O prefeito Orvino Coelho de Ávila, do Partido Social Democrático (PSD), estava em seu primeiro mandato e venceu os outros quatro postulantes ao cargo, sendo reeleito com 41,41% dos votos. Dezenove vereadores, dentre estes treze já no cargo, foram escolhidos para a 21ª legislatura entre 247 candidatos aptos - apesar de ter menos 118 candidatos a vereador em relação a eleição anterior, o número tornou a cidade a sexta do estado com mais candidatos por vaga neste pleito (13,3).[3][4][5]
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, São José foi o quarto maior colégio eleitoral de Santa Catarina em 2024, com 191.370 eleitores. Projeções populacionais indicam que esta eleição foi a última sem a possibilidade de segundo turno para o executivo - atualmente, é a maior cidade catarinense onde a eleição é feita em turno único.[6]
Eleitorado
Em junho de 2024, São José contava com 191.370 pessoas aptas a votar, um aumento de 12% no eleitorado em relação à última eleição municipal. A cidade ganhou 20.553 eleitores em relação a 2020. Caso repita ao menos a metade desse crescimento até 2028, São José teve sua última disputa em turno único em 2024, visto que para entrar para a lista de cidades brasileiras que podem ter segundo turno são necessários 200 mil eleitores.[6] Os eleitores representam 71% da população total da cidade, que de acordo com o Censo 2022 era de 270.299 habitantes.
A cidade é dividida em duas zonas eleitorais (29ª, que inclui a cidade vizinha de São Pedro de Alcântara, e 84ª).[7] Os eleitores tiveram até o dia 8 de maio para fazer a 1ª via ou a regularização do título junto ao cadastro biométrico. Cinco novos locais de votação foram adicionados e um retirado[8], dois locais foram alterados[9] e um transferido emergencialmente próximo a data do pleito.[10]
A última eleição municipal em São José, que foi disputada num cenário de polarização política e em meio a pandemia de COVID-19, terminou com a vitória de Orvino Coelho de Ávila, que obteve 26.897 votos. O candidato do Partido Social Democrático (PSD), apoiado pela então prefeita Adeliana Dal Pont, conseguiu 26,57% dos votos válidos, 11.111 a mais que o segundo colocado, Fernando Anselmo, do então Partido Social Liberal (PSL), que teve 15,59% dos votos válidos. Nove candidatos disputaram a prefeitura e 365 candidatos tentaram uma vaga na Câmara Municipal, um dos maiores números de postulantes da história.
Com a vitória, Orvino deixou o cargo de vereador, que ocupava a 44 anos - era o recordista até então[11] - e o PSD chegou a doze anos a frente do executivo josefense, com os oito anos de Adeliana e quatro de Orvino, além de ser manter como o maior partido da Câmara com seis cadeiras, além de outras cinco para partidos da coligação do prefeito. Nesta eleição também foram eleitos os primeiros vereadores do Patriota e do Partido Novo. O Partido dos Trabalhadores não conseguiu uma cadeira pela segunda eleição seguida, apesar da décima candidata mais votada ser petista, devido ao quociente eleitoral.[12][13]
O governador Jorginho, também presidente estadual do PL, passou a comandar as articulações por candidaturas no estado. Um nome forte que já se colocava como pré-candidato possível era Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal durante o governo Bolsonaro, entre 2021 e 2022. Tendo passado parte da infância e juventude na cidade, Silvinei já tinha sido secretário de segurança em São José entre 2007 e 2008, durante o governo de Fernando Elias. Ele se preparava para uma possível candidatura quando foi preso em Florianópolis no dia 9 de agosto de 2023, no âmbito de uma investigação sobre interferências nas eleições gerais de 2022.[15][16][17] Com isso, seu nome perde força e ele desiste da disputa.[18][19]
Rompimentos e disputas entre aliados
Com a impossibilidade de contar com Silvinei Vasques, o nome escalado por Jorginho Mello para a disputa em São José pelo PL acabou sendo o da ex-prefeita Adeliana dal Pont, que concorreu para o cargo de prefeita em 2008, 2012 e 2016, tendo vencido as duas últimas pelo PSD e ajudando a eleger, em 2020, o atual prefeito Orvino Coelho de Ávila como continuidade de sua gestão. Entretanto, Adeliana e Orvino romperam desde a última eleição, com ela deixando o PSD para migrar para o PL sob o apoio de Jorginho alguns dias após a prisão de Silvanei. Esse movimento foi parecido com a saída dela do MDB para o PSD nas eleições de 2012.[20][21]
Com a aparente força da tendência conservadora, Orvino, visando sua reeleição, passou a também se aproximar do campo bolsonarista, seja com medidas políticas, como a compra de fuzis para a Guarda Municipal, quanto com a aproximação de nomes como os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Júlia Zanatta - esta última, em especial, faz parte de um núcleo mais ideológico do PL catarinense que não concordou com a indicação de Adeliana.[22][23][24] Este núcleo fez com que a ex-prefeita tivesse algumas dificuldades em associar seu nome ao conservadorismo, incluindo um episódio onde o ex-presidente Jair Bolsonaro não quis ficar no palanque com ela após ficar sabendo que Adeliana o criticou no contexto da pandemia de COVID-19 no Brasil.[25][26] Após articulações de Jorginho e seus aliados, uma trégua foi estabelecida entre Zanatta e Adeliana, e Bolsonaro se encontrou com a ex-prefeita e declarou seu apoio.[27][28] Orvino, por sua vez, conseguiu o apoio de Silvanei, antes cotado como seu rival eleitoral e ainda filiado ao PL de Jorginho e Adeliana.[29]
Frente por uma "terceira via" alternativa
Para além da rivalidade entre o prefeito e sua antecessora e suas disputas pela mesma parcela ideológica da população, outros três candidatos corriam por fora visando conquistar o eleitorado, visto que, uma vez que São José não tem segundo turno, seria possível vencer mesmo com votações bem menores que 50% mais um, como demonstrado na eleição de 2020. O ex-vereador Moacir da Silva, que foi um dos postulantes em 2020 pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), foi o escolhido para ser o candidato de uma frente alternativa a Adeliana e Orvino, que, no entendimento dos partidários desta frente, representavam o mesmo grupo de poder. Ele passou para o Podemos e disputou numa coligação com seu ex-partido, além do PRD e do PRTB. Um dos seus aliados no PDT comparou esta eleição josefense com a eleição legislativa francesa onde a vitória da Nova Frente Popular veio através de uma aliança informal para derrotar a extrema-direita.[30][31] A coligação também teve conversas com outros partidos antes de ser formada, como o PT e o PSB, mas acabaram sendo feitas duas coligações.[32]
Após nomes como Rosaura Rodrigues e Fabricio Colombo serem cotados[32][33], o Partido dos Trabalhadores (PT) lançou o nome do ex-vereador Antônio Battisti como candidato. No dia 11 de julho, Battisti comunicou ao PT que desistiria da disputa por questões de saúde.[34] Ele acabou voltando atrás mais tarde e foi mantido como o candidato do partido, que além da disputa no executivo tinha como meta retornar a câmara após dois pleitos sem eleger vereadores na cidade e cuja Federação Brasil da Esperança se coligou com o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Essa foi a terceira disputa de Battisti, que também se candidatou em 1996 e 2016.[35] O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) tinha cotado nomes como Angela Albino, ex-deputada estadual e federal e candidata a prefeita de Florianópolis por três ocasiões[36], e Jhonatan Cardoso, que chegou a ser listado como pré-candidato[32][37], mas no fim indicou o vice de Battisti, Marinho.
Outros nomes que chegaram a cotados como pré-candidatos foram Sargento Zenon, do Democracia Cristã[38], e o ex-deputado estadual Bruno Souza, que foi convidado a mudar seu domicílio eleitoral e se lançar candidato por São José, mas acabou se desfiliando do Partido Novo após desavenças neste processo.[39][40] O partido acabou lançando a empresária Vanessa Milis para prefeita e o também empresário Victor Souza como vice em chapa pura.[41]
A regra eleitoral permitia que um partido ou federação indicasse uma chapa que contivesse, no máximo, 100% das vagas em disputa mais 1, que no caso de São José eram 20 candidatos. Dos 257 nomes que se candidataram, 10 foram considerados inaptos. A tabela a seguir considera apenas candidatos aptos e foi extraída do sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral.[3] Desde a promulgação da Emenda Constitucional nº 97/2017, a coligação em eleições proporcionais não existe mais no Brasil, estando na tabela apenas para facilitar a visualização.[42][43]
Nota: a tabela a seguir está organizada em número de candidaturas a partir de coligações na disputa do poder executivo.
