Crise econômica sul-americana de 2002

A crise econômica sul-americana de 2002 foi um conjunto de perturbações econômicas que se desenvolveram naquele ano nos países do Cone Sul da América do Sul.[1]

Histórico

A economia argentina sofria um déficit sustentado e de dívidas pendentes extremamente altas, e uma de suas tentativas de reforma incluiu a fixação de suas taxas de câmbio em dólares americanos. Quando o Brasil, como seu maior vizinho e parceiro comercial, desvalorizou sua própria moeda em 1999, a atrelagem argentina ao dólar norte-americano o impediu de igualar essa desvalorização, deixando seus bens comercializáveis ​​menos competitivos com as exportações brasileiras.[2]

Junto com o desequilíbrio comercial e o problema da balança de pagamentos, a necessidade de crédito para financiar seus déficits orçamentários tornou a economia argentina vulnerável à crise econômica e à instabilidade. Em 1999, a economia da Argentina encolheu 3,3%.[3] O PIB continuou diminuindo: 0,8% em 2000, 4,4% em 2001 e 10,9% em 2002.[3] Um ano antes, no Brasil, o baixo nível de água nas hidrelétricas, combinado com a falta de investimentos de longo prazo em segurança energética, forçava o país a fazer um programa de racionamento de energia, o que afetou negativamente a economia nacional.[4]

Entrando em 2002 com a dívida pública em 54% do PIB, começou a surgir dúvidas sobre a capacidade do Brasil em honrar seus pagamentos.[5] Com a crise argentina e a eleição presidencial daquele ano, a crescente tensão na economia levou a uma forte pressão cambial, com o país sofrendo um ataque especulativo no mercado de câmbio. De janeiro a setembro, a moeda brasileira, em relação ao dólar, desvalorizou-se em 70%, enquanto a inflação do período chegou a 12,5%.[6] A crise foi contida por um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) pelo governo FHC, o qual o governo sucessor comprometeu-se em cumprir.[7]

Ver também

Referências

  1. «La Crisis Politica y Economica in El Cono Sur de America | American Diplomacy Est 1996». americandiplomacy.web.unc.edu. Setembro de 2002. Consultado em 6 de outubro de 2020 
  2. «A desvalorização do real foi uma decisão solitária». Folha de S.Paulo. 19 de dezembro de 2002. Consultado em 6 de outubro de 2020 
  3. a b «GDP growth (annual %) - Argentina | Data». data.worldbank.org. Consultado em 6 de outubro de 2020 
  4. «Apagão de 2001 deu prejuízo de R$ 54,2 bilhões». Gazeta do Povo. 12 de novembro de 2009. Consultado em 6 de outubro de 2020 
  5. Mira, Roberta (2006). «Capítulo 2: Crise Cambial de 2002». Ataques especulativos e crises cambiais: uma análise da crise brasileira de 2002 (Dissertação de Mestrado em Economia Política). São Paulo: PUC-SP. Consultado em 17 de dezembro de 2024 
  6. Franzotti, Tatiane D. A.; Magnani, Vinícius M.; Ambrozini, Marcelo A.; Valle, Maurício R. (2021). «Financiamento de empresas brasileiras durante crises: Comparativo entre as crises de 2002, 2008 e 2015». Mackenzie. Revista de Administração Mackenzie. 20 (1): 4. ISSN 1678-6971. doi:10.1590/1678-6971/eramf210154. Consultado em 18 de dezembro de 2024 
  7. «FMI salvou o Brasil de séria crise cambial em 2002». InfoMoney. 3 de fevereiro de 2003. Consultado em 18 de dezembro de 2024 

Ligações externas

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