António de Oliveira de Cadornega (Vila Viçosa, 1623 — Luanda, 1690) foi um militar e historiador português radicado em Angola.[1]
Nascido numa família de cristãos-novos de Vila Viçosa, Cadornega estudou português e latim nas aulas dos frades de Santo Agostinho. Com apenas 16 anos, ofereceu-se como voluntário para a vida militar, embarcando para Angola no mesmo navio que transportava o recém-nomeado governador-geral, Pedro César de Meneses[2].
Chegado a Luanda a 18 de Outubro de 1639, Cadornega assistiu à tomada da cidade pelos holandeses, refugiando-se no interior, na Vila da Vitória de Massangano, tal como a maioria da população branca da cidade. Colocado no Forte de Massangano durante 28 anos, Cadornega foi, em 1649, promovido a capitão, casando com a filha de Fernão Rodrigues, um dos primeiros povoadores de Luanda[2].
Reformando-se do exército, Cadornega foi nomeado juiz ordinário de Massangano, trocando correspondência com a rainha Jinga. António de Oliveira de Cadornega fez ainda parte do Senado da Câmara de Massangano e foi o primeiro provedor da Misericórdia da vila. Em 1669, mudou a sua residência para Luanda, onde foi vereador da Câmara, assinando papéis nessa qualidade ainda em 1685[2].
António de Oliveira de Cadornega faleceu em 1690 em Luanda.
Autodidacta, Cadornega deixou obra vasta e preciosa sobre a ocupação portuguesa de Angola nos séculos XVI e XVII, com destaque para a História Geral das Guerras Angolanas, em três volumes, concluída em 1681. As campanhas militares são o assunto principal da sua obra. Para a sua redacção consultou muitas testemunhas dos acontecimentos, especialmente nos missionários capuchinhos António de Gaeta e João António Cavazzi de Montecúccolo. A rainha Jinga, pela qual Cadornega esteve literalmente fascinado, é a personagem mais presente na sua história[2].
Cadornega forneceu elementos essenciais a numerosos historiadores actuais, designadamente C. R. Boxer[3], Beatrix Heintze[4][5][6], Gladwyn Murray Childs[7], John Thornton[8], entre outros. Cadornega inspirou, também, o escritor angolano Pepetela no seu romance A Gloriosa Família[2].
São-lhe também atribuídos dois manuscritos que se perderam[2]: