Nota: Se procura um quisto da pálpebra, veja Chalázio.
Chalaza (do grego χάλαζα, khálaza; granizo, grão transparente),[1] também calaza ou calázio, é a designação dada em zoologia a uma estrutura de suporte existente nos ovos de aves e répteis e em botânica à região do óvulo das plantas com flor onde convergem o funículo, a nucela e os tegumentos.[2] Em ambos os casos, a chalaza liga ou suspende a gema ou a nucela às restantes estruturas.[3]
Descrição
Botânica
Nos óvulos das plantas com flor designa-se por chalaza (ou frequentemente calaza) a região do óvulo onde convergem o funículo, a nucela e os tegumentos. A chalaaz forma uma rede de fibras na base do óvulo que une a nucela ao tegumento externo do óvulo. Os feixes cribrovasculares do funículo ramificam-se ao nível da chalaza para alimentar o óvulo a partir dos tecidos da planta-mãe.[4] A estrutura pode coincidir com a terminação ou ramificação dos feixes vasculares que penetram no óvulo.[2]
Após o desenvolvimento do óvulo, corresponde ao ponto da semente por onde se alimenta o embrião, sendo que a calaza deixa geralmente na semente uma cicatriz que é também designada por calaza, mácula da calaza ou mancha da calaza.
Nos óvulos das plantas, a chalaza está localizada em posição oposta à abertura do micrópilo do tegumento, sendo o tecido onde o tegumento e a nucela se ligam. Os nutrientes da planta são encaminhados através do tecido vascular do funículo e do tegumento externo através da chalaza até à nucela. Durante o desenvolvimento do saco embrionário dentro de um óvulo de uma espermatófita, as três células na extremidade calazal evoluem para formar as células antípodas.
A calazogamia é o processo através do qual o tubo polínico entra no óvulo pela calaza antes de se produzir a dupla fecundação. Embora na maioria das plantas com flor o tubo polínico entre no óvulo para fertilização através da abertura do micrópilo do tegumento, num processo designado por porogamia, em algumas espécies mais primitivas a fertilização é calazogâmica, processo em que os tubos polínicos penetram no óvulo através da calaza ao invés da abertura do micrópilo.[5] A calazogamia foi descoberta pela primeira vez em espécies de plantas monóicas da família Casuarinaceae por Melchior Treub, mas desde então também foi observada em outras, por exemplo em pistácios e nogueiras.[6]
Os óvulos vegetais são classificados de acordo com as relações espaciais entre o funículo, a calaza e o micrópilo em:[7]
Óvulos ortótropos (também denominado óvulos átropos ou rectos) — óvulos em que o funículo, a calaza e o micrópilo estão alinhados sobre um mesmo plano;
Óvulos anátropos — óvulos que apresentam o micrópilo próximo do funículo e a calaza do lado oposto. Nestes óvulos o funículo está soldado ao tegumento formando um espessamento alongado, designado por rafe;
Óvulos campilótropos ou óvulos encurvados — óvulos curvados de tal forma que a calaza se encontra próxima do funículo.
Zoologia
Nos ovos da maioria das aves (mas não nos répteis), a calaza é constituída por duas faixas de tecido em espiral que suspendem a gema no centro da clara (o albúmen). Nos répteis a calaza é simples. A função da calaza é manter a gema no lugar, evitando que ela fique encostada à casca do ovo.
As duas calazas presentes nos ovos das aves e répteis são fios helicoidais de albumina presos à membrana interna da casca e cuja função é manter a gema suspensa no centro do ovo. Posteriormente, durante o desenvolvimento embriónico, as calazas mantêm o eixo antero-posterior do embrião em posição perpendicular ao eixo mais longo da casca (graças ao enrolamento levogiro da chalaza à direita do embrião e dextrogiro da situada à esquerda). Esta rede de fibras torcidas sobre si mesmas em espiral funciona assim como uma mola.[8] Alguns répteis, como Pogona vitticeps, põem ovos que não apresentam chalazas.
Quando ovos são usados em doçaria, as chalazas às vezes são removidas para garantir uma textura uniforme das claras.
↑Denis Bach, M. Mascré, Guy Deysson (1965). Société d'édition d'enseignement supérieur, ed. Cours de botanique générale, de D. Bach, M. Mascré et G. Deysson. [S.l.: s.n.] p. 276 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link).
↑Font Quer, P. (1982). Diccionario de Botánica. 8.ª ed. [S.l.]: Barcelona: Editorial Labor, S. A. ISBN84-335-5804-8
↑Romaric Forêt (2006). De Boeck Supérieur, ed. Dico de Bio. [S.l.: s.n.] p. 128.