Foram realizados dois debates, transmitidos via rádio e pela internet. Pelas regras eleitorais, as organizadoras foram obrigadas a convidar todos os candidatos cujo partido tenha cinco ou mais parlamentares no legislativo federal - das chapas em São José, apenas o Partido Novo não chegou a esse número no prazo, o que levou a candidata Vanessa Milis a não ser convidada para o debate da rádio CBN Floripa e do portal NSC Total.[44] Além dela, outra ausência foi a do candidato a reeleição Orvino, que não compareceu em ambos os debates.[45][46]
As pesquisas buscam analisar como seria o resultado da eleição se ela ocorresse no dia em que os dados dos entrevistados foram coletados, não tendo como meta prever o resultado final da eleição. Nas pesquisas espontâneas, os nomes dos candidatos não são revelados ao entrevistado, enquanto na estimulada as opções são apresentadas. Já a pesquisa de rejeição permite saber em quem o eleitor não votaria. As pesquisas eleitorais no Brasil precisam estar registradas no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle) da Justiça Eleitoral, e as pesquisas a seguir foram registradas e divulgadas.[47] Nomes fora dos cinco candidatos citados nas pesquisas espontâneas e pré-candidatos que não foram registrados estão constando como "outros".[48]
Eleição municipal de São José em 2024 para Prefeito
A eleição terminou com a vitória do prefeito Orvino Coelho de Ávila, que assim como sua antecessora - e, nessa eleição, rival - Adeliana Dal Pont, foi reeleito e manteve o domínio do PSD em São José, que, com a vitória de 2024, deve chegar aos dezesseis anos de controle do executivo.[49][50] A estratégia de Orvino de se aproximar da direita bolsonarista e associar Adeliana a esquerda, mesmo com ela estando no partido de Bolsonaro, funcionou e polarizou a eleição nos dois candidatos.[51]
A disputa entre os ex-aliados foi considerada um dos embates prévios para a eleição estadual de 2026, para a qual os movimentos políticos indicam o PSD como desafiante ao PL - o prefeito reeleito de ChapecóJoão Rodrigues, do PSD, e o governador Jorginho Mello, do PL, os nomes cotados dos dois partidos para disputar o governo do estado, auxiliaram diretamente Orvino e Adeliana em seu duelo pela prefeitura josefense.[52][51]
Eleição municipal de São José em 2024 para Vereador
Foram eleitos para a 21ª legislatura josefense dezessete homens e duas mulheres, com um total de 124.739 votos válidos. Dos dezenove vereadores da atual 20ª legislatura, treze foram reeleitos.[53][54]
O partido do prefeito Orvino, o PSD, perdeu uma vaga, mas se manteve o maior partido da Câmara Municipal, com cinco cadeiras, enquanto o MDB ganhou uma cadeira e chegou a quatro vereadores. O União Brasil, fundado em 2021, conseguiu sua primeira cadeira, mas perdeu uma se considerarmos que o partido foi formado da fusão do Democratas e do PSL, que em 2020 elegeram um vereador cada. Todos esses partidos e também o Republicanos, que manteve suas duas cadeiras - incluindo a da primeira mulher negra eleita para o cargo na história de São José, Vera Pinheiro[55] - faziam parte da coligação situacionista "Em São José o trabalho não para", que no total conquistou doze cadeiras - uma a mais que a coligação de 2020 - o que deve garantir governabilidade para o prefeito reeleito.
Já o PL, principal rival de Orvino nesta eleição, saltou de uma para quatro vagas, enquanto o Partido Novo manteve a cadeira que tinha conseguido em 2020 com Cryslan Jorjan de Moraes, que foi reeleito e se tornou o vereador mais votado da história de São José. Nas outras chapas, o PDT manteve sua cadeira, enquanto que o PT voltará a câmara josefense em 2025, após oito anos sem mandato - o partido havia eleito um vereador pela última vez na eleição de 2012. Partidos antes tradicionais como o PSDB e o Cidadania sequer participaram da eleição, e o PSB, apesar de estar na chapa do PT, não teve candidatos.[56][57][58]