Furacão Vince (2005)

Furacão Vince
imagem ilustrativa de artigo Furacão Vince (2005)
O furacão as 14:23 UTC de 9 de outubro
Formação 8 de outubro de 2005
Dissipação 11 de outubro de 2005
Vento máximo 65 nó
Vento máximo 75 mph (120 km/h)
Pressão mais baixa 988 mbar (hPa); 29.18 inHg

Fatalidades Nenhuma relatada
Áreas afectadas Região Autónoma da Madeira, sul de Portugal, sudoeste da Espanha
Parte da Temporada de furacões no Atlântico de 2005

O Furacão Vince foi um furacão incomum que se desenvolveu no noroeste do Oceano Atlântico. Ele formou-se em Outubro, durante a Temporada de furacões no Atlântico de 2005, em águas que eram consideradas muito frias para o desenvolvimento de tempestades tropicais. Vince foi o vigésimo ciclone tropical e o décimo-segundo furacão da extremamente activa temporada.

O furacão se desenvolveu de um sistema extra-tropical em 8 de Outubro, tornando-se uma tempestade subtropical a sudeste dos Açores. O Centro Nacional de Furacões (CNF) dos Estados Unidos não nomeou a tempestade até o dia seguinte, pouco antes de Vince tornar-se um furacão. A tempestade foi perdendo força no mar, e em 11 de outubro chegou à Península Ibérica como uma depressão tropical. Vince foi o primeiro sistema tropical a fazê-lo desde o Furacão da Espanha de 1842. Ele se dissipou na Espanha, trazendo chuva, muito necessitada, à região, e sua remanescência seguiu para o Mar Mediterrâneo.

História meteorológica

Caminho da tempestade.

Em 5 de outubro, uma tempestade subtropical operacionalmente não-nomeada que passou despercebida pelo CNF foi absorvida por uma frente temperada de baixa pressão, que estava se movendo pelo sudeste dos Açores. O sistema de baixa pressão ficou mais concentrado no seu centro de circulação e perdeu sua estrutura frontal após absorver a tempestade subtropical. O sistema ainda em desenvolvimento tornou-se uma tempestade subtropical no início do dia 8 de outubro, a 580 milhas (930 quilômetros) sudoeste de Lajes[desambiguação necessária], nos Açores.[1] Contudo, o CNF decidiu nomear o sistema Vince no momento, porque a temperatura da água era considerada baixa demais para o desennvolvimento de ciclones tropicais. A tempestade gradualmente ganhou características tropicais, e tornou-se uma tempestade tropical no dia seguinte. Essa transformação ocorreu quando a temperatura da água estava abaixo de 24 °C (75 °F), mais fria do que os 26.5 °C (80 °F) normalmente necessários para o desenvolvimento de tempestades tropicais.[1]

Logo após tornar-se uma tempestade tropical em 9 de outubro, perto do Arquipélago da Madeira e com um olho já presente,[2] o CNF a nomeou oficialmente como Tempestade Tropical Vince e começou a emitir alertas.[3] No momento, não era certo se Vince era tropical ou subtropical, contudo em uma análise posterior o meteorologista James L. Franklin do CNF concluiu que ele se formara como uma tempestade subtropical e evoluiu para uma tempestade tropical antes de ser nomeado.[1] O olho da tempestade rapidamente solidificou-se, alcançando um diâmetro de 15 milhas (25 kilômetros). Esse aumento foi acompanhado pelo aumento da força do furacão, quando Vince atingiu ventos de 120 km/h, seu pico, e foi classificado como um furacão de categoria 1 na Escala de furacões de Saffir-Simpson. Um meteorologista do CNF decidiu que "se parece com um furacão, provavelmente é, mesmo com ambiente e localização incomuns".[4]

A impressionante organização de Vince como furacão foi muito curta, devido ao cisalhamento do vento que erodiu seu olho em algumas horas.[5] Consequentemente, a tempestade enfraqueceu para uma tempestade tropical logo depois.[6] Um grande cavado aproximou-se da tempestade vindo do noroeste,[5] puxando a convecção para o norte enquanto o centro da tempestade, de baixa pressão, acelerava para leste.[6][7] Em 10 de outubro, duas rajadas de convecção surpreenderam os meteorologistas, contudo a tempestade continuou a perder força, devido a baixa temperatura da água, que atingiu os 22 °C.[8][9] Conforme Vince se aproximou da Península Ibérica, passou a perder força e em 11 de outubro tornou-se uma depressão tropical, pouco antes de alcançar a terra firma próximo à Huelva, na Espanha. A depressão, que movia-se rapidamente, logo dissipou-se no continente.[1] Suas remanescências passaram pelo sul da Espanha, trazendo chuvas para regiões atingidas pela seca, e movendo-se posteriormente para o Mediterrâneo, após passarem por Alicante em 12 de outubro.[2]

