Audição no transtorno do espectro autista

A Audição no transtorno do espectro autista é uma das áreas afetadas, impactando no desenvolvimento da criança.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento, que é possível ser diagnosticado a partir dos 3 anos de idade, porém quanto mais precoce o início da investigação, melhor será o prognóstico do indivíduo.[1]

Dentre as alterações apresentadas no espectro, estão as comportamentais e as sensoriais, as quais causam dificuldades na interação social e na comunicação do indivíduo, caracterizando alguns déficits, como alterações de aprendizagem e linguagem.[2]

Entre as alterações sensoriais, presentes no Autismo, está a perda auditiva, a qual pode, muitas vezes, ser camuflada e interpretada apenas como uma falta de atenção, outra característica bem comum dentro do espectro.

Crianças com TEA, tendem a ter uma audição “mais fraca” se comparado a uma criança com desenvolvimento típico. Em outros casos, possuem hipersensibilidade auditiva. Diante disso, considera-se de extrema importância realizar avaliações, para fins de elaborar uma conduta adequada para uma intervenção precoce.[3]

Avaliação auditiva

A avaliação auditiva comportamental é um dos procedimentos realizados, é uma medida que tem como objetivo, como o próprio nome já diz, avaliar a audição através do comportamento do indivíduo, utilizando estímulos sonoros. Tal teste depende das respostas dadas pela criança, por esse motivo, o resultado, em sua grande maioria é tido através de respostas inconsistentes, devido a falta de atenção e interação do indivíduo.

Portanto, outra medida utilizada é a eletrofisiológica, o exame Potencial Evocado de Tronco Encefálico (PEATE), é uma ferramenta muito utilizada, a qual avalia a latência absoluta e a amplitudes das ondas, proporcionando um resultado mais confiável e consistente, auxiliando para um diagnóstico mais preciso, principalmente em casos de pacientes com (TEA), pois por ser um exame objetivo, não depende da resposta da criança e geralmente é realizado com a criança dormindo para melhor eficácia do exame.[4]

O PEATE se determina por sete ondas e avalia as estruturas da via auditiva no tronco encefálico, o embasamento das ondas I, III e V, são as mais observadas durante a execução do exame, pois se analisa os intervalos interpicos entre elas. A onda I - refere-se à porção distal do nervo auditivo, a onda III - núcleo coclear e a onda V - o lemnisco lateral, essas ondas são as de maior amplitude, o que proporciona uma maior visibilidade durante o processo.[5]

Reabilitação auditiva

O Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI)[6] é um método muito utilizado quando se identifica perda auditiva (PA), permitindo uma intervenção específica e individual a cada paciente. Crianças com TEA e PA, têm indicação para a implantação do (AASI), especificamente em perdas sensorioneurais e mistas. A adaptação do AASI tem como objetivo, proporcionar ao indivíduo acesso a sons audíveis, aproximados à fala normal, trazendo benefícios à criança, possibilitando a estimulação da comunicação verbal e não-verbal.[7]

O implante coclear também é uma ferramenta utilizada para tratamento de perdas auditivas, especificamente em perdas de grau severo a profundo.[8] Crianças com (TEA) também são beneficiadas com esse tratamento, favorecendo a estimulação das habilidades comunicativas, principalmente a compreensão da fala, aprimorando a socialização e estimulando a comunicação oral, trazendo melhora significativa.[9]

Referências

  1. Zanon, Regina Basso; Backes, Bárbara; Bosa, Cleonice Alves (março de 2014). «Identificação dos primeiros sintomas do autismo pelos pais». Psicologia: Teoria e Pesquisa: 25–33. ISSN 0102-3772. doi:10.1590/S0102-37722014000100004. Consultado em 28 de maio de 2023 
  2. Selli, Gabriele; Stupp, Ana Carolina Steiner; Pagnossim, Débora Frizzo; Pozzi, Cristina Maria; Pessin, Vanessa Maria de Assis (25 de novembro de 2020). «Diagnóstico diferencial: perda auditiva ou transtorno do espectro do autismo». Distúrbios da Comunicação (4): 574–586. ISSN 2176-2724. doi:10.23925/2176-2724.2020v32i4p574-586. Consultado em 28 de maio de 2023 
  3. Tôrres, Fernanda (30 de maio de 2020). «A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO AUDITIVA DURANTE O PROCESSO DE DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)». Fernanda Xavier Tôrres. Revista Científica Multidisciplinar UNIFLU. 2 (2): 16. Consultado em 28 de maio de 2023 
  4. Souza, Ana Carolina Steiner Stüpp de; Pagnossin, Débora Frizzo (21 de setembro de 2021). «AVALIAÇÃO AUDITIVA E ABORDAGEM TERAPÊUTICA EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO». Revista Ciência e Saúde On-line (2). Consultado em 28 de maio de 2023 
  5. Magliaro, Fernanda Cristina Leite (20 de março de 2006). «"Avaliação comportamental, eletroacústica e eletrofisiológica da audição em autismo"». São Paulo. doi:10.11606/d.5.2006.tde-08052006-151642. Consultado em 28 de maio de 2023 
  6. Pagnossin, Débora; Souza, Ana Carolina (19 de fevereiro de 2021). «CARACTERIZAÇÃO DA LINGUAGEM DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO QUE PASSARAM POR DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE PERDA AUDITIVA». Revista Brasileira de Tecnologias Sociais (2): 80–91. ISSN 2358-2200. doi:10.14210/rbts.v7n2.p80-91. Consultado em 28 de maio de 2023 
  7. Mendes, Maria Elisa Pereira (30 de abril de 2022). «O papel do otorrinolaringologista no diagnóstico do autismo». Consultado em 28 de maio de 2023 
  8. Lachowska, Magdalena; Pastuszka, Agnieszka; Łukaszewicz-Moszyńska, Zuzanna; Mikołajewska, Lidia; Niemczyk, Kazimierz (1 de janeiro de 2018). «Cochlear implantation in autistic children with profound sensorineural hearing loss». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (em inglês) (1): 15–19. ISSN 1808-8694. PMC 9442806Acessível livremente. PMID 27939998. doi:10.1016/j.bjorl.2016.10.012. Consultado em 28 de maio de 2023 
  9. Eshraghi, Adrien A.; Nazarian, Ronen; Telischi, Fred F.; Martinez, Diane; Hodges, Annelle; Velandia, Sandra; Cejas-Cruz, Ivette; Balkany, Thomas J.; Lo, Kaming (setembro de 2015). «Cochlear Implantation in Children With Autism Spectrum Disorder». Otology & Neurotology (em inglês) (8): e121. ISSN 1531-7129. PMC 4537326Acessível livremente. PMID 25899551. doi:10.1097/MAO.0000000000000757. Consultado em 28 de maio de 2023 

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