Apesar de ser chamado de Estádio da Gávea, de uma forma generalizada, o local se situa na Avenida Borges de Medeiros, 997 no bairro da Lagoa, próximo ao limite com os bairros do Leblon e Gávea. A alcunha de Gávea ficou como nominal definitivo devido o terreno doado para a construção do estádio ficar na Freguesia da Gávea, conforme antiga divisão administrativa da cidade do Rio de Janeiro [1].
História
O Estádio do Flamengo começou em janeiro de 1926, quando um grupo representativo de rubro-negros, liderado pelo presidente do clube, Faustino Esposel, iniciou entendimentos com o prefeito do então Distrito Federal, Alaor Prata, para obter um terreno onde pudesse erguer uma nova sede para os chamados "sports terrestres". A área oferecida, de 34.120 metros quadrados, literalmente às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, chegou a ser descartada, pois parte do quadro social a considerou "um areal de fim de mundo", que dependia em sua parte de aterro e, é claro, de urbanização. Mas a habilidade de Esposel contornou a situação, e o contrato de arrendamento acabou sendo assinado em 2 de março daquele ano. O Flamengo, no entanto, só passou a planejar a transferência das atividades para o local, conhecido então como Freguesia da Gávea, em 1931, na administração Carlos Mamede. Faltava sobretudo, para torná-la uma autêntica "praça de sports", o dinheiro para a construção do estádio de futebol, problema que começou a ser solucionado com a compreensão dos associados, que concordaram com um acréscimo em suas mensalidades. Além disso, foi preciso que o prefeito Pedro Ernesto, atendendo a pedido do presidente rubro-negro José Bastos Padilha, concedesse, através de decreto, um empréstimo de 70 contos de réis para as obras
Em de 14 de novembro de 1931, pelo decreto municipal 3.686, o Flamengo ficou com o direito de cessão e aforamento do terreno da Lagoa. Ali o clube construiu seu primeiro estádio de futebol, com cercas de madeira.
No dia 28 de dezembro de 1933, o então presidente José Bastos Padilha pagou a taxa de 497 contos de réis e o Flamengo pôde começar as obras de construção do estádio da Gávea o Estádio José Bastos Padilha, com capacidade para 6 mil espectadores na época. No lançamento da pedra fundamental do estádio, o Prefeito do Distrito Federal já era Pedro Ernesto, que foi homenageado na ocasião. Em 10 de janeiro de 1935, pressionado pela Prefeitura, o presidente José Bastos Padilha anunciou o término da construção do muro de alvenaria em volta do terreno, uma das exigências do contrato de cessão do imóvel. Foram colocados quatro portões de madeira e construída uma pista de atletismo em volta do campo. Algum tempo depois, o Flamengo conseguiu a instalação de água para irrigação do gramado e chuveiro nos vestiários, além de luz elétrica e um telefone particular.
Em 14 de março de 1936, o Conselho Deliberativo autorizou o início das obras de construção das arquibancadas do estádio. Foram arrecadados 500 contos de réis para que a Comissão de Obras formada por Mário Rebello de Oliveira, Manuel Joaquim de Almeida, Comandante Alberto Lucena, José Manoel Fernandes, Gustavo de Carvalho e Alejandro Baldassini contratasse os construtores. A primeira estaca, de um total de 160 a cargo da firma Pieux-Franki, foi batida com uma grande solenidade no dia 9 de agosto de 1936. Custo da obra: 360 contos de réis. O preço total do estádio tinha sido avaliado em 1 milhão e 100 mil contos de réis, a cargo da Construtora Pederneiras S. A.
Para não parar a obra, era preciso arranjar dinheiro e isso foi feito através do lançamento de títulos de sócio proprietário autorizado pelo Conselho Deliberativo em sessão de 9 de janeiro de 1937. Inicialmente, foram lançados 100 títulos a 4 contos de réis cada um. Sucesso total, comprovando mais uma vez a enorme popularidade do Flamengo junto ao povo. Todos foram vendidos em 30 dias e o Flamengo arrecadou 400 contos de réis. Mais 100 títulos foram lançados - já com aumento - a 5 contos de réis cada e também vendidos. Mais 500 contos de réis no caixa do Flamengo.