Preparação e impacto

Recordes e nomeação

O furacão em 9 de outubro de 2005, próximo às Ilhas Madeira. Para efeito de comparação, a principal ilha das Madeiras (maior ilha na figura) possui cerca de 57 quilômetros de comprimento.

Por mais que o furacão Vince tenha se desenvolvido numa localização incomum no noroeste do Atlântico,[10] distante de onde ciclone tropicais são normalmente encontrados,[1] ele não é nem a tempestade tropical mais setentrional nem a mais oriental já registrada. Esses recordes são detidos pela Tempestade Tropical Alberto, da Temporada de furacões no Atlântico de 1988, que atingiu 41.5° N, e a Tempestade Tropical Ginger, da Temporada de furacões no Atlântico de 1967, que atingiu 18.1° W.[11]

Vince, contudo, desenvolveu-se em um furacão mais a leste do que qualquer tempestade conhecida, em 18.9° W, entretanto foi ultrapassado pelo furacão Pablo em 2019. O Centro Nacional de Furacões também declarou que Vince foi o primeiro ciclone tropical registrado a chegar na Península Ibérica.[1] Entretanto, documentos históricos sugerem a possibilidade de que uma tempestade tropical mais forte, o Furacão da Espanha de 1842, ter atingido a Península Ibérica em 29 de outubro de 1842. Vince também quebrou o recorde de furacão mais setentrional já registrado, entretanto foi ultrapassado pela Tempestade tropical Grace.[12]

Ver também

Referências

  1. a b c d e f James L. Franklin (22 de fevereiro de 2006). «Tropical Cyclone Report: Hurricane Vince» (PDF) (em inglês). Centro Nacional de Furacões. Consultado em 24 de fevereiro de 2012 
  2. a b «'Hurricane Vince' visits southern Spain» (em inglês). Malaga Weather Channel. 13 de outubro de 2005. Consultado em 24 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 14 de julho de 2011 
  3. Richard Knabb (9 de outubro de 2005). «Tropical Storm Vince Discussion Number 1» (em inglês). Centro Nacional de Furacões. Consultado em 24 de fevereiro de 2012 
  4. Knabb (9 de outubro de 2005). «Tropical Storm Vince Discussion Number 2» (em inglês). Centro Nacional de Furacões. Consultado em 7 de março de 2012 
  5. a b Richard Pasch (9 de outubro de 2005). «Tropical Storm Vince Discussion Number 3» (em inglês). Centro Nacional de Furacões. Consultado em 10 de março de 2012 
  6. a b Franklin (10 de outubro de 2005). «Tropical Storm Vince Discussion Number 4» (em inglês). Centro Nacional de Furacões. Consultado em 10 de março de 2012 
  7. Richard Knabb (10 de outubro de 2005). «Tropical Storm Vince Discussion Number 5» (em inglês). Centro Nacional de Furacões. Consultado em 10 de março de 2012 
  8. Richard Knabb (10 de outubro de 2005). «Tropical Storm Vince Discussion Number 6» (em inglês). Centro Nacional de Furacões. Consultado em 22 de setembro de 2012 
  9. Richard Knabb (10 de outubro de 2005). «Tropical Storm Vince Discussion Number 7» (em inglês). Centro Nacional de Furacões. Consultado em 22 de setembro de 2012 
  10. Richard Knabb (9 de outubro de 2005). «Tropical Storm Vince Advisory Number 1» (em inglês). Centro Nacional de Furacões. Consultado em 7 de março de 2012 
  11. «Atlantic hurricane best track (Hurdat)» (em inglês). National Oceanic and Atmospheric Administration. Agosto de 2011. Consultado em 7 de março de 2012 
  12. J. M. Vaquero, R. García-Herrera, D. Wheeler, M. Chenoweth, e C. J. Mock (fevereiro de 2008). «A Historical Analog of 2005 Hurricane Vince». American Meteorological Society. Bulletin of the American Meteorological Society (em inglês). Consultado em 10 de março de 2012 

Ligações externas

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