Henrique Quirino da Fonseca GoA • GoSE • GoC • MPCG • MOCE (Funchal, 20 de Março de 1863 - Lisboa, 7 de Dezembro de 1939) foi um militar e escritor português.
Biografia
Henrique Quirino da Fonseca nasceu no Funchal, em 20 de Março de 1863.[1]
Alistou-se na Armada Portuguesa em 5 de Novembro de 1888, tendo embarcado na corveta Vasco da Gama em 1889, como aspirante.[2] Em 1893, foi promovido ao posto de Guarda-marinha, e em 1894 registou a sua primeira estação de serviço em África, tendo viajado para Angola a bordo do navio África.[2] Em Angola esteve a bordo de vários navios, tendo alcançado o posto de Segundo Tenente em 1895.[2] Regressou a Portugal nos inícios de 1897, onde exerceu, entre Maio e Novembro daquele ano, como secretário do Governador do Congo.[2] Em 28 de Novembro desse ano recebeu o seu primeiro louvor, pelo comandante do transporte Salvador Correia, pelo seu zelo e disciplina durante o serviço a bordo daquele navio.[2] Voltou a Angola nos finais do ano, para uma nova estação de serviço, onde permaneceu até 1898.[2] Entre Novembro de 1897 e Abril de 1898, comandou pela primeira vez um navio, a canhoneira Cacongo.[2] Nesse ano veio novamente para Portugal, onde ocupou o posto de capitão do Porto de Olhão até 1899.[2] Em 1899 regressou a Angola, onde exerceu como ajudante de campo do Governador-geral de Angola até ao ano seguinte.[2] Recebeu um louvor por parte do comandante da Divisão Naval do Atlântico Sul, por ter feito o levantamento geográfico da Ilha de Luanda, na zona ocupada por aquela divisão.[2] Em 1902, foi promovido a Primeiro tenente, e entre Maio e Outubro de 1904 comandou interinamente o navio-depósito Bartolomeu Dias, e depois foi nomeado para chefe interino do Estado Maior da Divisão Naval do Atlântico Sul.[2] Em 1910, foi destacado para fazer parte de uma comissão que tinha sido criada de escolher os objectos e modelos de valor artístico e histórico que seriam expostos no Museu de Marinha,[2] onde também foi director.[1]
Em 1914 passou ao posto de Capitão-tenente, e em Novembro de 1915, já durante a Primeira Guerra Mundial, iniciou a sua primeira estação de serviço na costa Oriental africana, a bordo do navio Adamastor.[2] Distinguiu-se durante a Batalha de Rovuma, em 1916, tendo recebido a Medalha da Cruz de Guerra.[1] Em 1917 foi promovido a Capitão de fragata, e entre Junho de 1918 e Maio de 1919 exerceu como segundo comandante do Batalhão de Marinha.[2] Em seguida voltou a Portugal, tendo sido nomeado em Março de 1923 para proceder à instalação e organização do museu marítimo, num espaço anexo ao Mosteiro dos Jerónimos.[2] Em Novembro desse ano, foi novamente louvado pela forma como ocupou a posição de chefe da Repartição Central e de Secretaria da Superintendência dos Serviços Fabris da Armada.[2] Entre Maio de 1924 e Junho de 1925, comandou o cruzador República.[2] Foi um dos membros da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa, sob a presidência do general Vicente de Freitas, entre 1926 e 1932, onde se destacou pelas várias obras e outros melhoramentos feitos na cidade.[2]
Também fez parte da comissão que tinha sido formada para organizar a exposição bibliográfica, iconográfica e de outros documentos sobre a história dos Descobrimentos Portugueses e a ciência náutica.[2] Participou igualmente na Conferência Económica Luso-Espanhola, e foi um dos membros de uma comissão para a reforma do Código Penal e Disciplinar da Marinha Mercante.[2]
Em 1930, foi promovido a Capitão de mar e guerra.[2] Em Junho desse ano, atingiu o limite de idade, tendo sido reformado em Julho de 1935.[2] Após a sua reforma, ainda continuou a trabalhar na área dos descobrimentos portugueses, tendo feito parte de uma comissão para escolher os livros da Biblioteca da Marinha a destacar para o Alfeite, e fazer a relação dos objectos a serem transferidos para o museu.[2] Em Março de 1937, foi destacado para dirigir e organizar a Biblioteca da Marinha, função que começou ainda nesse mês.[2] Em 12 de Junho de 1939, foi nomeado para seguir a construção e o aparelhamento da nau São Gabriel, para as Comemorações Centenárias, tendo esta sido a sua última comissão de serviço.[2]
Henrique Quirino da Fonseca exerceu igualmente como escritor, tendo publicado obras em várias áreas, como filologia, romances, história e arqueologia,[2] principalmente sobre o tema das embarcações utilizadas durante os descobrimentos portugueses,[3] tendo participado igualmente numa conferência sobre o assunto.[4] Também foi colaborador na Gazeta dos Caminhos de Ferro.[2] e na Revista de Arqueologia [5] (1932-1938). Era sócio correspondente da secção de história da Academia das Ciências de Lisboa, do Instituto de Coimbra, da Associação dos Arqueólogos Portugueses, da Sociedade de Geografia de Lisboa, e de várias instituições científicas estrangeiras.[2]
Faleceu em 7 de Dezembro de 1939, após uma doença prolongada.[2]
Obras publicadas
- A Obra Colonial de Afonso de Albuquerque (1910)
- A Arquitectura Naval no Tempo de Fernão de Magalhães (1920)
- Os Portugueses no mar: memórias históricas e arqueológicas das naus de Portugal (volume 1) (1926)
- Os Navios dos Descobrimentos e Conquistas (1931)
- História do incidente na Câmara Municipal de Lisboa em 11 de Fevereiro de 1932 (1932)
- A caravela portuguesa, e a prioridade técnica das navegacões henriquinas (1934)
- Um drama no sertão: tentativa da travessia de África, em 1789 (1936)
- Contribuição Portuguesa para os Conhecimentos Geográficos (1936)
- Memórias de Arqueologia Naval
- O Brazão da Cidade de Lisboa
- Memorial de Adjectivos
- O Trincafortes
- Viagens Maravilhosas
- A Caravela
Homenagens
Henrique Quirino da Fonseca foi homenageado com o grau de Comendador na Ordem Militar de Avis em 11 de Março de 1919, tendo ascendido ao grau de Grande Oficial naquela ordem em 5 de Outubro de 1930.[6] Também recebeu os graus de Grande Oficial nas ordens de Santiago da Espada em 7 de Julho de 1930, e de Cristo em 1 de Agosto de 1934.[6]
Foi igualmente premiado com uma Medalha da Cruz de Guerra de 1.ª Classe, uma Medalha de Ouro Comemorativa das Campanhas (com legenda Rovuma - 21, 23 e 27), uma medalha de ouro de Comportamento Exemplar, palmas de ouro de primeira classe da Academia das Ciências de Lisboa, e uma medalha de cobre de Filantropia e Caridade.[2] Também utilizava as insígnias da Torre e Espada, uma vez que a bandeira do seu batalhão durante a campanha do Rovuma tinha sido distinguida com aquela ordem.[2]
Por sugestão do vereador Ivo Cruz parte da Rua Alves Torgo, situada, em Lisboa, entre a Rua António Pereira Carrilho e a Alameda Dom Afonso Henriques, foi renomeada para Rua Quirino da Fonseca, por edital de 26 de Junho de 1956.[1]
Referências