Paglia é uma intelectual de contradições apenas aparentes: uma ateísta que respeita a religião[6] e uma classicista que defende tanto a arte elitista quanto a popular com uma visão de que o ser humano tem uma natureza irresistivelmente dionisíaca, em especial no aspecto mais selvagem e obscuro da sexualidade humana.[7]
A intelectual apresenta uma gama variada de assuntos sobre o qual escreve: religião comparada, história da arte e o cânon literário, além de uma grande ênfase no ensino da história. Paglia tornou-se célebre para o público mundial em 1990 ao publicar o primeiro livro Sexual Personae: Art and Decadence from Nefertiti to Emily Dickinson (em tradução livre - Personas Sexuais: Arte e Decadência de Nefertiti a Emily Dickinson. O sucesso com este livro possibilitou a autoria de outros títulos sobre cultura popular e feminismo[8]. Exibindo grande erudição, gerou muita polêmica ao desafiar o que ela própria denominou de "elite liberal", incluindo acadêmicos, grupos feministas tais como a National Organization for Women (NOW) (em tradução livre - Organização Nacional para Mulheres (AGORA)) e grupos ativistas na luta contra a AIDS, tais como o ACT UP, acrônimo de AIDS Coalition to Unleash Power(em tradução livre - Coligação contra a SIDA para libertar o poder).
Feminismo
Camille se define como feminista, muito embora seja uma das principais críticas de algumas formas de feminismo (como o "puritano e stalinista").[9] Camille foi grande ativista em relação à inserção da mulher no mercado de trabalho, mas repudia as relativizações do que chama de “nova feminista burguesa”. Para Camille, o novo feminismo é direcionado para proteger a burguesa juvenil – que quer que o mundo seja como é a sua sala de estar. “A nova feminista espera que o mundo seja reduzido a essas proteções burguesas e, sem perceber seus privilégios, é arrogante e passa toda essa arrogância para o feminismo”.[10]
Isso está por toda parte nos EUA. Dizem que a criança nasceu no corpo errado e já começam com hormônios até chegar à intervenção cirúrgica. Se essa ideia estivesse no ar quando eu era jovem, eu teria cometido um engano terrível. Quando era mais nova estava muito claro que eu era muito inibida em relação ao meu gênero biológico. Eu demonstrava isso, ainda criança. Eu sempre escolhia um personagem masculino. Fui um soldado romano, fui Napoleão, fui Hamlet... E nenhuma menina se fantasiava assim. Eu me sentia alienada em ser uma menina.[11]
↑ "That’s my New Age-y side. I really respect mysticism and the spiritual dimension, even though I don’t believe in God" ('Esse é o meu lado New Age. Eu realmente respeito o misticismo e a dimensão espiritual, apesar de não acreditar em Deus'). Entrevista com Camille Paglia. Por Robert Birnbaum. "The Morning News," 3 de agosto de 2005.
↑Paglia, Camille (1990). Sexual Personae: Art and Decadence from Nefertiti to Emily Dickinson, p. 5-6: "The Dionysian is no picnic. It is the chthonian realities which Apollo evades, the blind grinding of subterranean force, the long slow suck, the murk and ooze" ('O dionisíaco não é nenhum piquenique. São as realidades ctônicas das quais Apolo foge - a opressão cega da força subterrânea, a longa e lenta sucção, a escuridão e o lodo').