A Fraternidade Reformada Mundial - FRM (em inglês World Reformed Fellowship) é uma organização cristã ecumênica que promove a união entre igrejas reformadas calvinistas conservadoras ao redor do mundo. O objetivo da organização é a cooperação mutua entre as igrejas membros.[1][2]
A Fraternidade Mundial das Igrejas Reformadas (FMIR) foi formada em 1994, pela Igreja Presbiteriana na América, a Igreja Presbiteriana Nacional do México, e a Igreja Presbiteriana do Brasil e igrejas-membro principalmente dos países da América Latina, Índia, África Oriental e nos Estados Unidos da América.[3] A Fraternidade Reformada International (FRI) foi formada em 1994, também com igrejas reformadas na Coreia do Sul, Indonésia, Taiwan, Japão, e de toda a parte da Ásia.[4]
A Fraternidade Mundial das Igrejas Reformadas e Fraternidade Reformada International se uniram em 24 de outubro de 2000, para formar a Fraternidade Reformada Mundial. A FRM é agora um organismo internacional representada em setenta e cinco países.[5][6]
A Fraternidade Reformada Mundial quer promover o pensamento Reformado, incentivar as igrejas e pessoas para abraçarem o pensamento Reformado, promover a evangelização na tradição reformada e fornecer fórum para o diálogo.[1] Além disso a fraternidade é considerada fundamental para o ressurgimento da cultura calvinista atual nos países de presenta protestante significativa.[7] É semelhante em teologia com a Conferência Internacional das Igrejas Reformadas e mais conservadora do que a Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas.
A FRM tem conselhos regionais, tais como a Fraternidade Latino-Americana de Igrejas Reformadas[8] e uma Conferência Regional Africana.[9] Há um total de 83 denominações membros na irmandade, e 141 organizações membros, a partir de março de 2025.[10]
A IV Assembleia Geral da Fraternidade Reformada Mundial foi realizada em São Paulo, Brasil, no dia 23 de março a 27 de março de 2015.[11][12][13][14][15][16] Na data a Assembleia discutiu sobre o islamismo, a homossexualidade,[17] Abuso sexual,[18] Tráfico de pessoas, Teologia da prosperidade e cooperação mutua para a plantação de igrejas. Foi aprovada a Declaração de Fé da Fraternidade, bem como os credos e confissões subscritos para a adesão a organização.[19] Neste ano comemorou-se também a cooperação entre a Aliança Evangélica Mundial e a Fraternidade Reformada Mundial.[20]
A FRM é uma comunhão e não um conselho, que inspirada na tradição reformada de João Calvino, Jonathan Edwards, George Whitefield e muitos outros, deseja unir os cristãos reformados evangélicos.[21][22][23]
Para fazerem parte da Fraternidade, os membros têm que concordar com:
Assim, a FRM se diferencia da Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas, uma vez que exige a subscrição oficial de alguma das confissões de fé reformadas históricas, bem como exige a crença na inerrância bíblica.
A Declaração de Fé da Fraternidade Reformada Mundial (DFFRM) é o documento que reúne os posicionamentos doutrinários oficiais da organização. Entre as doutrinas declaradas na DFFRM, estão: Trindade; Diofisismo; Predestinação; Graça Comum; Divina Providência; Queda e Pecado original; Depravação Total; Vocação eficaz; Expiação eficaz; Eleição Incondicional; Perseverança dos santos; Justificação pela fé; Ordo salutis reformada; Dois sacramentos (Batismo e Eucaristia), Aliancismo, inerrância bíblica, o Complementarianismo e a importância da tradição cristã.
Além disso, a DFFRM declara que só deve ser permitido entre os cristãos o casamento monogâmico e heterossexual e o sexo só pode ser praticado entre pessoas casadas. A dissolução do casamento pelo divórcio só é permita em caso de adultério ou se o cônjuge incrédulo abandonar, irreversivelmente, seu cônjuge cristão.
A Declaração permite o planejamento familiar e a ortotanásia, mas se opõe ao aborto, barriga de aluguel, doação de esperma e clonagem humana.
Na escatologia, a DFFRM nega o sono da alma, afirma que os "últimos dias" tiveram início na descida no Espírito Santo no dia de Pentecostes e que Jesus voltará de forma visível e gloriosa, para ressuscitar todos os mortos e julgar o mundo. Ainda assim, a declaração não define uma posição escatológica rígida, descrevendo posições amilenaristas, mas admitindo a existência de milenistas entre as igrejas membros.[25]
Diferente da Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas, que apoia oficialmente a ordenação de mulheres,[26][27][28] e da Conferência Internacional das Igrejas Reformadas, que proíbe a filiação de denominações que ordenam mulheres como presbíteras ou pastoras,[29][30] em 2022, a FRM publicou uma Declaração sobre Eclesiologia, na qual reconheceu a diversidade de posições entre seus membros quanto a ordenação de mulheres.[31]
Ainda assim, a maioria esmagadora (75 das 83 denominações membros) da igrejas da FRM, o que inclui as algumas das maiores denominações (em número de membros) da comunhão, tais como a Igreja Presbiteriana do Brasil,[32] Igreja Presbiteriana na América, Igreja Nacional Presbiteriana do México, Igreja Presbiteriana da Austrália e Igreja Presbiteriana na Coreia (HapDong), rejeita e proíbe a ordenação de mulheres como pastoras, presbíteras ou diaconisas.[33]
Por outro lado, a Igreja Presbiteriana Evangélica (EUA), Ordem do Pacto dos Presbiterianos Evangélicos e Igreja Cristã Reformada na América do Norte, que juntas representam a maioria dos membros da FRM nos Estados Unidos, bem como a Igreja Evangélica Reformada da Lituânia, Ordem do Pacto dos Presbiterianos Evangélicos (Argentina), Igreja Evangélica Presbiteriana na Polônia e Igreja Cristã Reformada do Sri Lanka, são as 7 únicas denominações membros conhecidas por promover a ordenação de mulheres em todos os ofícios.[34][35][36][37][38]
Já a Igreja Presbiteriana Reformada Associada (EUA) permite que suas igrejas locais escolham quanto a ordenação de diaconisas, mas proíbe a ordenação de presbíteras ou pastoras.[39]
A partir de março de 2025, havia 83 denominações membros:[10][40][a]
Denominações membros da Fraternidade Reformada Mundial pelo número de membros individuais
A Fraternidade Reformada Mundial é constituída em sua grande maioria (mais de 95,76% dos membros individuais) por denominações presbiterianas. Os reformados continentais representam o segundo maior grupo dentro da FRM, com 4,23% dos membros. Os 0,01% dos membros restantes são anglicanos reformados, batistas reformados e outras denominações.
São ex-membros da FRM:[85]
A Fraternidade Reformada Mundial (FRM) é diferente de outras comunhões reformadas globais por permitir uma amplo espectro de igrejas para a adesão. Enquanto a Conferência Internacional das Igrejas Reformadas só permite a adesão de presbiterianos e reformados continentais, a FRM inclui, além destes, os batistas reformados, os aglicanismo reformados, congregacionais e pentecostais reformados. Isso se dá porque sua base confessional é extremamente ampla, permitindo qualquer posição sobre batismo, ordenação, escatologia, eclesiologia e pneumatologia.[88]
Até mesmo a Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas, amplamente liberal e ecumênica, não aceita batistas, anglicanos ou pentecostais como membros plenos e os considera outras famílias denominacionais. Sob essa perceptiva, a Fraternidade Reformada Mundial estaria redefinindo o significado de Cristianismo Reformado, dando-o amplitude maior do que ele historicamente significou.[89]