O golpe de Estado na Guiné em 2021 iniciou-se em 5 de setembro de 2021 quando o presidente da Guiné, Alpha Condé, foi capturado após tiroteios na capital do país.[1] Embora tenha havido um comunicado divulgado no início do dia dizendo que um ataque ao Palácio Presidencial havia sido repelido, uma filmagem que parecia mostrar o presidente sendo detido foi divulgada e compartilhada nas redes sociais.[2] O coronel comandante Mamady Doumbouya do Grupo de Forças Especiais do país liderou o golpe de Estado.[3] Os militares anunciaram que suspenderam a constituição, dissolveram o governo e fecharam todas as fronteiras.[3][4]
Um tiroteio começou por volta das 08h00, horário local (GMT), perto do Palácio Presidencial.[5] Testemunhas relataram que os soldados isolaram o bairro de Kaloum, que abriga muitos escritórios governamentais,[6] e que os oficiais disseram às pessoas para ficarem em casa.[7] Enquanto o Ministério da Defesa dizia que o ataque havia sido contido,[8] começaram a surgir fotos de Condé sendo retirado do prédio,[5] e logo depois, vídeos foram postados mostrando o presidente sendo detido por militares guineenses,[5][9] que foram verificados por um alto funcionário da inteligência europeia.[3] Condé teria sido mantido em detenção militar.[10]
O Coronel Mamady Doumbouya logo emitiu uma transmissão na televisão estatal, Radio Télévision Guinéenne, na qual declarou que o governo e suas instituições foram dissolvidos, a constituição anulada e as fronteiras terrestres e aéreas da Guiné fechadas (mais tarde esclareceu que o país estaria fechado por pelo menos uma semana).[7][9][11] Na transmissão, disse que o Comitê Nacional do Reagrupamento para o Desenvolvimento (CNRD) conduziria o país por um período de transição de dezoito meses.[6][8][12] Também pediram aos funcionários públicos que voltassem ao trabalho na segunda-feira, 6 de setembro, e ordenaram que o governo comparecesse a uma reunião às 11h do dia 6 de setembro, para que não fossem considerados rebeldes.[7] Doumbouya, um ex-legionário francês que retornou à Guiné em 2018 para assumir o comando do Groupement des forces spéciales (Grupo de Forças Especiais), uma unidade de elite das forças armadas guineenses, teria sido o instigador do golpe.[5][8]
Depois que o presidente Condé foi deposto, grandes multidões comemoraram a notícia da derrubada na capital e no interior.[3][13][14] À noite, os líderes golpistas anunciaram um toque de recolher nacional a partir das 20h. no dia 5 de setembro "até novo aviso", prometendo substituir os chefes das regiões e prefeituras por comissários militares e substituir os ministros por secretários-gerais na manhã seguinte,[15][14] o que já estaria a acontecer no interior do país.[16][17] Apesar do toque de recolher, saques de lojas ocorreram no distrito governamental durante a noite.[18] Na noite de 5 de setembro, os líderes golpistas declararam o controle de toda Conakry e das forças armadas do país,[14] e, de acordo com Guinée Matin, os militares controlavam totalmente a administração estatal até 6 de setembro e começaram a substituir a administração civil por congêneres militares.[16]
Na manhã seguinte, os golpistas reuniram os ministros do governo e ordenaram que não deixassem o país e entregassem seus veículos oficiais aos militares, enquanto prometiam consultas "para determinar a direção geral da transição", anunciando que um "governo de unidade" iria conduzir tal transição e prometendo "não fazer uma caça às bruxas" enquanto estivessem no poder (embora as datas de transição não tenham sido fornecidas).[18][19] Posteriormente, foram detidos e transportados para a unidade militar próxima.[20] O toque de recolher foi suspenso nas comunidades mineiras na mesma manhã, mas permaneceu intacto no restante do país,[18] e a maioria das lojas ainda estava fechada.[21]
Implicações
Após a notícia do golpe, os preços do alumínio nos mercados mundiais subiram para o valor mais alto em uma década, batendo o recorde estabelecido em 2006 para os mercados chineses em meio a preocupações com o fornecimento de bauxita (a Guiné é um grande produtor de bauxita, a principal fonte de alumínio).[22] Na London Metal Exchange, o alumínio foi negociado por até US$ 2.782 por tonelada.[23]