Não se pode falar da história de Ariri sem mencionar Ararapira, vila histórica que atualmente faz parte do município de Guaraqueçaba, estado do Paraná[3].
Sem um consenso entre Paraná e São Paulo sobre a parte terrestre que faria a divisa entre os estados, o Governo Federal acabou intervindo no ano de 1920, de forma a acabar com as disputas intermináveis que se fixaram em marcos como relevos e limites municipais[3].
Com essa intervenção, ficou estabelecido que a linha divisória fosse a partir do litoral dos dois estados, onde a vila de Ararapira, então pertencente a Cananéia, passou a fazer parte do município de Guaraqueçaba[3].
Os então moradores de Ararapira, paulistas por nascimento, se revoltaram. Descontentes com a anexação da vila ao Paraná, a maior parte dos ararapirenses atravessou o Canal do Varadouro e se estabeleceu em território paulista[4].
Pouco tempo depois chegavam à cidade de Cananéia diversos moradores do local, informando a resolução tomada por muitos deles e solicitando o amparo dos poderes municipais, para designar-lhes um novo local nesta cidade onde pudessem construir suas casas[4].
Comovendo as autoridades, logo o governo do Estado apresentou ao Congresso projeto de lei solicitando autorização para prestar o auxílio necessário. Pelo Projeto de Lei nº 40 de 1920 o distrito de paz de Ararapira passava a denominar-se Ariri e teria por sede a povoação deste nome[5].
Enquanto o projeto era apreciado no Congresso do Estado, a Câmara de Cananéia tomava providências quanto à aquisição da área onde seria construída a futura vila do Ariri, e uma comissão foi encarregada para esse fim. Essa comissão partiu de Cananéia no dia 12 de novembro de 1920, a bordo do vapor João Martins da Companhia de Navegação Fluvial Sul Paulista, com destino à vila de Ararapira[4].
De lá partiram, então, em demanda do Morro das Pedras, um lugar pitoresco e amplo. Recebidos pelos proprietários das terras, examinaram detalhadamente a topografia local e tudo o que foi necessário. Sendo aprovado o local, o prefeito foi autorizado a adquirir uma parte da referida propriedade[4].
A área destinada à vila do Ariri, composta por várias glebas, foi adquirida de Evaristo Francisco Xavier e sua mulher, de Antônia Lourença Alves e de Hypolita Maria do Espírito Santo, sendo as escrituras lavradas em 4 de março de 1921. No dia 23 de março de 1922 essa área era aumentada, com a aquisição de outra parte que pertencia à Júlio Alves Dias e sua mulher Anna Felipe Dias[4].
Dessa forma a sede do distrito de paz de Ararapira foi oficialmente transferida para a margem oposta do Canal do Varadouro, em território paulista, sob a denominação de Ariri, denominação essa proposta pela Comissão de Estatística[4].
Para isso, na nova vila de Ariri construíram um colégio, uma cadeia, um cartório e um tabelionato. Para atender os reclamos da sociedade local, foi fixado um destacamento da Força Pública para guarnecer a nova divisa territorial, disfarçada com o fim de cuidar da cadeia[6].
Com o colégio foram mantidos funcionários públicos do estado, justificando assim a posse política sobre aquele território e dando condições para que houvesse a pretendida imigração e povoação da vila. E com o cartório os atos civis, certificados pelo registro civil e pelas notas do tabelião, demonstravam a territorialidade paulista[6].
Formação administrativa
A Lei nº 1.073 de 21/08/1907 cria o distrito de Ararapira no município de Cananéia, com sede na vila histórica de Ararapira[7][8].
A Lei nº 1.736 de 27/09/1920 fixa as divisas do estado de São Paulo com as do Paraná, e com isso a vila de Ararapira passou a integrar o estado do Paraná[9][10][11].
Pela Lei nº 1.757 de 27/12/1920 a sede do distrito foi transferida para Ariri[5][12].
O distrito tentou a emancipação político-administrativa e ser elevado à município, através de processo que deu entrada na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo no ano de 1999, mas o processo encontra-se com a tramitação suspensa[13].
Geografia
Localização
Ariri localiza-se no extremo sul do estado, na divisa com o Paraná. Faz parte de seu território a parte sul da Ilha do Cardoso, onde está localizada a comunidade caiçara do Marujá e o Pontal da Ilha, ponto mais ao sul do estado de São Paulo[14][15].
A área territorial do distrito é de 200,875 km²[17].
Acessos
Marítimo
É o principal acesso ao distrito. A travessia é feita pelo serviço de lanchas do Departamento Hidroviário de São Paulo. A travessia Cananéia - Ariri transporta de 35 a 40 pessoas uma vez ao dia e o percurso é feito em cerca de três horas e meia. O trajeto atende às comunidades ribeirinhas de Marujá e Pontal e é praticamente a única forma de transporte dessas populações[18].
O distrito era atendido pela Telecomunicações de São Paulo (TELESP), que inaugurou a central telefônica utilizada até os dias atuais. Em 1998 esta empresa foi vendida para a Telefônica, que em 2012 adotou a marca Vivo para suas operações[26].
Religião
O Cristianismo se faz presente no distrito da seguinte forma:[27]
↑O termo "cristão" (em grego Χριστιανός, translChristianós) foi usado pela primeira vez para se referir aos discípulos de Jesus Cristo na cidade de Antioquia (Atos cap. 11, vers. 26), por volta de 44 d.C., significando "seguidores de Cristo". O primeiro registro do uso do termo "cristianismo" (em grego Χριστιανισμός, Christianismós) foi feito por Inácio de Antioquia, por volta do ano 100. Tyndale Bible Dictionary, pp. 266, 828
↑«Paróquias». Diocese de Registro. Consultado em 28 de novembro de 2023