Em fevereiro e março de 2014, a Rússia invadiu e posteriormente anexou a Crimeia da Ucrânia por meio de um referendo no qual 96% da população votou a favor da anexação.
Em 20 de setembro, as autoridades das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, bem como as administrações de ocupação dos oblasts de Kherson e Zaporíjia, anunciaram referendos sobre a adesão à Rússia em 23 a 27 de setembro.[8][9][10]
Em 27 de setembro, autoridades russas afirmaram que o "referendo" de adesão em Zaporíjia foi aprovado, com 93,11% dos eleitores a favor da adesão à Federação Russa.[11][12]
Em 29 de setembro, foi relatado que a Rússia anexaria formalmente as regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporíjia e Kherson no dia seguinte, em 30 de setembro.[13]
Algumas estimativas sugerem que a reconstrução dos territórios anexados custaria à Rússia entre 100 e 200 bilhões de dólares.[14] Um orçamento do estado publicado em 29 de setembro pelo Kremlin revelou que 3,3 bilhões de rublos foram reservados para reconstruir as regiões.[15]
O território que a Rússia anexaria equivale a mais de 90 000 km2, ou cerca de 15% da área total da Ucrânia – aproximadamente o tamanho da Hungria ou Portugal.[16]
A Rússia não ocupa totalmente nenhum dos quatro oblasts. Forças ucranianas recuperaram territórios em recentes contraofensivas nas regiões de Kherson e Lugasnk, e ainda detém significativas porções das regiões de Donetsk e Zaporíjia.[17][18] A cidade de Zaporíjia, capital do oblast homônimo, segue sob controle ucraniano.[19][20]
Putin anunciou em um discurso em 30 de setembro que a Rússia havia anexado as quatro regiões ocupadas durante o conflito.[21] Antes da proclamação, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que um ataque ao território recém-anexado seria considerado um ataque à Rússia.[22]
Reações
Alguns observadores pensam que, se a Rússia "anexasse formalmente um vasto pedaço adicional da Ucrânia, Putin estaria essencialmente desafiando os Estados Unidos e seus aliados europeus a arriscar um confronto militar direto", e certamente aumentaria o conflito em andamento entre a Rússia e a Ucrânia.[23]
A subsecretária-geral da ONU para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, rejeitou o referido referendo falso: "As ações unilaterais visavam fornecer um verniz de legitimidade à tentativa de aquisição pela força por um Estado do território de outro Estado, ao mesmo tempo em que alegava representar a vontade do povo, não pode ser considerado legal de acordo com o direito internacional".[24]
Na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas em 30 de setembro de 2022, a votação sobre uma resolução para condenar a Rússia pela anexação desses territórios resultou em 10 votos "sim", 4 abstenções e 1 "não" - a Rússia vetou a resolução.[25][26]
Os Estados Unidos e a União Europeia condenaram a anexação ilegal de quatro regiões da Ucrânia e anunciaram novas sanções contra a Rússia.[27] O presidente estadounidense Joe Biden chamou a anexação de uma "tentativa fraudulenta" de apropriar-se de um território ucraniano.[27] O primeiro-ministro neerlandês Mark Rutte disse: "Os Países Baixos nunca reconhecerão esta anexação, assim como a da Crimeia."[27] "Nós vamos garantir que ele (Poetin) perca essa guerra ilegal.", segundo a primeira-ministra britânica Liz Truss.[27] A primeira-ministra sueca Magdalena Andersson chamou a anexação de uma "farça completa".[27]
No dia 12 de outubro de 2022, 143 dos 193 membros da Assembleia Geral da ONU votaram a favor de uma resolução condenando a anexação de regiões da Ucrânia pela Rússia.[28][29]