Por dia útil, cerca de 34 mil pessoas utilizam este sistema, com suas 20 estações em operação e seus 24,1 quilômetros de extensão, interligando a capital cearense, Fortaleza, e as cidades de Maracanaú e Pacatuba, contemplando, assim, parte significativa da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).[1]
A Linha Sul atualmente funciona de segunda-feira a sábado, de 5h30 às 23h, e o tempo de espera pelo trens nas estações é de 17 minutos.[1]
Histórico
Antecedentes
A primeira concessão para a construção de estradas de ferro no Ceará deu-se com um decreto de 1857, em um empreendimento que deveria construir e explorar uma via férrea a qual, partindo de Camocim, seguiria para o Ipu, passando por Sobral. Esse primeiro projeto foi arquivado. Em 1868, foi apresentado um novo projeto para uma linha ferroviária ligando Fortaleza à vila de Pacatuba, com um ramal para a cidade de Maranguape. Mais uma vez não saiu do papel. Só dois anos depois, nasceria o projeto da primeira estrada de ferro construída no Ceará, a Via Férrea de Baturité.[3]
Em 13 de março de 1873, chegavam a Fortaleza as primeiras locomotivas, desembarcadas no trapiche do Poço das Dragas (antigo porto de Fortaleza). O prédio da estação central ainda estava em obras quando recebeu as máquinas a vapor que, sendo arrastadas por tração animal com a afixação de trilhos portáteis, foram transformadas num show de apresentação, ao desfilarem pela Rua da Ponte (Alberto Nepomuceno) e Travessa das Flores (Castro e Silva) até a Praça da Estação. Um novo “espetáculo” aconteceu cinco meses depois, quando a locomotiva “A Fortaleza” rodou cinco vezes, desta vez com os próprios motores, da Estação Central[4] até a parada “Chico Manoel”, no Cruzamento das Trincheiras, atual Liberato Barroso.[3]
O primeiro trecho da ferrovia, ligando o Centro ao Distrito de Arronches (Parangaba), ficou pronto em setembro de 1873, quando, com restrições, uma locomotiva e alguns vagões chegaram, pela primeira vez, a Parangaba. Em seguida, foram inauguradas as estações de Mondubim, Maranguape e Maracanaú (1875) e Monguba e Pacatuba (1876).
O governo imperial encampou a ferrovia em 1878 e estabeleceu algumas mudanças no projeto original, além de ordenar a construção de uma nova estrada ligando o porto de Camocim até Sobral e o início dos estudos para a construção da nova estação central, que seria inaugurada em 1880. O trem chegou a Baturité dois anos depois, em 1882, ainda sob o reinado de Dom Pedro II. Na mesma época iniciava a construção da Estrada de Ferro de Sobral.
Em 1919, as obras de expansão das duas ferrovias cearenses viraria frente de trabalho para os flagelados da grande seca que se abateu sobre a região. As duas estradas de ferro, desde de 1915 unificadas na Rede de Viação Cearense (RVC) passaram a ser subordinadas á Inspetoria Federal de Obras contra a Seca (Ifocs). Em 1920, 12.850 operários estavam envolvidos na construção da ferrovia, inclusive velhos e crianças que pouco podiam ajudar no trabalho. Quando as primeiras maquinas a diesel começaram a operar no Ceará, em 1949, a RVC tinha um total de 86 locomotivas a vapor, todas operacionais. Em 1957 a Rede de Viação Cearense passou a ser um das subordinadas da Rede Ferroviária Federal (RRFSA) e em 1975 foi absorvida.
