Karl Ernst Claus (também Karl Klaus ou Carl Claus, em russo: Карл Ка́рлович Кла́ус; Tartu, 22 de janeiro de 1796 – Tartu, 24 de março de 1864)[1] foi um químico e naturalista alemão-russo de origem germano-báltico. Foi professor da Universidade Estatal de Kazan e membro da Academia de Ciências da Rússia. Conhecido principalmente como químico e descobridor do elemento químico Rutênio, que ele denominou em homenagem à sua terra natal Rutênia,[2][3] e também como um dos primeiros cientistas a aplicar métodos quantitativos em botânica.[4][5][6]
Karl Claus nsceu em 1796 em Dorpat (Tartu), Governorado da Livônia, Império Russo, filho de um pintor. Seu pai morreu quando ele tinha 4 anos de idade e dois anos depois ficou órfão. Em 1810 foi para São Petersburgo e começou a trabalhar como atendente em uma farmácia. Embora não tenha recebido educação formal, aos 21 anos de idade foi aprovado no exame estatal farmacêutico da Academia Médico-Militar S. M. Kirov de St. Petersburg, tornando-se o mais jovem farmacêutico da Rússia na época.[4] Mais tarde em 1826 estabeleceu sua própria farmácia em Kazan.[7][1]
Em 1821 Claus casou com Ernestine Bate, e tiveram três filhas nascidas em Kazan e depois um filho, quando residiam em Tartu.[4]
Botânica
In 1827 Claus envolveu-se como assistente de Eduard Friedrich von Eversmann na pesquisa botânica das estepes dos rios Ural e Volga. Mais tarde usou os dados coletados em sua obra "Flora der Wolgagegenden" (Flora da região do Volga).[7]
Em 1834, enquanto ainda estudando na Universidade de Tartu, Claus partir em outra viagem botânica para as estepes trans-Volga – desta vez com o professor de química Carl Christoph Göbel. Os resultados desta expedição foram publicados em 1837–1838.[7][8]
Química
Em 1828, já com 32 anos de idade, Claus decidiu continuar sua formação na Universidade de Tartu. Durante os estudos, em 1831 começou a trabalhar como assistente no laboratório de química da universidade. Graduou-se em 1835 e obteve um doutorado em 1837, com uma tese sobre fitoquímica analítica ("Grundzüge der Analytischen Phytochemie") na Universidade de Tartu. No mesmo ano inscreveu-se para um cargo acadêmico na Academia Médico-Cirúrgica de St. Petersburg e obteve um cargo da direção do laboratório de química da Universidade Estatal de Kazan. Em 1839 obteve a habilitação, sendo apontado como professor assistente, tornando-se professor pleno de química em 1844.[7]
Rutênio
Em 1840 Claus recebeu uma quantidade substancial de amostras de minério de platina para seus estudos dos Montes Urais e começou a trabalhar na química e no isolamento de metais nobres, em particular ródio, irídio, ósmio e, em menor grau, paládio e platina. Em 1844 ele descobriu um novo elemento químico, que chamou de rutênio, em homenagem a Rutênia, o nome latinizado para Rússia e o nome latino de Rússia de Kiev, pelo qual Сlaus significava o Império Russo e a Rússia em particular.[2][6][9][10] Escolhendo o nome para o novo elemento, ele declarou: "Chamei o novo corpo, em homenagem à minha pátria, de rutênio. Eu tinha todo o direito de chamá-lo por este nome porque o Sr. Osann renunciou ao seu rutênio e a palavra sim ainda não existe na química".[2][11]
Claus conseguiu não apenas isolar o rutênio, mas também determinar seu peso atômico e propriedades químicas. Ele notou a semelhança das propriedades químicas do rutênio, ródio, paládio e platina, e documentou meticulosamente seus resultados. Por esta descoberta recebeu o Prêmio Demidov de 5 000 rublos (que foi de grande ajuda financeira para sua grande família).[4][7] Claus enviou amostras do novo elemento para análise a Jöns Jacob Berzelius, que foi um dos cientistas mais renomados no campo de novos elementos, e assim se tornou conhecido pelos cientistas europeus.[10][12]
Saúde e final de vida
Claus era conhecido por sua atitude negligente em relação à saúde. Em particular, ele frequentemente experimentava seus produtos químicos e novos compostos e testava a força dos ácidos mergulhando um dedo neles e tocando sua língua com eles. Certa vez, ele queimou gravemente a boca ao provar um dos novos compostos de rutênio que havia sintetizado. Quando isolou o tetróxido de ósmio - um produto químico bastante tóxico - ele descreveu seu sabor como adstringente e parecido com a pimenta. Em abril de 1845 foi envenenado por vapores de tetróxido de ósmio e teve que parar de trabalhar por duas semanas.[13] Em 1852 Klaus mudou-se de Kazan de volta para a Universidade de Tartu e assumiu o cargo de professor de farmácia. Morreu em Tartu em 1864.[4][7]
Está sepultado no Cemitério Raadi em Tartu.
Referências
- ↑ a b Berthold Peter Anft, ed. (1957). «Claus, Karl Ernst». Neue Deutsche Biographie (NDB) (em alemão). 3. 1957. Berlim: Duncker & Humblot . pp. 269 et seq..
- ↑ a b c Matthey, Johnson. «The Discovery of Ruthenium». Johnson Matthey Technology Review (em inglês). Consultado em 21 de janeiro de 2021
- ↑ «Origin and meaning of ruthenium». Online Etymology Dictionary. Consultado em 21 de janeiro de 2021
- ↑ a b c d e Клаус, Карл Карлович[ligação inativa] in Волков В.А. et al "Выдающиеся химики мира: Биографический справочник" Moscow, Высш. шк., 1991 (em russo)
- ↑ Oppenheim, Alphons (1876). «Claus, Karl». Allgemeine Deutsche Biographie. 4. 284 páginas
- ↑ a b C. Claus (1845). «Untersuchung des Platinrückstandes nebst vorläufiger Ankündigung eines neuen Metalls». Annalen der Physik und Chemie. 141 (6): 200–221. Bibcode:1845AnP...141..200C. doi:10.1002/andp.18451410606
- ↑ a b c d e f Клаус Карл Карлович Dicionário Enciclopédico Efron & Brockhaus (em russo)
- ↑ "Reise in die Steppen des südlichen Russlands" by F. Göbel, C. Claus und A. Bergman (em alemão)
- ↑ C. Claus (1845). «Entdeckung eines neuen Metalls». Annalen der Physik und Chemie. 140 (1): 192–197. Bibcode:1845AnP...140..192C. doi:10.1002/andp.18451400121
- ↑ a b Pitchkov, V. N. (1996). «The Discovery of Ruthenium». Platinum Metals Review. 40 (4): 181–188. Consultado em 1 de junho de 2009. Cópia arquivada em 9 de junho de 2011
- ↑ «Claus, Karl (1845). "О способе добывания чистой платины из руд".». Горный журнал (Mining Journal) (em russo): 7 (3): 157–163
- ↑ John Emsley (2003). Nature's building blocks: an A-Z guide to the elements. [S.l.]: Oxford University Press. p. 369. ISBN 0-19-850340-7
- ↑ Красицкий В. А. (2009). «Chemistry and chemists: price of the discoveries» (PDF). Chemistry and Chemists (em russo). 5: 22–55