A Cultura Brasileira — Introdução ao Estudo da Cultura no Brasil é um livro sobre sociologia de Fernando de Azevedo publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1943, e um ano depois pela Editora Nacional.[1] O livro é considerado sua obra-prima, e é um dos escritos fundadores da história da educação no Brasil, com sua teoria sendo aplicada até os dias de hoje.[2]
Antecedentes
No século XX, diversos países passaram a se preocupar sobre o progresso de suas nações. No âmbito internacional, o Brasil havia sido considerado um exemplo de diversidade durante e após a Segunda Guerra Mundial, o que levou a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a financiar pesquisas raciais no país. O órgão, porém, concluiu que o país era desigual. No âmbito nacional, surgiu uma necessidade de criar uma identidade nacional. A sociologia passou por um momento de transformação, onde o marxismo começou a ser considerado uma alternativa para as explicações sociológicas vigentes até então, consideradas por parte dos intelectuais como falsas. De acordo com Fernando Mota, "(...) atingiu-se a formulação clara segundo a qual a Cultura Brasileira existe apenas para seus ideólogos".[3]
Fernando de Azevedo foi um cientista importante no Brasil durante o século XX, que contribuiu nas áreas de educação e sociologia. Também foi jornalista e teve grande participação na política do país, sendo um dos criadores do Ministério da Educação e um dos articuladores para a criação da Universidade de São Paulo (USP).[4]
A obra foi escrita sob encomenda para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), durante o Estado Novo, como uma introdução ao censo demográfico. Na época, Azevedo trabalhava como editor da Biblioteca Pedagógica Brasileira e acabava de começar sua atuação na USP, já sendo reconhecido por seu trabalho.[2]
Conteúdo
O livro é dividido em três partes, intituladas “Os fatores da cultura” (cinco capítulos), “A Cultura” (seis capítulos) e “A transmissão da Cultura” (cinco capítulos), onde Fernando de Azevedo estuda os ciclos econômicos do Brasil, desde o pau-brasil até a industrialização, e analisa a formação cultural do país.[5] Ele também possuía um caderno iconográfico de 232 páginas, além de uma série de ilustrações, algo não tão comum na época.[2] Originalmente, ele fora planejado para ser desdobrado em mais de quinze volumes.[6]
No livro, Azevedo tentou conciliar as visões sociológicas funcionalista, de Malinowski, racialista, de Romero e Viana, e culturalista, de Boas e Freyre, traçando uma visão nacionalista dos problemas do Brasil. Ele conclui que não há como haver desenvolvimento econômico sem o preparo cultural para a "invenção e a iniciativa".[5] Para o autor, as reformas educacionais feitas pela Revolução de 30 foram o mais próximo que o governo brasileiro conseguiu de chegar em tal objetivo, com a centralização da educação e a homogeneização da cultura brasileira. Como base teórica, Azevedo rejeita a cultura como definida pela antropologia e abraça ideias conservadoras de sociólogos franceses e historiadores alemães, onde ela não é transmitida pela genética, mas pelas relações geracionais.[2][5] Ele também define a civilização como a capacidade do povo de exercer controle de suas emoções.[6]
Recepção
A obra foi bem recebida pelo público, ganhando traduções para o inglês e o espanhol, e havia interesse em uma tradução para o alemão. O livro ganhou o total de sete edições.[2] A quinta edição foi esgotada, sendo vendidos 35 mil exemplares em português e 10 mil em inglês.[6]
Referências
Ligações externas