Abu Alfadle Maomé ibne Huceine Baiaqui (em persa: ابوالفضل محمد بن حسین بیهقی; romaniz.: Abu'l-Faḍl Muḥammad ibn Ḥusayn Bayhaqī; m. 21 de setembro de 1077), melhor conhecido só como Abu Alfadle Baiaqui, foi um secretário, historiador e autor persa.[1] Educado no centro cultural de Nixapur e empregado na corte do sultão gasnévidaMamude(r. 999–1030), era um homem muito culto, cuja magnum opus - a História de Baiaqui (Tarikh-i Bayhaqi), é vista como a fonte mais confiável de informações válidas sobre o Era Gasnévida, que foi escrita numa prosa persa requintada e viva que se tornaria um modelo ideal para várias eras.[2] Baiaqui é elogiado pelos estudiosos modernos por sua franqueza, precisão e estilo elegante em seu livro, que gastou 22 anos para escrever, terminando-o em trinta volumes, dos quais apenas cinco volumes e metade do sexto existem hoje. Julie Scott Meisami coloca Baiaqui entre os historiadores da Idade de Ouro Islâmica.[3]
Vida
Primeiros anos
Baiaqui nasceu na aldeia de Haretabade em Baiaque, na província do Coração, então sob o governo do declinante Império Samânida; em 998, o emir gasnévidaMamude(r. 998–1030) declarou independência dos samânidas e, então, dividiu o Império Samânida com o Canato Caracânida, encerrando a dinastia samânida.[4] Em sua juventude, Baiaqui estudou no principal centro cultural de Nixapur e, mais tarde, em 1020/1, ingressou no secretariado (divã e reçalate) de Mamude, onde trabalhou como assistente e aluno do secretário-chefe Abu Nácer Muscã por 19 anos. Após a morte de Muscã em 1039/40, Maçude I(r. 1030–1040) nomeou Baiaqui como ministro de Abu Sal Zauzani, que sucedera Muscã como secretário-chefe do império. Muscã insistiu substancialmente com o sultão para que Baiaqui fosse seu sucessor, e o vizir persa Amade de Xiraz também elogiou-o por seus serviços ao sultão. Baiaqui (que tinha então 46 anos) foi supostamente informado por Maçude que era muito jovem para ser nomeado o novo secretário-chefe.[5]
Carreira tardia
Zauzani não era tão hábil na gestão do secretariado como seu antecessor, e seus métodos eram completamente diferentes. Além disso, Baiaqui foi muitas vezes vítima de seu mau humor, o que fez com que este último enviasse uma carta secreta de renúncia de sua responsabilidade ao sultão, que, no entanto, encorajou-o a continuar servindo em seu posto, enquanto ordenava a seu vizir que informasse a Zauzani que devia se comportar adequadamente em relação a Baiaqui na secretaria. Isso ele fez, no entanto; Maçude morreu pouco depois, sendo abandonado por seu exército, após uma derrota desastrosa contra os turcos seljúcidas, que tomaram o Coração. A morte de Maçude fez com que Zauzani retomasse seu tratamento ruim. Baiaqui experimentou vários problemas após a morte de Maçude, provavelmente em parte devido às suas próprias falhas, que ele mesmo muitas vezes reconhece.[5]
Durante o reinado de Abde Arraxide(r. 1049–1052), Baiaqui foi finalmente escolhido como secretário-chefe. Foi, no entanto, após um curto período removido do cargo. De acordo com ibne Funduque, foi preso pelo juiz (cazi) de Gásni sob a acusação de não ter cumprido a taxa obrigatória não paga a uma esposa, mas de acordo com Aufi, a razão por trás de sua prisão foi devido às manobras de seus inimigos. Um escravo chamado Tumã (ou Nuiã) foi posteriormente ordenado pelo sultão a confiscar os bens de Baiaqui. Em 1052, o rebelde soldado-escravo (gulam) Tugril capturou Gásni, mandou matar Abde Arraxide e encarcerar o sultão numa fortaleza, para onde Baiaqui também foi transferido. No entanto, o reinado de Tugril durou apenas 15 dias; foi derrotado e morto pelos lealistas gasnévidas, que colocaram Farruquezade(r. 1053–1059) no trono. Baiaqui foi então libertado da prisão.[5]
História de Baiaqui e morte
De acordo com ibne Funduque, Baiaqui serviu como secretário de Farruquezade e no final do reinado deste se retirou da vida burocrática e se estabeleceu em Gásni, onde começou a escrever a História de Baiaqui (Tarikh-i Bayhaqi). No entanto, a julgar pelos poucos comentários de Baiaqui em seu livro sobre o reinado de Farruquezade, parece que não esteve ativo na corte. Na verdade, evidentemente relata que durante aqueles anos se ocupou em escrever sua história. De acordo com o Aḵbār al-dawla al-saljūqīya (Crônicas do Estado Seljúcida), Baiaqui formulou o tratado de paz entre seljúcidas e gasnévidas em 1058.[6] Portanto, pode ter sido chamado de volta ao trabalho depois de sua desonra e prisão durante o governo de Abde Arraxide. De qualquer forma, as informações do Tarikh-i Bayhaqi evidentemente mostram que em sua velhice, até sua morte em 1077, havia se comprometido totalmente com a escrita do livro.[5]
Amirsoleimani, Soheila (1999). «Truths and Lies: Irony and Intrigue in the Tārīkh-i Bayhaqī». Abington: Taylor & Francis. The Uses of Guile: Literary and Historical Moments. 32 (2)
Bosworth, C. Edmund (1995). The Later Ghaznavids: Splendour and Decay: The Dynasty in Afghanistan and Northern India 1040-1186. Londres: Munshiram Manoharial Publishers Private. ISBN9788121505772
Bosworth, C. Edmund (abril de 2004). «An Oriental Samuel Pepys? Abuʾl-Faḍl Bayhaqī's Memoirs of Court Life in Eastern Iran and Afghanistan, 1030-1041». Jornal da Real Sociedade Asiática. Série Três. 14 (1)
Bosworth, C. Edmund (2012). «Maḥmud b. Sebüktegin». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia
Dabashi, Hamid (2012). The World of Persian Literary Humanism. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Harvard. ISBN978-0674070615
Yusofi, G. H. (1988). «Bayhaqī, Abu'l-Fażl». Enciclopédia Irânica Vol. III, Fasc. 8. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia
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