As obras estavam sendo tocadas a pleno vapor quando o presidente José Bastos Padilha renunciou ao cargo alegando cansaço após cinco anos lutando pela construção do estádio. Raul Dias Gonçalves assumiu e completou o mandato até 31 de dezembro de 1938.
No meio do mandato de Raul Gonçalves, o conselheiro Oscar Esposel propôs a inauguração do Estádio da Gávea em 15 de novembro de 1938, quando o Flamengo estivesse completando 43 anos de fundação. Mas a festa aconteceu antes. No dia 4 de setembro de 1938, o Estádio da Gávea, logo depois batizado “Estádio José Bastos Padilha” [2].
Jogos históricos
O jogo de estreia do Flamengo no estádio foi contra o Vasco da Gama em 4 de setembro de 1938 pelo campeonato carioca daquele ano. Na ocasião, a equipe vascaína ganhou por 2 a 0 e o primeiro gol do estádio foi marcado por Niginho, mas a alegria era mesmo rubro-negra, por estar com a nova casa concluída.
Em 16 de abril de 1939, o presidente da FIFA, Jules Rimet, assistiu das arquibancadas do estádio à goleada rubro-negra diante do Botafogo por 4 a 1.
O Fla-Flu da Lagoa, realizado em 23 de novembro de 1941, entrou para a história. Neste embate, os jogadores do Fluminense chutaram de propósito bolas na direção da Lagoa Rodrigo de Freitas (na época, o estádio e a lagoa eram vizinhos sem o obstáculo do clube social ao seu leste, eram pouco mais de 260 metros de distância), tentando ganhar tempo no jogo disputado no estádio da Gávea, e os remadores do Flamengo teriam se lançado às águas para resgatar as bolas como gangulas aquáticos. O emocionante empate por 2 a 2 garantiu o título para o Flu, conforme fatos publicados em O Globo Esportivo, edição 171 de 1941, em sua página 5.[3][3]
Utilização do estádio por outros clubes
Em 1939 e 1940, jogos de outras equipes do campeonato carioca foram disputados na Gávea, como, por exemplo, os clássicos entre Fluminense e Vasco pelo turno de 1939 neutro foram disputados lá, além de várias partidas do Botafogo e do America.
Em março de 1969, em virtude do péssimo estado do gramado do Estádio de São Januário, o Vasco transferiu para o estádio rubro-negro sua partida contra a Portuguesa da Ilha do Governador. E em dezembro de 1974, Fluminense e Botafogo, já eliminados do Carioca daquele ano, fizeram lá o Clássico Vovô do terceiro turno do certame [4].
Últimas atividades antes do hiato
Em 1994, o então presidente Luiz Augusto Veloso implantou, em parceria com uma empresa privada, uma arquibancada tubular no estádio, já retirada, ampliando a capacidade para 25.000, de modo a poder usar o estádio em partidas contra equipes de menores e dessa maneira, reservar o Maracanã somente para partidas contra times de maior expressão. O Estádio da Gávea passou a servir como palco para eventos, gerando uma fonte alternativa de receita para o clube .
O Flamengo não utiliza mais o Estádio da Gávea para partidas de futebol profissional. Seu último jogo oficial no local foi em 27 de abril de 1997, quando venceu por 3 a 0 o Americano, pelo campeonato carioca daquele ano.[5] Desde então, o clube passou a mandar suas partidas no Maracanã e esporadicamente em algum outro estádio dentro ou fora do estado do Rio de Janeiro[6].
Em 2014, a seleção holandesa utilizou o local para treinamentos, visando á Copa do Mundo daquele ano.[4]
Números e estatísticas
Somadas todas as partidas desde 1938 até 1997, foram 203 jogos oficiais disputados pelo Flamengo no estádio, com 167 vitórias, 20 empates e 26 derrotas. Destes 203 jogos, estão incluídos jogos oficiais de competições nacionais. Em 1989, por exemplo, o estádio sediou o primeiro jogo da história da Copa do Brasil, na tarde de 19 de julho, quando o Rubro-Negro venceu o Paysandu por 2 a 0. Ao todo, foram cinco partidas pelo torneio e outras cinco pelo Campeonato Brasileiro.
