Em sua juventude, Kabe participou do movimento anti-russo, devido ao qual foi exilado por vários anos. Por isso, só em 1899 ele terminou a faculdade de medicina em Cazã. Ele escreveu vários livros e artigos na área e fundou a Sociedade Polonesa de Oftalmologia. Também era conhecido como fotógrafo amador.
Kabe e o Esperanto
No movimento esperantista, ficou famoso (usando o pseudônimo "Kabe") com Fundo de l' Mizero ("O Fundo da Miséria", em tradução livre), lançado em 1904, uma tradução da obra Dno nędzy do escritor polonês Wacław Sieroszewski. Desde 1906, foi vice-presidente da Academia de Esperanto. Kabe foi durante alguns anos o mais proeminente tradutor para o Esperanto.
As duas principais obras de Kabe são o dicionário Vortaro de Esperanto e o romance La Faraono, tradução de Faraon, do escritorpolonêsBolesław Prus.[2]
O grande mérito de Kabe foi sua influência no que diz respeito à evolução do estilo da prosa em Esperanto. Sua linguagem era clara, simples e livre de idiotismos. Em entrevista à revista Literatura Mondo, Kabe diz que, para se ter um bom estilo, o tradutor para o Esperanto deve conhecer pelo menos três línguas diferentes.[3]
Li mem klarigas tion, en la supre nomita intervjuo, per sia plurlingveco, laŭ li: por havi bonan stilon nepre estas necese koni minimume tri diversajn lingvojn. Ĉi tio nepre estis vera por la unua periodo de la lingvo, kiam Esperanto ne havis ankoraŭ propran spiriton kaj oni ĝin devis krei, sed ĝi pli kaj pli perdas sian signifon per la iom-post-ioma kompletiĝo kaj memstariĝo de la lingvo.
Kabe não teve escritos próprios. De acordo com ele, "a língua (Esperanto) se aproveita muito mais com a tradução do que com a escrita original livre".
Em 1911, Kabe desapareceu de repente do movimento esperantista, sem nenhum comentário a respeito dos motivos. Ele abdicou da sua carreira no Esperanto e tornou-se diretor do Instituto Oftalmológico de Varsóvia. Desde então, ele não se ocupou mais com o Esperanto. Os motivos dessa decisão são obscuros, mas é provável que causas pessoas tenham contribuído (desentendimentos com Antoni Grabowski, Adam Zakrzewski e outros). Após vinte anos, em 1931, numa entrevista à revista Literatura Mondo, ele falou sobre a estagnação do Esperanto e afirmou não considerar tais línguas estagnantes como soluções para um idioma internacional.