Embora os otomanos fossem superiores, havia uma oposição ostensiva ao seu domínio. A primeira revolta começou em 1408 quando dois nobres búlgaros, Konstantin e Fruzhin, libertaram algumas regiões por vários anos. Em seguida, houve revoltas em 1598 (Primeira Revolta de Tarnovo) e em 1686 (Segunda Revolta de Tarnovo) em torno da antiga capital de Tarnovo seguida pela Revolta Chiprovtsi em 1688 e pela insurreição na Macedônia liderada por Karposh em 1689, ambas provocadas pelos austríacos como parte de seu período em guerra com os otomanos.
Todos os levantes foram infrutíferos e foram afogados em sangue. A maioria deles resultaram em ondas maciças de exilados, muitas vezes em números de centenas de milhares. Em 1739 o Tratado de Belgrado, entre Império Austríaco e o Império Otomano, terminou com o interesse austríaco nos Bálcãs durante um século. Mas, no século XVIII, o poder crescente da Rússia Imperial estava a fazer-se sentir na região. Os russos, eslavos ortodoxos, como companheiros, poderiam apelar para os búlgaros de uma maneira que os austríacos não conseguiram. O Tratado de Küçük-Kainarji de 1774 deu à Rússia o direito de interferir nos assuntos otomanos para proteger os súditos cristãos do sultão otomano.
A luta pela independência
O sistema millet foi um conjunto de comunidades confessionais no Império Otomano. Referia-se às distintas cortes jurídicas relativas à "lei pessoal", em que as comunidades religiosas foram autorizadas a governarem-se sob seu próprio sistema. O sultão considerava o Patriarca Ecumênico do Patriarcado de Constantinopla como o líder dos povos cristãos ortodoxos de seu império. Após as reformas otomanas do Tanzimat (1839-1876), o nacionalismo surgiu no Império e o termo foi usado para as minorias religiosas legalmente protegidas, semelhante à forma que outros países utilizam a palavra nação. Novos millets foram criados entre 1860 e 1870 para as comunidades búlgaras da Igreja Católica Búlgara e para os cristãos ortodoxos. Desta forma, uma diocese búlgara separada foi estabelecida, com base na identidade étnica ao invés de princípios da ortodoxia e do território.[4]
A resistência armada ao domínio otomano aumentou na quarta parte do século XIX e alcançou seu clímax com a Revolta de Abril de 1876 que cobriu grande parte do território etnicamente búlgaro do Império Otomano e foi reprimida pelas tropas otomanas, tirando a vida de muitos. A revolta foi uma das razões para a guerra russo-turca de 1877–1878, que terminou com o estabelecimento de um estado independente búlgaro em 1878, embora muito menor do que os búlgaros tinham esperado e que foi projetado pelas preliminares do Tratado de San Stefano de 1878. Pelo Congresso de Berlim foi estabelecido o Principado da Bulgária (uma entidade autônoma criada como um vassalo do Império Otomano). Somente em 22 de setembro de 1908, a Bulgária declarou oficialmente a independência, elevando o principado a Reino da Bulgária.
Notas
↑Michael G. Kort, The Handbook of the New Eastern Europe, (Twenty First Century Books, 2001), 116.
↑Schurman, Jacob Gould (2005) [1916]. The Balkan Wars: 1912–1913 2 ed. [S.l.]: Cosimo. p. 140. ISBN9781596051768. There is historic justice in the circumstance that the Turkish Empire in Europe met its doom at the hands of the Balkan nations themselves. For these nationalities had been completely submerged and even their national consciousness annihilated under centuries of Moslem intolerance, misgovernment, oppression, and cruelty. [...] none suffered worse than Bulgaria, which lay nearest to the capital of the Mohammedan conqueror.
↑Hildo Bos and Jim Forest, eds. (1999). For the Peace from Above: an Orthodox Resource Book on War, Peace and Nationalism. [S.l.]: Syndesmos !CS1 manut: Usa parâmetro editores (link)
Papoulia, B.D., Ursprung und Wesen der “knabenlese” im Osmanischen Reich. München, 1963 (in German, title means 'origin and nature of the 'boy harvest' in the Ottoman Empire)