Além disso, foram 20 jogos não-oficiais, com 11 vitórias, três empates e seis derrotas.
A maior goleada foi um 10 a 1 diante do Bonsucesso, aplicada em 13 de outubro de 1945 pelo Campeonato Carioca. E o maior goleador rubro-negro no estádio é o gaúcho Pirillo, que marcou 71 vezes entre 1941 e 1947.
Projeto
Atualmente, o Flamengo não joga no Estádio da Gávea. O clube sempre utiliza o Maracanã ou outros estádios. O Flamengo ao longo da história acumula projetos de revitalização da Gávea, tornando-a uma arena para enfrentar equipes de menor expressão.
Em outubro de 2013 o clube assinou contrato com a concessionária 'Maracanã SA' em que consta o compromisso de que a construtora Odebrecht (atual OEC) (sócia majoritária do consórcio administrador do Maracanã) realizará estudo de viabilidade para a construção ou reforma do estádio para ampliação do estádio para 25.000 pessoas, estudo esse que deveria ter sido finalizado até o fim do ano de 2014 [7]
Arena
Visando economia e menores custos, uma vez que o Maracanã é o maior estádio do Brasil e os seus custos operacionais são igualmente grandes, e tendo em mãos o fato do Flamengo ter faturado apenas 13% do arrecadado com a bilheteria mandante em 2018, surgiu o projeto Arena da Gávea, feito por Eduardo El Khouri. O Projeto de 31.470 lugares se mostrou ser de longe o mais provável de sair do papel após tantos projetos e ideias de arenas e estádios próprios para o Flamengo [7] e seria levantado justamente onde hoje se encontra o atual Estádio da Gávea.
Atualidade
A partir de Setembro de 2020, o Estádio da Gávea voltou em definitivo a ter partidas de futebol do Flamengo, dessa vez os encarregados de defenderem as cores do clube dentro de sua eterna casa são os garotos e garotas das categorias de base e a categoria principal do Futebol Feminino. As partidas oficiais ocorrem tanto por parte da FERJ quanto da CBF. [6]
O Flamengo gastará cerca de R$ 4,5 milhões para reformar a Gávea em 2023, com as obras na arquibancada se iniciadas já no fim de fevereiro e o início de março. O orçamento foi aprovado Conselho de Administração do clube e celebrado pelo vice de patrimônio do Rubro-Negro, Artur Rocha. De acordo com o dirigente, a arquibancada do estádio do Mengão voltará a receber público a partir de novembro deste ano.[8]
Especulação do retorno do futebol profissional
Durante a pandemia de COVID-19, especulou-se a possibilidade do retorno do uso do Estádio da Gávea pela categoria principal de futebol do Flamengo, o plano porém não foi adiante [9].
Outros usos além do futebol
Em 2016, o estádio serviu como centro de treinamento da equipe de Rugby dos Estados Unidos que disputou as Olimpíadas daquele ano.[10]
Eventos
Não desportivos
Eventos de destaque realizados na Gávea:
O estádio recebeu público de mais de 20 000 espectadores na apresentação de Ronaldinho Gaúcho pela equipe do Flamengo, em 12 de janeiro de 2011.[5]
Espetáculos Musicais
O Estádio da Gávea possui uma história rica em grandes shows musicais. Durante anos, o estádio recebeu renomados cantores e bandas internacionais, como Elton John, Julio Iglesias, Oingo Boingo, Marilyn Manson e Metallica. Além disso, importantes artistas da música nacional, como Sepultura e Roberto Carlos, também se apresentaram no local. Embora o estádio não seja mais utilizado para shows atualmente, esses eventos deixaram um legado de momentos memoráveis e contribuíram para a cena musical da cidade. A história do Estádio da Gávea como palco de espetáculos musicais permanece como parte significativa do seu passado.
No espetáculo, Julio Iglesias cantou Natalie, Quiereme Mucho, Jurame, Devaneos e América. Em determinado momento do show, o cantor trocou o terno escuro pela camisa número 5 do Flamengo, levando a plateia ao delírio.
Era um dia das mães quando a banda liderada por James Hetfield subiu ao palco montado no estádio do Flamengo. No repertório, clássicos como Master Of Puppets fizeram a galera pular muito. Os fãs foram à loucura.[20]