Primórdios
Em 25 de setembro de 1987, foi iniciada a construção do consórcio do Trem Metropolitano de Fortaleza, por meio de assinatura do Contrato de Constituição do Consórcio entre RFFSA, CBTU e Governo do Estado do Ceará com interveniência da União através do Ministério dos Transportes.[5] Em 1988 o governo do Estado lançou oficialmente o Metrofor, na época o custo inicial previsto era de 290 milhões de dólares, para a reformulação das Linhas Norte (Atual Linha Oeste), e Sul. A construção do projeto dependia da liberação de US$ 180 milhões do governo Japonês e do acordo do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em 1 de abril de 1993 o contrato do consocio formado entre o Governo e o Ministério dos transportes teve se prazo prorrogado por um ano. O segundo, assinado em 29 de março de 1994, também foi prorrogado por mais um ano. Já o terceiro, em 04 de abril de 1995, prorrogou-se por dois anos, com término previsto para 4 de abril de 1997. Em 3 de abril de 1997 foi lavrada a Ata de Encerramento do Consórcio, tendo sido nomeada comissão, com prazo de sessenta dias, para apresentação do relatório de liquidação. Com a extinção do consórcio, surgiram ideias para concepção de uma companhia de metrôs em Fortaleza. Em 2 de maio de 1997, a companhia cearense de transportes metropolitanos, conhecida como Metrofor, foi criada com o objetivo de assumir e modernizar a operação do transporte dos trens metropolitanos de Fortaleza, até então realizada pela CBTU.[5] O consórcio do Trem Metropolitano de Fortaleza foi extinto em 30 de maio de 1997.[5]
Obras e inauguração
Em 1999, iniciou-se a construção da linha Sul, como primeira fase do projeto das novas linhas de metrô da cidade. Seu primeiro trecho subterrâneo começou a ser construído em agosto do mesmo ano. Em 2000 foi erguida a estação São Benedito, a primeira subterrânea na cidade. Em 1 de julho de 2002, a Metrofor assumiu a operação do trem urbano, antes sob controle da CBTU. Em outubro do mesmo ano, houve paralisação das obras. Em março de 2004, houve retomada das obras, após liberação de R$ 10,9 milhões de verbas do governo federal. Em 2005, houve outra redução no ritmo das obras. O governo federal, então, liberou R$ 22 milhões de R$ 61,5 milhões previstos.
Em 2008, devido a construção da Linha Sul do Metrô de Fortaleza, a antiga estação Parangaba teria que sair do local para dar espaço ao metrô. Na época, o então governador Cid Gomes tinha as seguintes opções: fazer uma réplica da estação e transferi-la para outro bairro, custando R$ 214 mil; transladar o prédio para a Praça Central da Parangaba, ao custo de R$ 5,27 milhões; ou construir um memorial no mesmo local, respeitando a estrutura da estação. A solução foi acordada entre Cid e a prefeita de Fortaleza na época, Luizianne Lins: rebaixar a estação por 3,5 metros e elevar a linha do metrô para preservar o equipamento histórico e evitar sua demolição. A obra durou cinco meses, onde foi priorizado a manutenção das estrutura do prédio, bem como seus traços arquitetônicos. O valor de investimento foi de R$ 1.063.324,47. A participação dos moradores do bairro no debate sobre o assunto foi importante para que os executivos acatassem essa decisão. Já em 2010, todas as frentes de serviço passaram a trabalhar simultaneamente.
Em abril, um impasse entre a Prefeitura de Fortaleza e vendedores do "Beco da Poeira", reduto de comércio popular localizado no centro da cidade, foi resolvido e as obras de construção da estação José de Alencar foram iniciadas após a demolição do centro de compras. No inicio de 2011 as primeiras estações foram finalizadas. Com a conclusão da linha, os primeiros testes com Trens Urbanos Elétricos foram iniciados em junho.
Em abril de 2012, as obras civis da Linha Sul foram concluídas em definitivo. Em 15 de junho, o sistema foi inaugurado em operação assistida, com o trecho Carlito Benevides - Parangaba. No dia 28 de setembro, foi inaugurada a segunda etapa, Parangaba - Benfica, juntamente com a primeira estação subterrânea do sistema. O terceiro trecho da linha Sul, Benfica - São Benedito, foi inaugurado no dia 24 de outubro. No dia 28 de julho de 2013 o quarto e último trecho foi entregue com a estação Central-Chico da Silva.
Em outubro de 2015, o sistema completou 1 ano de operação comercial, atingindo o transporte de 4,7 milhões de pessoas.
