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João Aroldo Pereira (Coração de Jesus, 06 de outubro de 1959) é poeta, ator, compositor, performer, agitador cultural e funcionário público. Reside em Montes Claros-MG desde 1961, é um dos fundadores do grupo de literatura e teatro Transa Poética, surgido em 1979, e coordena o festival de arte contemporânea Psiu Poético,[1] criado em 1987. O Psiu ocorre anualmente em Montes Claros, do dia 04 (dia municipal da poesia) a 12 de outubro, com sede no Centro Cultural Hermes de Paula. Desde 2018, também ocorre em Belo Horizonte no mês de março.[2]
Biografia
Nascido em Coração de Jesus no ano de 1959, mudou-se com sua mãe Juscelina Pereira Neta (1930-2022) para Montes Claros em 1963 e vive nesta cidade desde então, onde é servidor público e agitador cultural, através principalmente do Psiu Poético. Em 1990 o nome do poeta ganhou verbete na Enciclopédia de Literatura Brasileira[3] e é considerado um dos representantes da literatura afrodescendente no Brasil.[4]
Em 2007, Aroldo ajudou a fundar e se tornou sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros.[5] Em 2007, recebeu a medalha do Sesquicentenário de Montes Claros, onde também é cidadão honorário.[6] Em 2010, sua obra Parangolivro foi selecionada para o vestibular da Universidade Estadual de Montes Claros[7], pela qual, em 2017, recebeu o título de Doutor Honoris Causa.[8] Ainda em 2017, teve a canção Deprê gravada por Elcio Lucas no disco Vago Universo.[9]
Aroldo é pai de seis filhas (os), Amora, Amanda, Renata, Samuel, Lucas e Maluh.
Aroldo Pereira e a Geração Mimeógrafo
Situado no norte de Minas Gerais, Aroldo fez parte da Geração mimeógrafo, teve suas primeiras publicações nos anos 1980 através da chamada poesia marginal, ou seja, apelando para o mimeógrafo como forma de pôr em circulação suas produções.[10]
Seu primeiro livro mimeografado, Canto de encantar serpente, foi lançado através de um recital em 1981, e foi barrado pela diretoria do Centro Cultural por considerar a obra um atentado à moral e aos bons costumes da família.[11][12] Seguiu-se a este a publicação alternativa de Azul geral (1981), que não foi liberado para vendas na Feira de Artes de Montes Claros.[13] Nos anos seguintes foram lançados Haikai quem quer (1984) e Amor inventado: doces pérolas púrpuras (1986), que mantiveram a tendência de publicação independente da geração mimeógrafo nos anos 1980, no final da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985).[10]
Poesia de Aroldo Pereira
Na década de 1990, Aroldo Pereira publicou seu primeiro livro em formato convencional, Cinema bumerangue (1997), que foi acompanhado de textos assinados por Lêdo Ivo[14] e Jorge Mautner.[15] Em 2007 lançou Parangolivro e em 2023 lançou Parangolares[16].
Do primeiro ao último livro, a poesia de Aroldo apresenta caráter autobiográfico e narcísico, ao tempo que busca ser representativa de uma coletividade, ao apresentar denúncias às opressões e desigualdades sociais e raciais.[13]
Do ponto de vista estético, seus escritos são marcados por versos livres, ausência de métrica e usos de neologismos. Seus poemas revelam constantemente o atrito do "eu versus mundo", típico de Carlos Drummond, que traduz as inquietações cotidianas/existenciais sem respeito à métrica. Sua marginalidade dialoga com Leminski, Chacal, Cacaso e Ana Cristina Cesar, que conformam a linguagem e o plano de fundo histórico de suas primeiras criações. O Tropicalismo também se faz presente nos seus versos, com destaque para os diálogos com Torquato Neto e Waly Salomão.[17][18]
Outras correntes estéticas do século XX, como a Geração beat e o rock and roll, constituem a poética de Aroldo Pereira, tendente à coloquialidade, ao humor, ao erotismo, à crítica e ao experimento rítmico que envolvem a banalidade do cotidiano.[17]
Ivana Ferrante Rebello[19] descreve eixos temáticos da poesia de Aroldo a partir desses critérios, resumidos em 1) sentimento de inadequação ao mundo; 2) crítica social e 3) subversão estética. Esse conjunto estabelece a matriz da poesia aroldiana: o eu-lírico situado à margem cultural, social, econômica, política e geográfica. Busca afirmar a arte como ferramenta de interação e transformação, simbolizada no Parangolé, avessa à arte com finalidade em si mesma.[19]
↑COUTINHO, Afrânio; SOUZA, José Galante de (1990). Enciclopédia de Literatura Brasileira. 2. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras. p. 1045. ISBN8522202419
↑DUARTE, Eduardo de Assis (2014). Literatura e Afrodescendência no Brasil. antologia crítica. Belo Horizonte: UFMG. p. 7. ISBN9788570419040
↑ abOLIVEIRA, Ilca Vieira de; LUCAS, Elcio (2014). «Aroldo Pereira». Eduardo de Assis Duarte (Org). Literatura e Afrodescendência: antologia crítica. 3. Belo Horizonte: Editora UFMG. pp. 363–364. ISBN9788570419040
↑JOSÉ, Adair (28 de agosto de 1981). «Canto de irritar serpentes». Caderno Destaque. Jornal de Minas.
↑OLIVEIRA, Ilca Vieira de; LUCAS, Elcio (2014). Aroldo Pereira. In.: DUARTE, Eduardo de Assis. Literatura e Afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Belo Horizonte: UFMG. p. 363. ISBN9788570419040
↑ abOLIVEIRA, Ilca Vieira de; LUCAS, Elcio (2014). Aroldo Pereira. In.: DUARTE, Eduardo de Assis (Org). Literatura e Afrodescendência no Brasil. 3. Belo Horizonte: UFMG. p. 363-368. 363-374 páginas. ISBN9788570419040
↑ abOLIVEIRA, Ilca Vieira de; LUCAS, Elcio (2014). Aroldo Pereira. In.: DUARTE, Eduardo de Assis (Org). Literatura e Afrodescendência no Brasil. 3. Belo Horizonte: UFMG. pp. 364–374. ISBN9788570419040