Éclair Group é a empresa francesa integrada à indústria cinematográfica iniciada em 1907, que investiu tanto na parte técnica da produção de cinema, com os Laboratoires Éclair, que se especializaram no desenvolvimento e circulação de filmes na França, além da fabricação e desenvolvimento de projetores e câmeras, quanto em estúdios de filmagem, tais quais a Société Française des Films Éclair, localizada, como o laboratório, em Épinay-sur-Seine, e a Éclair American Company, estúdio da Éclair radicado nos Estados Unidos da América.
Atualmente, após muitas mudanças e incorporações, os Laboratories Éclair fazem parte do Éclair Group, e recentemente seu trabalho entrou na era digital, voltando-se para a restauração de filmes antigos.
Histórico
Fundação
Criada em Épinay-sur-Seine no ano de 1907 pelos industriais Charles Jourjon (1876-1934) e Ambroise-François Parnaland (1854 - 1913), a Sociedade Éclair se destinava, inicialmente, à produção de filmes. Entre 1908 e 1918, a Éclair se tornou a terceira empresa francesa, depois da Gaumont e da Pathé. Empregou grandes cineastas como Maurice Tourneur e Victorin Jasset, além atores notáveis, como Charles Krauss, André Liabel e Camille Bardou.[1]
Em 1909, A Sociedade Éclair implantou-se nos Estados Unidos, em Nova Iorque, posteriormente foi para Fort Lee, em 1911, e finalmente para Tucson, em 1913. A empresa contratou Emile Cohl, o inventor do desenho animado, a partir de 1912. Foi vítima, porém, de forma sucessiva, da morte de Jasset (em 22 de junho de 1913), do incêndio dos seus estúdios e laboratórios em Fort Lee (em março de 1914) e de graves problemas bancários. Também perdeu Emile Cohl e Maurice Tourneur, que decidiram permanecer nos Estados Unidos no final da guerra (Emile Cohl retornou à França na primavera de 1914, e continuou a trabalhar no estúdio Eclair). A atividade produtiva da Éclair cessa em 1922.[2]
Mudança de meta: fabricação de material cinematográfico
A empresa se voltou para a fabricação de projetores e para o desenvolvimento de material para filmes, antes de lançar-se à fabricação de câmeras, a partir de 1920, incluindo a Caméréclair e a Camérette Éclair. Seus estúdios são alugados, então, para outras casas de produção cinematográfica (por exemplo, para Luitz-Morat, Jacques Feyder, Marcel L'Herbier e Jean Epstein).
A atividade de produção cinematográfica da Éclair reinicia em 1928. Com a morte de Charles Jourjon, em 1938, seu genro Jacques Mathot o sucede e adquire os estúdios Tobis de Epinay-sur-Seine, onde foram produzidos Le Million, de René Clair (1931) e La Kermesse héroïque, de Jacques Feyder (1935).
Em 1947, a Éclair lança a câmera de 35 mm Caméflex, cuja versão portátil obtém o prêmio da Academy of Motion Pictures estadunidense três anos mais tarde. Na década de 1960, seu modelo Éclair 16, projetado originalmente para a ORTF, tornou-se conhecido por cineastas da Nouvelle vague.
A fabricação de câmeras será redimida no início de 1970, pelo produtor Harry Saltzman, antes de ser vendida, na década de 1980, para o principal concorrente da Éclair, a Aaton. A partir de então, a empresa diversificou, trabalhando com processamento de vídeos e restauração de filmes antigos. Ao mesmo tempo, os estúdios de Epinay entram na nova era da cinematografia, em que os filmes deixam de ser produção de uma única companhia, e assim acolhem a filmagem de muitos longa-metragens, em conjunto com outras companhias cinematográficas.