No dia 15 de maio de 2017, o governador do estado do Ceará, Camilo Santana, formalizou o início de funcionamento da 19ª estação da Linha Sul: Juscelino Kubitschek, localizada na Avenida João Pessoa, no encontro com rua Alagoas, no bairro Damas. Acompanhado por lideranças políticas e imprensa, o chefe do Executivo realizou, no início da manhã, o trajeto de metrô partindo da Estação José de Alencar, no Centro, até a Estação Juscelino Kubitschek, onde participou da solenidade de inauguração do equipamento.[6]
Cronologia
A tabela abaixo foi elaborada como um resumo histórico da Linha Sul, destacando os principais pontos a partir da assinatura do contrato de construção da linha em 1998. A tabela também apresenta a extensão total e o número de estações que a linha apresentava em cada evento listado, até chegar a configuração atual.
Data
Evento
Comprimento (Km) da linha
Número de estações
1º de dezembro de 1998
Assinado contrato de construção da Linha Sul.
-
-
1º de janeiro de 1999
Inicio da construção da Linha Sul.
-
-
1º de janeiro de 2002
Paralisação das obras.
-
-
5 de setembro de 2005
Retomada das obras.
-
-
15 de junho de 2012
Inauguração do primeiro trecho: Carlito Benevides ↔ Parangaba, e inicio da operação assistida.
15 Km
12
29 de setembro de 2012
Inauguração do segundo trecho: Parangaba ↔ Benfica.
20 Km
15
24 de outubro de 2012
Inauguração do terceiro trecho: Benfica ↔ São Benedito.
22 Km
16
18 de julho de 2013
Inauguração do quarto e ultimo trecho: Jose de Alencar ↔ Chico da Silva. A linha atinge sua extensão atual.
24,1 Km
18
1º de outubro de 2014
Inicio da operação comercial, com cobrança de passagens, em toda a linha.
24,1 Km
18
15 de maio de 2017
Inauguração da estação Juscelino Kubitschek.
24,1 Km
19
30 de dezembro de 2022
Inauguração da estação Padre Cícero. A linha chega no número de estações atual.
24,1 Km
20
Dados operacionais
A Linha Sul é um sistema de transporte metropolitano movido a eletricidade. Os trens elétricos – ou TUEs (trens unidade elétrica) – circulam em mão dupla na via que é formada por trechos subterrâneo, de superfície e elevado.
O trecho subterrâneo possui 3,9 km de extensão, ligando a Estação Central-Chico da Silva até altura da Avenida Padre Cícero, no cruzamento com a Avenida José Bastos. Nesse percurso, o metrô percorre o Centro de Fortaleza, o bairro Benfica e parte do bairro Damas. O trecho de superfície é o maior, sendo constituído por 18 km. Outros 2,2 km de via são elevados, compreendendo o trecho entre as estações Couto Fernandes e Vila Pery.
O trecho subterrâneo possui 3,9 km de extensão, ligando a estação Central-Chico da Silva até altura da Avenida José Jatahy, no cruzamento com a Avenida José Bastos. Nesse percurso, com estações construídas com plataforma central, o metrô percorre o Centro histórico e comercial de Fortaleza, o bairro Benfica e parte do bairro Damas. O trecho de superfície é o maior, sendo constituído por 18 km, sendo o primeiro entre as estações Benfica e Couto Fernandes e outro entre as estações Vila Pery até a estação terminal Carlito Benevides no município de Pacatuba. Outros 2,2 km de via são elevados, compreendendo o trecho entre as estações Couto Fernandes e Vila Pery, sendo nesse trecho elevadas as estações Juscelino Kubitschek e Parangaba e constituídas de plataformas laterais. A Linha Sul foi viabilizada por meio de obras de duplicação e eletrificação da antiga Linha Ferroviária Tronco Sul (LTS).[7]
↑[h8ttp://www.ceara.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/20204-metrofor-governo-do-ceara-entrega-19o-estacao-da-linha-sul «Metrofor: Governo do Ceará entrega 19ª estação da Linha Sul»]. Governo do Estado do Ceará. Consultado em 15 de maio de 2017