Armand-Augustin-Louis, Marquês de Caulaincourt, Duque de Vicenza[1] (Caulaincourt, 9 de dezembro de 1773 – Paris, 19 de fevereiro de 1827) foi um oficial do exército francês, além de diplomata e um dos principais conselheiros do imperador Napoleão Bonaparte.[2]
Começo
Armand de Caulaincourt foi o filho mais velho de Louis Gabriel, o marquês de Caulaincourt, um nobre e general do exército francês. Nascido em Caulaincourt, Aisne, na região norte francesa da Picardia, ele seguiu os passos do pai e se alistou aos 15 anos.
Carreira militar
No começo das guerras revolucionárias francesas, em 1792, Caulaincourt já havia sido promovido ao posto de capitão e servia no estado-maior do seu tio, Harville. Sua linhagem nobre causou certo desconforto com a liderança revolucionária, o que levou Caulaincourt a se alistar na Guarda Nacional em Paris como um soldado comum. Mesmo assim, foi denunciado como um aristocrata e preso. Ele fugiu da cadeia e retornou para o exército. Em três anos, ele ganhou novamente sua velha patente, servindo o general Lazare Hoche. Ele então foi promovido a patente de coronel no Exército do Reno. Em 1801, Caulaincourt já havia participado de treze campanhas militares e havia sido ferido duas vezes.
Em 1804, Caulaincourt foi enviado por Napoleão para ir além do Reno para capturar agentes ingleses em Baden. Ele então, a mando de Bonaparte, ordenou a captura de Louis Antoine de Bourbon, o Duque d’Enghien. Em Paris, Louis Antoine foi julgado e condenado a morte por um tribunal militar. Caulaincourt, um aristocrata, recebeu ordens de dar a notícia da execução do duque para os outros aristocratas. Segundo informações, ele teria chorado ao saber da morte de Bourbon. Os apoiadores da velha monarquia, contudo, culparam Caulaincourt e questionaram sua integridade e honra. Depois deste evento, ele começou a ter uma visão diferente de Napoleão. Ele passou então a tratar seu líder ainda com cortesia, mas com uma honestidade e franqueza maior do que a dos demais ajudantes. No mesmo ano, Napoleão foi coroado imperador dos franceses.[3]
Desde a nomeação de Napoleão Bonaparte para ocupar a coroa, Caulaincourt recebeu várias honras e trabalhos. Em 1808 recebeu o título de Duque de Vicenza. No ano anterior, ele tinha sido apontado novamente como embaixador em São Petersburgo, Rússia, onde ele supervisionou a implementação do Tratados de Tilsit, que firmava a paz entre o Império Francês e o Russo. Durante este período, ele forjou uma boa amizade com o então Czar russo, Alexandre I. Ele até tentou montar um casamento entre Napoleão e uma das irmãs do imperador da Rússia, mas não conseguiu. Em 1811, com a paz entre as duas nações se deteriorando, Napoleão mandou Caulaincourt retornar a França, dizendo ao Czar que o duque estava retornando devido a "problemas de saúde".[3]
Campanha russa
Em 1812, Caulaincourt aconselhou Napoleão a não prosseguir com os planos de invadir a Rússia, mas não conseguiu dissuadir o imperador. Ele então acompanhou Napoleão como Grand Ecuyer, ou Oficial de Cavalos, onde uma de suas responsabilidades era cuidar dos cavalos do imperador, e cuidar dos despachos e ordenanças. Durante toda a campanha ele permaneceu ao lado do seu monarca. Durante a Batalha de Borodino, o irmão de Caulaincourt, o major-general Auguste-Jean-Gabriel de Caulaincourt, foi morto em ação.[3]
Após Moscou ter sido conquistada, Caulaincourt alertou Napoleão da dureza e dos perigos do inverno russo. O imperador então se dispôs a manda-lo para São Petersburgo novamente para tentar negociar algum tipo de armistício mas ele se recusou, dizendo que o Czar russo não negociaria enquanto tropas francesas estivessem ocupando a capital do país. Durante a retirada de volta à Europa ocidental, em dezembro de 1812, Caulaincourt notou a desintegração do exército e implorou para Napoleão retornar a França o mais rápido possível para estabilizar a situação no país e no continente. O imperador seguiu seu conselho.
Retorno a França
Após a desastrada retirada francesa da Rússia, ao fim de 1812, ele foi nomeado "Grande Mestre do Palácio" e foi encarregado dos deveres diplomáticos em nome do imperador. Caulaincourt assinou o armistício de Pleswitz, em junho de 1813, que suspendeu, por um período de sete semanas, as hostilidades entre a França, a Prússia e a Rússia. Ele então representou o seu país no congresso de Praga, em agosto de 1813. Ao fim da guerra da sexta Coalizão, em 1814, ele também esteve presente durante a assinatura do Tratado de Fontainebleau, em abril. Este acordo exilou Napoleão na Ilha de Elba, forçando sua abdicação do trono. É creditada a Caulaincourt a ideia do exílio que, graças a sua amizade com o imperador Alexandre I, permitiu que Napoleão mantivesse seu título e soberania sobre a pequena ilha para onde foi mandado.[4]
Quando Napoleão escapou de Elba em fevereiro de 1815 e retomou seu trono, Caulaincourt foi escolhido pelo imperador para ser seu ministro das relações exteriores. Ele tentou então persuadir a Europa a não atacar e que Bonaparte tinha apenas intensões pacíficas. Contudo, uma nova Coalizão de países europeus se levantou e atacou a França com o propósito de depor Napoleão do trono de uma vez por todas. O imperador francês conseguiu governar o país por apenas Cem Dias, culminando na desastrosa batalha de Waterloo.
Após a segunda queda de Napoleão do poder, Caulaincourt foi ameaçado de prisão e execução durante um período que ficou conhecido como o "Segundo Terror Branco", na segunda restauração Bourbon, mas ele escapou de ser processado por traição devido a intervenção do Czar Alexandre I.
Últimos anos
Caulaincourt passou o resto da vida em Paris. Durante o reinado de Napoleão, ele foi um dos conselheiros mais fiéis e leais do imperador.[5] Seu nome está gravado no monumento do Arc de Triomphe e há uma rua em Paris com seu nome. Seu filho mais velho serviu como senador durante o governo de Napoleão III.
Caulaincourt morreu em Paris, em 1827, aos 53 anos de idade, devido a um câncer no estômago.
Referências
↑Fierro, Alfredo; Palluel-Guillard, André; Tulard, Jean – "Histoire et Dictionnaire du Consulat et de l'Empire", Éditions Robert Laffont, ISBN 2-221-05858-5
↑Bohn, H.G. The History of the Restoration of Monarchy in France. 1854.
↑ abcCaulaincourt, Armand-Augustin-Louis With Napoleon in Russia, traduzido por Jean Hanoteau New York, Morrow 1935.
↑Liddell Hart, B.H. The German Generals Talk. New York, NY: Morrow, 1948.
↑Count de Las Cases, Memorial de Sainte Hélène Vol VII: Quote from Napoleon: "Hugues-Bernard Maret and Caulaincourt, two men of heart and uprightness."