma delas é mais fina do que a outra, isto é, quando a aplicação identidade i 12 : ( M , d 1 ) → ( M , d 2 ) {\displaystyle i_{12}:(M,d_{1})\rightarrow (M,d_{2})} é homeomorfismo. Denotamos por d 1 ∼ d 2 {\displaystyle d_{1}\sim d_{2}} . A relação d 1 ∼ d 2 {\displaystyle d_{1}\sim d_{2}} é reflexiva, simétrica e transitiva.
Exemplo: Duas métricas discretas no mesmo espaço são sempre equivalentes. Se d 1 ∼ d 2 {\displaystyle d_{1}\sim d_{2}} e d 1 {\displaystyle d_{1}} é discreta, então d 2 {\displaystyle d_{2}} é discreta.
---Definição: A fim de que se tenha d 1 ∼ d 2 {\displaystyle d_{1}\sim d_{2}} em M {\displaystyle M} , é necessário e suficiente que qualquer bola aberta em relação a uma dessas métricas contenha uma bola aberta de mesmo centro em relação à outra.
---Proposição: A bijeção f : ( M , d M ) → ( N , d N ) {\displaystyle f:(M,d_{M})\rightarrow (N,d_{N})} é um homeomorfismo se, e somente se, a métrica d M {\displaystyle d_{M}} é equivalente à métrica d 1 {\displaystyle d_{1}} , induzida em M {\displaystyle M} por f {\displaystyle f} .
---Corolário: A aplicação f : ( M , d 1 ) → ( M , d 2 ) {\displaystyle f:(M,d_{1})\rightarrow (M,d_{2})} é contínua se, e somente se , a métrica d f : M {\displaystyle d_{f}:M} x M → R {\displaystyle M\rightarrow \mathbb {R} } , definida por d f ( x , y ) = d ( x , y ) + d 1 ( f ( x ) , f ( y ) ) {\displaystyle d_{f}(x,y)=d(x,y)+d_{1}(f(x),f(y))} é equivalente a d {\displaystyle d} . Em particular, se f : ( M , d ) → R {\displaystyle f:(M,d)\rightarrow \mathbb {R} } é contínua, então a métrica d f ( x , y ) = d ( x , y ) + | f ( x ) − f ( y ) | {\displaystyle d_{f}(x,y)=d(x,y)+|f(x)-f(y)|} é equivalente a d . {\displaystyle d.}
---Proposição: Sejam M 1 = ( M , d 1 ) {\displaystyle M_{1}=(M,d_{1})} e M 2 = ( M , d 2 ) {\displaystyle M_{2}=(M,d_{2})} . As seguintes afirmações são equivalentes:
Em tese:
Obs.: Métricas uniformemente equivalentes são equivalentes.