Segundo a crônica georgiana, Estêvão foi um bagrátida, filho de Gurgenes I, o curopalata que reinou por 19 anos como mthawar des éristhaws da Geórgia, de 600 a 619.[1]Cyril Toumanoff e outros estudiosos modernos rejeitam essa relação e consideram-o membro da dinastia guarâmida, um ramo mais jovem da antiga dinastia real do Ibéria, que governou o Principado de Colarzena-Javaquécia.[2]
Seu pai, Gurgenes I, foi qualificado hegêmono em 572/575, recebendo em 588 o título de "príncipe primaz da Ibéria" e curopalata pelo Império Bizantino após a abolição, em 580, da monarquia ibérica pelo Império Sassânida. Ca. 590, Estêvão assumiu a sucessão e seu pai como o príncipe de Colarzena-Javaquécia e príncipe primaz da Ibéria.[3] Estêvão inverteu as políticas pró-bizantinas de seu pai para pró-iranianas e, por lealdade a seus suseranos sassânidas, conseguiu reunir a Ibéria sob seu domínio. Ele fez Tiblíssi sua capital e defendeu-a com uma força georgiano-iraniana quando o imperador bizantinoHeráclio(r. 610–641), em aliança com os cazares,[nt 1] atacou a Ibéria em 626 (ver guerra bizantino-sassânida de 602-628). Estêvão foi morto por Ziebel, o líder dos cazares, e seu crânio foi mandado para Heráclio.[5][6] Seu ofício foi dado a Adanarses I, seu parente da dinastia cosroida.[7][8]
Seu reinado coincidiu com outro ponto crucial na história local. Quando Estêvão mudou da posição pró-bizantina à cooperação com os iranianos, suas simpatias religiosas deslocaram-se em direção ao anti-calcedonianismo, levando a sua adoção oficial pelo católico da Ibéria em 598 ou 599. Por 608, contudo, a Igreja Ortodoxa Georgiana retornou para uma posição calcedônia, o que levou a Igreja irmã da Armênia a quebrar comunhão com a Igreja georgiana e excomungar o católico Cirião I. Contudo, por volta da campanha de Heráclio houve uma vitória final da fé calcedônia na Ibéria.[9]
Estêvão foi o primeiro entre os governantes iberos que escreveu no anverso dos dracmas "ibero-sassânidas" cunhados por ele as iniciais de seu nome, simetricamente colocadas na borda em letras estilizadas georgianas. No reverso de suas moedas, em vez da chama sagrada (Atar), o principal emblema do zoroastrismo, ele colocou a Cruz - símbolo da vitória do cristianismo. Isto foi um ato político significativo apontando que Estêvão não tinha uma mera iranofilia, mas sim seus esforços para restabelecer a autonomia política da Geórgia Oriental e fortalecer a Igreja cristã.[10][11]
A placa de pedra exterior da Igreja da Vera Cruz em Misqueta, na Geórgia, menciona os principais construtores desta igreja: Estêvão, o patrício, Demétrio, o hípato, e Adanarses, o hípato que tinham sido igualados pelos estudiosos georgianos com Estêvão I, filho de Gurgenes I, Demétrio, irmão de Estêvão I, e Adanarses I. Porém, a opinião expressa pelo professor Cyril Toumanoff não abona esse ponto de vista, identificando-os com Estêvão II, Demétrio (irmão de Estêvão I), e Adanarses II (filho de Estêvão II), nessa ordem.[12]
Notas
↑Embora as fontes bizantinas citem os povos aliados de Heráclio como cazares, atualmente é comum a identificação com os goturcos. Por conseguinte Ziebel é relacionado com Tong Jabgu.[4]
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Stephen I of Iberia», especificamente desta versão.
Lang, David Marshall (1966). The Georgians. Westport, Connecticut: Praeger Publishers
Martindale, John Robert; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN0-521-20160-8A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
Rapp, Stephen H. (2003). Studies In Medieval Georgian Historiography: Early Texts And Eurasian Contexts. Lovaina: Peeters Publishers. ISBN90-429-1318-5
Suny, Ronald Grigor (1994). The Making of the Georgian Nation 2.ª ed. Bloomington: Indiana University Press. ISBN0-253-20915-3
Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila
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