O Cemitério de Ferreira do Alentejo é uma infra-estrutura e um sítio arqueológico na vila de Ferreira do Alentejo, em Portugal. Situa-se no local onde antes se erguia um castelo, que foi demolido e substituído pelo cemitério no século XIX.[1]
História
Uma das localizações apontadas para a antiga cidade romana de Singa teria sido atrás do local onde se situava o castelo.[2] Com efeito, o castelo surge ligado à antiga cidade de Singa através de uma lenda popular, na qual em 405,[3] nos finais do domínio romano, a cidade de Singa terá sido atacada pelos povos bárbaros, tendo uma mulher defendido a entrada do castelo com ferramentas de ferreiro, e que terá dado o nome à vila.[4] Porém, alguns vestígios remetem a construção do castelo para o período muçulmano, tendo depois sido ampliado, com a construção das muralhas com barbacã e torres.[4]
O castelo foi construído pela Ordem de Santiago da Espada, proprietária da região onde se situava a vila de Ferreira do Alentejo, no topo de uma colina.[5] No entanto, a tradição popular aponta a fundação deste castelo por D. Gualdim Pais, mestre da Ordem dos Templários, em 1150.[3] Do ponto de vista espiritual, o castelo pertencia ao bispado de Évora,[6] enquanto que do ponto de vista militar era uma filial dos espatários de Alcácer do Sal, sendo em 1527 o alcaide Francisco Mendes do Rio, e em 1708 Baltazar Pereira do Lago.[1]
Em 1800, o castelo já apresentava um avançado estado de ruína, estando ainda visíveis algumas das suas nove torres, o fosso e a barbacã.[1] Por volta de 1839, a Junta de Paróquia ordenou que fosse demolido o castelo, e que o cemitério fosse construído no mesmo sítio.[1] O escudo da Ordem dos Espatários, que estava originalmente à entrada do Castelo, foi colocado na entrada principal do cemitério.[1]
Em 2006 e 2009 foram feitas pesquisas arqueológicas no local, no âmbito de programas de blocos de rega no concelho.[7]
Descrição
O castelo de Ferreira do Alentejo foi descrito como estando situado no alto de um monte cercado de muros, com uma barbacã e nove torres, sendo considerado inexpugnável.[2] Um dos alcaides-mor do castelo foi Baltazar Pereira de Lagos.[2]
Durante as análises arqueológicas na zona do cemitério foram encontrados alguns vestígios do período romano, nomeadamente fragmentos de cerâmica comum e vidrada, um pequeno tijolo, e partes de tégulas, numa área de cerca de 30 m².[7] Também foram identificadas peças de cerâmica do período moderno e contemporâneo.[7]
↑ ab«Concelho de Ferreira do Alentejo». Álbum Alentejano: Distrito de Beja. Volume II de 2. Lisboa: Imprensa Beleza. 1931. p. 149-150. 216 páginas. Consultado em 21 de Junho de 2019 – via Biblioteca Digital do Alentejo
↑ ab«Ferreira do Alemtejo». Archivo Historico de Portugal. 2.ª Série (21). Lisboa: Typ. Lealdade. 1890. p. 81-83. Consultado em 21 de Junho de 2019 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
↑Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Volume 11 de 37. Lisboa: Editorial Enciclopédica, Lda. p. 195. 1027 páginas
BASTOS, Hélder; FREITAS, Marta; et al. (2004). História das Freguesias e Concelhos de Portugal. Col: História das Freguesias e Concelhos de Portugal. Volume 7 de 18. Matosinhos: Quidnovi - Edição e Conteúdos, S.A. 143 páginas. ISBN989-554-155-4 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
COSTA, António Carvalho da (2006) [1708]. Corografia Portugueza e Descripçam Topografica. Col: Corografia Portuguesa. Volume 2 de 3. Braga: Alcalá e Universidade Católica Portuguesa. 642 páginas. ISBN972-8673-34-5
SARAMAGO, Alfredo (2007). Livro-Guia do Alentejo. Lisboa: Assírio e Alvim. 727 páginas. ISBN978-972-37-1290-2