Asphodelaceae é uma família de plantas com flor da ordem Asparagales[2] que na circunscrição taxonómica que lhe é dada pelo sistema APG IV (2016) inclui 3 subfamílias com cerca de 900 espécies distribuídas por 40 géneros.[3] A família tem distribuição natural alargada, embora dispersa, pelas regiões de clima tropical e subtropical de todos os continentes. Várias espécies são cultivadas como ornamentais e duas espécies do género Aloe são cultivadas comercialmente para produção de seiva utilizada para fins medicinais e em cosmética.
Os membros das Asphodelaceae apresentam elevada diversidade morfológica, com poucas características unindo as três subfamílias actualmente reconhecidas. A presença de antraquinonas é uma característica comum. As flores, ou melhor, a a inflorescência, são tipicamente inseridas num escapo floral que se configura como um ramo sem folhas que emerge de uma roseta basal de folhas. As flores individuais têm hastes articuladas por pedicelos. Um disco de tecido lenhoso (uma hipostase) está presente na base do ovário.[1]
A subfamília Xanthorrhoeoideae contém apenas o género Xanthorrhoea, nativo da Austrália, cujas espécies normalmente desenvolvem caules grossos e lenhosos. Nesta subfamília, as flores estão dispostas numa espiga densa. Os membros da subfamília Asphodeloideae são frequentemente plantas de folhas suculentas, como os aloés e as haworthias, embora a subfamília também inclua plantas perenes, algumas usadas como ornamentais, como os membros do género Kniphofia. Os membros da subfamília Hemerocallidoideae apresentam hábito muito variável, com as espécies do géneros Hemerocallis sendo amplamente cultivadas para fins ornamentais.[1]
Filogenia e sistemática
Apesar das características morfológicas colocarem a família dentro de Liliales, um conjunto de características genéticas, particularmente do DNA do cloroplasto, indicam uma relação filogenética próxima com as Asparagales. Quando se consideram conjuntamente a morfologia e o DNA do cloroplasto, a família é englobada na presente circunscrição taxonómica da ordem Asparagales.
Na presente circunscrição das Asparagales, é possível estabelecer uma árvore filogenética que, incluindo os grupos que embora reduzidos à categoria de subfamília foram até recentemente amplamente tratados como famílias, assinale a posição filogenética das Asphodelaceae:[7][8]
A decisão de agrupar três famílias anteriormente separadas, Asphodelaceae sensu stricto, Hemerocallidaceae e Xanthorrhoeaceae, numa única família ocorreu pela primeira vez como uma opção no sistema APG II, de 2003. O nome usado para a família mais ampla era então Xanthorrhoeaceae.[18] Em consequência, referências anteriores a Xanthorrhoeaceae referem-se apenas à subfamília Xanthorrhoeoideae. As mudanças foram uma consequência da melhoria na análise molecular e morfológica e também um reflexo da maior ênfase em colocar as famílias numa ordem apropriada.[19][12][20]
O sistema APG III, de 2009, abandonou a opção de manter as três famílias separadas, usando apenas a família expandida, ainda sob o nome de Xanthorrhoeaceae.[19] Antecipando a decisão de conservar o nome «Asphodelaceae» sobre «Xanthorrhoeaceae« (decisão que veio a acontecer em 2017), o sistema APG IV, de 2016, usa «Asphodelaceae» como o nome para a família expandida.[2] As três famílias anteriores foram então remetidas para as subfamílias Asphodeloideae, Hemerocallidoideae e [ [Xanthorrhoeoideae]]. Anteriormente, esses três taxa eram tratados como famílias separadas.[13]
A família Asphodelaceae foi transformada em nomen conservandum (nome conservado) em 2017. Anteriormente, o nome «Xanthorrhoeaceae» tinha prioridade.[19] Essa decisão foi antecipada nas listas de famílias do sistema APG IV.[2]
↑ abcdStevens, P.F. «Asphodelaceae». Angiosperm Phylogeny Website. Missouri Botanical Garden. Consultado em 12 de junho de 2016
↑ abcdeAngiosperm Phylogeny Group (2016). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV». Botanical Journal of the Linnean Society. 181 (1): 1–20. doi:10.1111/boj.12385
↑Rudall, P.; Furness, C.A.; Chase, M.W.; Fay, M.F. (1997), «Microsporogenesis and pollen sulcus type in Asparagales (Lilianae)», Can. J. Bot., 75 (3): 408–430, doi:10.1139/b97-044
↑Stevens, P.F. «Asparagales». Angiosperm Phylogeny Website. Missouri Botanical Garden. Consultado em 12 de junho de 2016
↑Chase, M.W.; De Bruijn, A.Y.; Cox, A.V.; Reeves, G.; Rudall, P.; Johnson, M.A.T.; Eguiarte, L.E. (2000). «Phylogenetics of Asphodelaceae (Asparagales): An analysis of Plastid rbcL and trnL-F DNA sequences». Annals of Botany. 86 (5): 935–951. doi:10.1006/anbo.2000.1262
↑ abcRudall, P. J. (2003). «Unique Flower Structures and Iterative Evolutionary Themes in Asparagales: Insights from a Morphological Cladistic Analysis». The Botanical Review. 68 (4): 488–509. doi:10.1663/0006-8101(2002)068[0488:UFSAIE]2.0.CO;2
↑ abChase, M. W.; Reveal, J.L.; Fay, M.F. (Agosto de 2009). «A subfamilial classification for the expanded asparagalean families Amaryllidaceae, Asparagaceae and Xanthorrhoeaceae». Botanical Journal of the Linnean Society. 161 (2): 132–136. doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00999.x
↑Dion S. Devey, Ilia Leitch, Paula J. Rudall, J. Chris Pires, Yohan Pillon, and Mark W. Chase. 2006. "Systematics of Xanthorrhoeaceae sensu lato, with an emphasis on Bulbine". Aliso22(Monocots: Comparative Biology and Evolution):345-351. ISSN0065-6275.
↑Kubitski, Klaus, ed. (27 de agosto de 1998). The Families and Genera of Vascular Plants volume III. Berlin;Heidelberg, Germany: Springer-Verlag. ISBN978-3-540-64060-8
↑Angiosperm Phylogeny Group (1998). «An ordinal classification of the families of flowering plants». Annals of the Missouri Botanical Garden. 85 (4): 531–553. JSTOR2992015. doi:10.2307/2992015