Durante a construção da Linha do Douro, na década de 1880, não estava prevista a construção de uma gare servindo Almendra, considerando-se que seria mais benéfica a instalação de uma estrada ligando aquela povoação ao Apeadeiro de Castelo Melhor, uma vez que o traçado, seguindo a margem esquerda da Ribeira de Aguiar, seria mais fácil e de menor comprimento, e teria um melhor perfil.[1] No entanto, em 1885 o Conde de Almendra começou a defender a construção de uma estação ferroviária junto à sua Quinta da Olga, tendo intervido junto do governo nesse sentido.[2][1] Como não conseguiu convencer o Ministério das Obras Públicas, ordenou a distribuição de um folheto pela região e pelos meios políticos, reclamando a construção da estação, alegando que a sua ausência causaria graves problemas de comunicações nas localidades de Almendra, Algodres e Vilar de Amargo.[2][1] Desta forma, o governo cedeu às suas pretensões, tendo ordenado a construção da estação de Almendra junto à Quinta da Olga.[2][1] A estação faz parte do lanço entre Côa e Barca d’Alva, que foi inaugurado em 9 de Dezembro de 1887.[3]
Século XX
Após a inauguração, foi projectada a ligação rodoviária entre a estação e a localidade de Almendra, onde entroncaria com a estrada para Figueira de Castelo Rodrigo.[2] Em janeiro de 1901, a estrada da estação já estava a ser construída,[4] estando muito avançada em janeiro de 1918.[5] No entanto, em 1932, esta obra ainda não se encontrava concluída,[6] só tendo sido terminada em 1935.[2] Devido às dificuldades em vencer as arribas do Rio Douro e da Ribeira de Aguiar, a estrada ficou com um traçado muito sinuoso, com um comprimento aproximado de doze quilómetros.[2] Ainda assim, nos primeiros anos após a construção da estrada, a estação continuou a ter muito pouco movimento, chegando a haver semanas em que não se vendeu um único bilhete.[2] A isto se devia o facto de não existirem quaisquer serviços de carros de aluguer ou autocarros até à estação, forçando os habitantes da zona a utilizarem o Apeadeiro de Castelo Melhor, cujo caminho estava em pior estado, mas era mais curto.[7] Em 1939, o edifício da estação foi alvo de grandes obras de reparação.[8]
Após o final da Segunda Guerra Mundial, o jornalista José da Guerra Maio procurou desenvolver as comunicações em Freixeda do Torrão, através do estabelecimento de uma carreira entre Figueira de Castelo Rodrigo e a estação de Almendra.[9] Nesse sentido, foi construído um ramal entre Freixeda e a Estrada Nacional 332, e o empresário que já tinha a carreira de Castelo Rodrigo até à Guarda, José Coureiro, pediu a concessão para um serviço de camionagem misto desde Castelo Rodrigo até à estação de Almendra, passando por Freixeda, Vilar de Amargo, Algodres e Almendra.[9] Esta carreira também servia as localidades de Vale de Afonsinho, Quinta e Penha de Águia.[2] Apesar dos protestos dos outros empresários de camionagem na zona,[9] o serviço avançou nos finais da Década de 1940,[2] com grande sucesso, tanto que ao fim de apenas dois meses passou a ser feito em sentido contrário, três vezes por semana.[9] Com o estabelecimento da carreira de autocarros, o movimento da estação melhorou consideravelmente.[2] Pouco tempo depois, este serviço passou para a gestão do empresário que já tinha a carreira de Castelo Rodrigo a Barca de Alva; este manteve inicialmente a regularidade em ambos os sentidos, embora utilizando veículos já com alguma idade, e aumentou as tarifas.[7] Cerca de dois anos depois, foi suprimida a carreira para Castelo Rodrigo, e a que terminava na estação deixou de ser diária, para passar a ser apenas três vezes por semana, o que provocou protestos por parte da população.[9] Em Novembro de 1952, constava que o antigo dono da carreira, José Coureiro, ia pedir para fazer aquele percurso nos dias em que o novo empresário não a fazia.[10]
Encerramento
Em 1988, foi encerrado o troço entre o Pocinho e Barca d’Alva.[11]
↑MIRANDA, António Augusto Pereira de (16 de Abril de 1903). «Parte Official»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (368). p. 119-130. Consultado em 27 de Julho de 2010 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Efemérides»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1232). 16 de Abril de 1939. p. 221-223. Consultado em 30 de Setembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑ abMAIO, Guerra (16 de Janeiro de 1953). «Ainda o caso da carreira de Almendra»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 65 (1562). p. 459-460. Consultado em 11 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«O que se fez em Caminhos de Ferro em 1938-39»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 52 (1266). 16 de Setembro de 1940. p. 638-639. Consultado em 19 de Janeiro de 2020 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑ abcdeMAIO, Guerra (1 de Outubro de 1952). «O caso da carreira de Almendra»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 65 (1555). p. 286-287. Consultado em 11 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Ainda o caso da carreira de Almendra»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 65 (1555). 16 de Novembro de 1952. p. 340. Consultado em 11 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
REIS, Francisco; GOMES, Rosa; Gomes, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN989-619-078-X