A unidade considera-se tradicional,[1] traçando sua genealogia desde o Terço do Rio de Janeiro fundado por Mem de Sá em 1567[2] a partir de companhias independentes.[3] Era a tropa paga, regular (ao contrário das Ordenanças), disponível na cidade, e seu mestre de campoFrancisco de Castro Morais foi também governador interino. Em 1700, com a criação de uma nova unidade, eles foram distinguidos pelos termos “Terço Velho” e “Terço Novo”. Ainda assim as defesas da cidade eram precárias.[4] Cada terço orçava 600 homens.[5]
Unido ao Regimento de Bragança, vindo de Portugal, deu origem ao 1º Regimento de Infantaria do Rio de Janeiro em 1793.[2] Ele foi abolido em 1824, cortando a ligação histórica, restabelecida, conforme o histórico oficial, na criação do 1º Batalhão de Infantaria em 1841.[1] O Arquivo Histórico do Exército enumera uma cadeia de mudanças de nome, com a abolição do regimento em 1818, tornando-se o 1º Batalhão de Fuzileiros, e em seguida o 2º Batalhão de Caçadores da Corte (1822) e 2º Batalhão de Caçadores (1824), dissolvido em 1832 e reorganizado em 1842 como o 1º Batalhão de Fuzileiros. Este, por sua vez, tornou-se 1º Batalhão de Infantaria Pesada em 1870 e 1º Batalhão de Infantaria em 1888.[6] Durante a Guerra do Paraguai o 1º Batalhão de Infantaria fez parte, ao lado de outros batalhões, da 7ª Brigada da 3ª Divisão de Infantaria, comandada pelo Brigadeiro Sampaio.[7] Em 1889 ele fazia parte da 2ª Brigada, no Rio de Janeiro.[8]
Em 1908, com a reorganização do Exército, o 1º Batalhão foi fundido ao 7º e 20º para formar o 1º Regimento de Infantaria (RI), sediado a partir de 1913 na nova Vila Militar.[1] Em 1922 ele fazia parte da 1ª Brigada de Infantaria, subordinada, por sua vez, à 1ª Divisão de Infantaria (DI).[9]Em 1938 teve nova subordinação, passando a integrar a Infantaria Divisionária da 1ª DI.[10] Em 1940, com a promoção do culto a Sampaio e sua elevação a patrono da arma da infantaria, o 1º RI recebeu o título de “Regimento Sampaio”; pouco depois ganhou um estandarte próprio, com três estrelas representando as feridas de Sampaio na batalha de Tuiuti.[11]
Em 1964 o regimento era considerado uma das melhores unidades de infantaria do Exército,[12] embora não tão completo quanto o Regimento-Escola de Infantaria.[13] Como era comum, em 1960 tinha apenas dois dos três batalhões de infantaria previstos.[14] Em 1968 o regimento foi transferido a uma nova 1ª Brigada de Infantaria, criada a partir do então Grupamento de Unidades-Escola.[15] Em 1972 essa Brigada tornou-se motorizada, com os dois batalhões do 1º RI tornando-se respectivamente o 1º e 21º Batalhões de Infantaria Motorizada (BI Mtz). À época os regimentos de infantaria foram abolidos.[16] O 21º Batalhão foi desativado em 1976.[6] Em 1980 o 1º BI Mtz havia sido transferido à 9ª Brigada de Infantaria Motorizada (Escola).[17] Essa brigada era uma nova organização, mas com as mesmas funções do Grupamento de Unidades-Escola antigo, devendo ter unidades exemplares para realizar demonstrações táticas às escolas militares.[18]
Em 2015 a unidade foi a primeira a receber blindados VBTP-MR Guarani, tornando-se assim de infantaria mecanizada em 2019.[1]
Atuação
O antigo regimento tem histórico de participação em momentos relevantes da história nacional.[19] Sua criação era reação às invasões francesas, e na Guerra Luso-Holandesa combateu em Angola colonial em 1648.[2] Em 1711 estava entre as forças de defesa do Rio de Janeiro durante um novo ataque francês; os defensores foram derrotados.[3] Em meados do século XVIII a unidade participou de campanhas no Sul, integrando a expedição de demarcação das fronteiras do Tratado de Madri, a partir de 1751, nessa posição lutando nas Guerras Guaraníticas em 1754–1756. Em seguida, combateu contra os espanhóis pelo controle do atual Rio Grande do Sul na década de 1770.[2][20]
O regimento foi um dos escolhidos para integrar a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária na Campanha da Itália, embarcando em setembro de 1944. A Batalha de Monte Castello tornou-se ponto importante de sua identidade;[23] o regimento foi encarregado do ataque principal que tomou o monte, em fevereiro de 1945.[24] No golpe de Estado de 1964 o regimento foi enviado pelo comando legalista para defender o corte do rio Paraíba do Sul contra o Destacamento Tiradentes vindo de Minas Gerais. Em vez disso, ele mudou de lado, alterando o equilíbrio de forças. Sua adesão foi um momento decisivo na vitória do golpe.[12]
↑Savian, Elonir José (2023). Legalidade e Revolução: Rondon combate tenentistas nos sertões do Paraná (1924/1925) 2.ª ed. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército. ISBN978-65-5757-097-5. p. 337 (Anexo I).
↑BRASIL, Decreto-lei nº 609, de 10 de agosto de 1938. Organiza os Comandos das Armas e dá outras providências.
↑Castro, Celso (2002). A invenção do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar