A eleição municipal de Porto Alegre em 1988 ocorreu em 15 de novembro como parte das eleições municipais em 24 estados brasileiros e nos territórios federais do Amapá e Roraima.[1] Neste caso foram eleitos o prefeito Olívio Dutra, o vice-prefeito Tarso Genro e 33 vereadores.[2][nota 1]
Nascido em Bossoroca, Olívio Dutra tornou-se funcionário do Banrisul em 1961, sendo transferido à capital gaúcha no começo da década seguinte. Presidente do Sindicato dos Bancários em 1975, formou-se em Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul nesse ano.[3] Presidente do diretório estadual do PT na época da criação do partido e fundador da Central Única dos Trabalhadores, perdeu a eleição para governador do Rio Grande do Sul em 1982, mas foi eleito deputado federal em 1986.[4] Escolhido presidente nacional do PT em 6 de dezembro de 1987 como sucessor Luiz Inácio Lula da Silva, lançado candidato a presidente da República naquele dia,[5][6] assinou a Constituição de 1988[7] semanas antes de eleger-se prefeito de Porto Alegre.
Nascido em São Borja, Tarso Genro estreou na política aos dezessete anos como integrante da Juventude Trabalhista do PTB em 1964. Quando o Regime Militar de 1964 outorgou o bipartidarismo através do Ato Institucional Número Dois,[8] filiou-se ao MDB, sendo eleito vereador em Santa Maria em 1966, militando clandestinamente no PCdoB.[9] Renunciou ao mandato parlamentar em 1970, mesmo ano em que se diplomou advogado pela Universidade Federal de Santa Maria, exilando-se no Uruguai em repúdio à ditadura militar brasileira.[9] Quando voltou ao Brasil ingressou no PMDB antes de firmar-se no PT, onde foi eleito suplente de deputado federal em 1986 e vice-prefeito de Porto Alegre em 1988.[10] Curiosamente, Tarso Genro assumiu seu cargo no executivo municipal junto ao prefeito Olívio Dutra, que renunciou ao mandato de deputado federal e permitiu a efetivação de Genro na Câmara dos Deputados.[4][10] Graças a um ardil, Tarso Genro acumulou os dois cargos,[nota 2] mas licenciou-se de Brasília para assumir o cargo de secretário municipal de Governo,[11] deixando-o em 1990, quando perdeu a eleição para o governo gaúcho.
Resultado da eleição para prefeito
Foram apurados 636.215 votos nominais (88,28%), 60.494 votos em branco (8,39%) e 23.976 votos nulos (3,33%) resultando no comparecimento de 720.685 eleitores.
Candidatos a prefeito de Porto Alegre |
Candidatos a vice-prefeito |
Número |
Coligação |
Votos |
Percentual
|
Olívio Dutra PT |
Tarso Genro PT |
13 |
Frente Popular (PT, PCB) |
247.517 |
38,91%
|
Carlos Araújo PDT |
Carrion Júnior PDT |
12 |
PDT (sem coligação) |
158.256 |
24,88%
|
Guilherme Villela PDS |
Germano Bonow PFL |
11 |
Aliança Democrática Popular (PDS, PFL, PTB) |
93.862 |
14,75%
|
Antônio Britto PMDB |
Mercedes Rodrigues PMDB |
15 |
PMDB (sem coligação) |
72.097 |
11,33%
|
Sérgio Jockyman PL |
Onyx Lorenzoni PL |
22 |
PL (sem coligação) |
48.627 |
7,64%
|
Fulvio Petracco PSB |
Humberto Carvalho PSB |
40 |
PSB (sem coligação) |
13.185 |
2,07%
|
Raul Carrion PCdoB |
José Loguercio PCdoB |
24 |
PCdoB (sem coligação) |
2.671 |
0,42%
|
Fontes:[2][12][nota 3]
|
Eleito
Relação dos vereadores eleitos
Listagem fornecida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.
Notas
- ↑ Como o processo eleitoral foi deflagrado antes da Constituição de 1988, não foram observados os dois turnos, além disso a Carta Magna criou o estado do Tocantins e elevou os territórios federais do Amapá e Roraima à condição de estados, além de conceder ao Distrito Federal o direito de eleger o seu governador e extinguiu o Território Federal de Fernando de Noronha.
- ↑ Olívio Dutra renunciou ao mandato de deputado federal em 1º de janeiro de 1989, dia em que assumiu como prefeito de Porto Alegre. No mesmo dia, Tarso Genro tomou posse como vice-prefeito, assumindo o mandato de deputado federal como sucessor de Olívio Dutra em 11 de janeiro. Sobre os mandatos acumulados por Tarso Genro, esta foi uma regalia concedida pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (Art. 5º; § 3º) aos parlamentares eleitos em 1986, desde que o titular do Poder Executivo não renunciasse, situação idêntica à de Carlos Azambuja em Bagé, Algaci Tulio em Curitiba, Ney Lopes em Natal, Roberto d'Ávila no Rio de Janeiro, Magno Bacelar em São Luís e Luiz Eduardo Greenhalgh em São Paulo. Em relação à cadeira de Tarso Genro na Câmara dos Deputados, a mesma foi entregue a Antônio Marangon em 11 de março de 1989.
- ↑ Havia 777.333 eleitores inscritos em Porto Alegre, dos quais 720.685 (92,71%) compareceram às urnas e 56.648 (7,29%) abstiveram-se.
Referências
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Eleições municipais | |
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Ver também | |
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