São plantas glabras com rizoma horizontal, longo. Escapos de até 45 x 1,5 cm, numerosos, estriados. Folhas de até 10 cm de comprimento, purpuráceas, com parte externa trinervada verde, frecuentemente prolongadas num mucrão. Flores rodeadas de 6-7 brácteas de 4,5-10 mm, coriáceas, ovadas ou oblongas, a externa ovado-lanceolada e longamente mucronada. Tépalas de 15-20 mm de comprimento, oblongas, obtusas, persistentes, com parte superior divaricada e parte inferior formando um tubo rodeado pelas brácteas, azul-violeta, raras vezes brancas. Estames mais curtos que as tépalas, com anteras de 1-1,5 mm, amarelas. Cápsulas de 3,54 mm, apiculadas. Sementes densa e diminutamente tuberculadas, negras. Floresce e fructifica de fevereiro a junho.[6]
A planta produz agrupamentos de inflorescências escaposas, cujos escapos são na realidade o principal órgão foto-sintético, já que as folhas escariosas na base não são fotossintéticas. A inflorescência tem poucas flores, com tépalas usualmente azuis de tamanho mediano. O número de cromosomas é n=16.[7] A planta apresenta grandes semelhanças morfológicas com os membros do género Sisyrinchium.
Aphyllanthes são plantas muito utilizadas em jardins de rochas devido a serem os solos secos e rochosos o seu habitat preferido. Por serem originários do Mediterrâneo, estão adaptados ao calor e à seca. Além disso, as suas flores grandes e brilhantes são uma característica atraente que resultou no aumento do cultivo dessa espécie para introdução no mercado das flores de corte.
Distribuição
A única espécie que integra esta subfamília monotípica, Aphyllanthes monspeliensis, ocorre nas regiões costeiras do Mediterrâneo Ocidental, na metade sul da França, metade oriental da Península Ibérica e alguns pontos do norte de África.[8] Ocorre até aos 1600 (1800) metros de altitude,[9] sendo rara a presença em lugares muito áridos.
Filogenia e sistemática
Filogenia
Tradicionalmente incluído nas Liliaceae, o género Aphyllanthes foi reconhecido, com base nos resultados de múltiplas análises, ao nível taxonómico de subfamília pelos modernos sistemas de classificação filogenética, como o sistema APG III (de 2009)[10] e o APWeb (2001 em diante),[11] que a incluem numa família Asparagaceaesensu lato (ver Asparagales para uma discussão deste último clado).
Apesar disso, o género Aphyllanthes aparece com uma variação muito longa numa análise incorporando três genes,[12] pelo que a sua posição filogenética é pouco clara, mas a sua remoção de algumas análise disminui drasticamente o apoio.[13] Uma relação de Aphyllantes como grupo irmão de Scilloideae (antes Hyacinthaceae) foi encontrada num estudo de 2001.[14] mas estudos poeteriores permitem colocá-lo como grupo-irmão de Lomandroideae (antes Laxmanniaceae), mas com baixo apoio.[15]
A árvore filogenética das Asparagales 'nucleares', incluindo aquelas famílias que foram reduzidas ao estatuto de subfamílias, é a que se mostra abaixo. O grupo inclui as duas maiores famílias da ordem, isto é, aqueles com maior número de espécies, as Amaryllidaceae e as Asparagaceae.[16][17] Nesta circunscrição taxonómica a família Amaryllidaceae é o grupo irmão da família Asparagaceae e a subfamília Aphyllanthoideae o grupo irmão do clado constituídos pelas Brodiaeoideae + Scilloideae.
A subfamília é reconhecida pelo sistema APG IV, de 2016 (sem alterações desde o sistema APG II de 2003)[10][18] Aphyllanthoideae era anteriormente tratada ao nível de família, como Aphyllanthaceae.
A subfamília integra um único género e uma única espécie (de acordo com Royal Botanic Gardens, Kew):[19][20]
A espécie é conhecida pelo nome comum de «junquilho-azul».[21]
Referências
↑ abChase, M.W.; Reveal, J.L.; Fay, M.F. (2009), «A subfamilial classification for the expanded asparagalean families Amaryllidaceae, Asparagaceae and Xanthorrhoeaceae», Botanical Journal of the Linnean Society, 161 (2): 132–136, doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00999.x
↑The Angiosperm Phylogeny Group III ("APG III", em ordem alfabética: Brigitta Bremer, Kåre Bremer, Mark W. Chase, Michael F. Fay, James L. Reveal, Douglas E. Soltis, Pamela S. Soltis y Peter F. Stevens, además colaboraron Arne A. Anderberg, Michael J. Moore, Richard G. Olmstead, Paula J. Rudall, Kenneth J. Sytsma, David C. Tank, Kenneth Wurdack, Jenny Q.-Y. Xiang y Sue Zmarzty) (2009). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III.». Botanical Journal of the Linnean Society (161): 105-121. Cópia arquivada em 25 de maio de 2017 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
↑«Aphyllanthoideae». Atlas de la flora del Pirineo Aragonés, vol. II. Luis VILLAR PÉREZ, José Antonio Sesé Franco & José Vicente Ferrandéz Palacio. Consultado em 22 de março de 2014.
↑ abThe Angiosperm Phylogeny Group III ("APG III", en orden alfabético: Brigitta Bremer, Kåre Bremer, Mark W. Chase, Michael F. Fay, James L. Reveal, Douglas E. Soltis, Pamela S. Soltis y Peter F. Stevens, además colaboraron Arne A. Anderberg, Michael J. Moore, Richard G. Olmstead, Paula J. Rudall, Kenneth J. Sytsma, David C. Tank, Kenneth Wurdack, Jenny Q.-Y. Xiang y Sue Zmarzty) (2009). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III.». Botanical Journal of the Linnean Society (161): 105-121 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
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↑McPherson, M. A.; Graham, S. W. (2001). «Inference of Asparagales phylogeny using a large chloroplast data set. Abstract.». Botany 2001. 126 páginas
↑Pires, J. C.; Maureira, I. J., Givnish, T. J., Sytsma, K. J., Seberg, O., Petersen, G., Davis, J. I., Stevenson, D. W., Rudall, P. J., Fay, M. F., y Chase, M. W. (2006). «Phylogeny, genome size, and chromosome evolution of Asparagales.». Aliso (22): 278-304. Consultado em 25 de fevereiro de 2008 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
Stevens, P. F. (2001). «Aphyllanthaceae». Angiosperm Phylogeny Website (Versão 9, junno de 2008, actualizado desde então) (em inglês). Consultado em 15 de janeiro de 2009
Soltis, D. E.; Soltis, P. F., Endress, P. K., y Chase, M. W. (2005). «Asparagales». Phylogeny and evolution of angiosperms. Sunderland, MA: Sinauer Associates. pp. 104–109 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
Watson, L.; Dallwitz, M. J. «Doryanthaceae». The families of flowering plants: descriptions, illustrations, identification, and information retrieval.Version: 25th November 2008 (em inglês). Consultado em 15 de janeiro de 2009