Associações
Em fevereiro de 2007, a Sociedade Holland Coordinator Italie, propriedade do produtor tunisiano Tarak Ben Ammar, que também tem 83% do grupo Quinta Industries,[3] principal concorrente da Éclair através de sua imagem (CTA, scanlab, duran, duran duboi e duboicolor), adquire 43% do capital da Éclair através da compra da empresa Téléclair, pertencente à família Dormoy. Em dezembro do mesmo ano, o grupo Quinta Industries se torna o único accionista do laboratório, comprando os 57% restantes para financiar o investimento ETMF2 de BNP Paribas. A filial de Éclair, Télétota, continua a ser a propriedade da ETMF2. A Société des Auteurs et Compositeurs Dramatiques (SACD) se declara preocupada com esta concentração.[4]
Em março de 2008, Tarak Ben Ammar e seu grupo Quinta Industries decidem se desligar da participação majoritária da Éclair, GTC, Télétota e Centrimage com algumas condições ainda não esclarecidas. Assim a fusão dos maiores laboratórios de cinema francês não acontece, para o grande alívio dos produtores franceses e da diversidade cultural francesa como um todo.
Em julho de 2009, os quatro sets de filmagem de Epinay-sur-seine (um de 1500m², dois de 800m² e um 200m²) foram transferidos para o grupo TSF.[5]
Éclair Group
Atualmente, o Laboratório Éclair, o Laboratório de Vídeo Télétota e o Laboratoire Neyrac Films são entidades agrupadas em uma empresa única, o Éclair Group. O Éclair Group, em 2004, consolidou negócios no valor líquido de 97,3 milhões de euros. Em 8 de setembro de 2009, o Éclair Group é colocado em "processo de salvaguarda" pelo Tribunal de Nanterre.[6]
En 2011, o Éclair Grouprealiza a primeira restauração 4K na Europa, com Les Enfants du Paradis, de Marcel Carné para a Pathé. Com a assinatura de novos planos, em 2012, o Éclair Group decidiu se especializar nessa área, capacitando-se para trabalhar em mais de 200 filmes por ano.
Société Française des Films Éclair foi o estúdio cinematográfico francês que fez parte dos Laboratoires Éclair, e foi a responsável, no início do século XX, pela produção de 681 filmes entre 1907 e 1921, e pela distribuição de 146 filmes entre 1909 e 1916.
Um dos primeiros estúdios cinematográficos do mundo, sua primeira produção, em 1907, foi Une correction peu méritée. Entre suas produções iniciais destacam-se os primeiros seriados, notabilizando-se o primeiro seriado produzido no cinema, Nick Carter, le roi des détectives, em 1908, em seis capítulos. Há outras produções notáveis, como Zigomar em 1911, e Protéa em 1913, ambos dirigidos por Victorin-Hippolyte Jasset.
Mediante o sucesso alcançado pelo seriado Nick Carter, le roi des détectives, de 1908, a Éclair investiu em novos seriados, ainda sob a direção de Victorin-Hippolyte Jasset. A França foi, portanto, a iniciadora desse gênero de filmes em série, que abriria caminho para o desenvolvimento dos seriados estadunidenses, a partir de 1912, quando o Edison Studios produziu What Happened to Mary, além de influenciar o gênero cinematográfico de outros países, tais como a Alemanha, que produziria, em 1910, Arsene Lupin contra Sherlock Holmes.
Éclair American Company foi a ramificação da Sociedade Éclair de filmes nos Estados Unidos, inicialmente em Nova Iorque em 1909, instalando-se em Fort Lee em 1911,[7] e em Tucson em 1913.
Em 17 de março de 1914, houve um incêndio nos estúdios, destruindo grande parte dos negativos.[7]
Alguns filmes representativos desse estúdio foram Robin Hood (1912) e Soul to Soul (1913), além de contar com atores como Barbara Tenant, Fred Truesdell, Oscar A.C. Lund, Muriel Ostrich, Dorothy Gibson e John Adolfi.[7] Outro filme de destaque foi Saved from the Titanic, lançado em 1912, um mês após o naufrágio, em que atuava Dorothy Gibson, ela mesma uma sobrevivente do Titanic e interpretando seu próprio papel.[9] Embora Saved From the Titanic tenha sido um tremendo sucesso na América, Inglaterra e França,[10] as únicas cópias conhecidas foram destruídas em um incêndio em 17 de março de 1914, no Éclair Studios, em Fort Lee. A perda do filme é considerada por historiadores do cinema como sendo uma dos maiores do cinema mudo.[11]
A última produção da Éclair American Company foi Mismated, em 1916.