Com a descoberta das jazidas de ouro em Meia Ponte, rapidamente cresceu o número de escravos para trabalharem nestes serviços, além da construção de casas e Igrejas como a Igreja Matriz de Pirenópolis, que apesar de realizar batizados de crianças escravas, a população local não permitia o ingresso de escravos adultos no templo.
Em 22 de dezembro de 1742, o visitador Pe. José F. Vascocellos autorizou a criação da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que em 1743, deu início a construção de sua sede a Igreja do Rosário dos Pretos.[3] Com o andamento das obras na Igreja do Rosário dos Pretos, a Irmandade do Rosário conseguiu a aprovação de seu estatuto em 22 de agosto de 1758, e neste momento, com a estrutura organizada, a Irmandade do Rosário dos Pretos passou a celebrar o Reinado de Nossa Senhora do Rosário , a festa do Rosário dos Pretos naquela igreja, celebrada sempre no primeiro domingo de outubro, a ser realizada solenemente pelo Capelão da Irmandade, ou seja, um dos vigários da Paróquia. Neste momento, inicia-se a parte folclórica da congada, Banda de Couro e demais costumes africanos, tradições que a Irmandade do Rosário mantinha na Igreja do Rosário, folguedos que hoje,são realizados dentro das celebrações da Festa do Divino.[3]
Para fortalecer a presença negra no local, na Igreja do Rosário foi criada a Irmandade de São Benedito, que concentrou grande parcela da população negra de Pirenópolis, sobretudo os escravos.[2] Na igreja do Rosário, a Irmandade de São Benedito era responsável pela manutenção de um dos altares laterais e sempre se fazia presente nos eventos e celebrações da Irmandade do Rosário, além de promover a celebração de missas semanais as quartas feiras,[4] bem como recitação da Ladainha de Nossa Senhora.[4]
Com a demolição da Igreja do Rosário dos Pretos em 1940, aos poucos a Irmandade foi se enfraquecendo até desaparecer de vez em meados de 1990, e hoje, apenas o Reinado é realizado perante a Imagem original de Nossa Senhora do Rosário, uma das poucas peças que restaram da Igreja do Rosário, que atualmente se encontra na Igreja Matriz de Pirenópolis.[2] Muitos dos antigos membros das Irmandades negras, hoje compõem o grêmio da Irmandade do Santíssimo Sacramento a única hoje existente.
CAVALCANTE; Silvio. Barro, Madeira e Pedra: Patrimônios de Pirenópolis. IPHAN, 2019. 352. p.: il.
JAYME, Jarbas. Esboço Histórico de Pirenópolis. Goiânia, Editora UFG, 1971. Vols. I e II.
MORAES, Cristina de Cássia Pereira. Do Corpo Místico de Cristo: Irmandades e Confrarias de Goiás 1736 – 1808. 1ª edição. E-book. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2014.
UNES, Wolney; CAVALCANTE, Silvio Fênix. Restauro da Igreja Matriz de Pirenópolis. Goiânia: ICBC, 2008. 240. p.: il.