Óleo de tungue

O óleo de tungue é um óleo extraido a partir da prensagem das sementes dos frutos da árvore da espécie Vernicia fordi, também chamada de árvore de tungue, ou tungue. O óleo de tungue ao ser exposto ao ar atmosférico, reage com o oxigênio e se polimeriza, formando uma camada protetora transparente na superfície, com aparência de "molhada", que confere proteção a superfície em que é aplicado, por isso um de seus principais usos é como preservativo da madeira, sendo uma opção de verniz oriundo de fontes vegetais, juntamente com o óleo de linhaça, o óleo da semente de mamona (óleo de ricino) desidratado (o óleo de ricino in natura não tem propriedades secativas), e o óleo de sementes de papoula, por exemplo.[1]


História

Se acredita que tenha surgido na China o uso do óleo de tungue como um protetor de madeira, como se atesta nos escritos de Confúcio por volta de 400 A.C. Contudo não se sabe a data exata em que sua domesticação ou uso tenha se iniciado[2]. Durante a Dinastia de Song, o óleo de tungue foi usado para impermeabilizar os cascos de embarcações de madeira[3]. A palavra tungue é derivado do termo chinês 桐 - tóng, sendo que o primeiro caractere significa árvore e o segundo variedades específicas de árvores dos generos Paulownia, Firmiana e Aleurites, não havendo correspondência com o gênero Vernicia, a qual a árvore de tungue pertence[4].

O guarda-chuva tradicional chinês, comum no mundo oriental, é chamado originalmente de guarda-chuva de papel ensebado (traduzido do inglês oil-paper umbrella), o termo ensebado se refere ao óleo de tungue que é usado para deixar o papel resistente e impermeável.

Composição

O óleo de tungue é um triglicerídeo, como é normal com óleos/graxas/sebos originários de organismos vivos, um triglicerídeo é resultante da reação de esterificação de uma molécula de glicerina (3 grupos álcool) com 3 moléculas de ácidos graxos, a composição desses ácidos graxos é variável. No caso do óleo de tungue a distribuição média dos ácidos graxos que o compõem consta na tabela.

Ácidos graxos presentes no óleo de tungue[5]
Ácido alfa-oleoesteárico 82,0%
Ácido linoleico 8,5%
Ácido palmítico 5,5%
Ácido oleico 4,0%

Aplicação

O óleo de tungue costuma ser aplicado diluído na proporção de 1:1 com algum thinner ou solvente de preferência, como Terebintina, limoneno, tolueno. Se aplica várias demãos, o suficiente para se ter um acabamento adequado de acordo com as preferências. O tempo em que se quer que o mesmo demore para evaporar determinará na escolha do solvente, assim como considerações de alergia (e.g. alergia ao limoneno) ou toxicidade (solventes orgânicos derivados do petróleo). Se a mistura tem dificuldade em se infiltrar na madeira, é comum se diluir com mais solvente até se conseguir fixar a primeira camada. Uma vez aplicada as primeiras demãos, é possível fazer a aplicação do óleo de tungue puro.

Segurança

Como a origem do óleo de tungue é uma noz, pessoas com alergia a nozes podem sofrer reações adversas no contato do óleo com a pele ou com o cheiro. Na cura, o óleo é alterado quimicamente e forma uma matéria sólida, inerte, não reativa, que é classificada como segura para contato com alimentos [6] e brinquedos para crianças.[7][8]

Muitas vezes fabricantes de vernizes utilizam o termo óleo de tungue como sinônimo de verniz, ou protetor de madeira, sendo que a mistura não é feita com 100% óleo de tungue ou contenha apenas partes deste, ou que o resultado final na superfície da madeira seja semelhante a este.[9]

Referências

  1. Poth, Ulrich (15 de junho de 2001). Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, ed. «Drying Oils and Related Products». Weinheim, Germany: Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA (em inglês): a09_055. ISBN 9783527306732. doi:10.1002/14356007.a09_055 
  2. Keightley, David N.; Barnard, Noel. (1983). The Origins of Chinese civilization. Berkeley: University of California Press. ISBN 0520042298. OCLC 7306992 
  3. Palais, Richard; Palais, Robert (13 de novembro de 2009). «Numerical methods». Providence, Rhode Island: American Mathematical Society: 133–224. ISBN 9780821821381 
  4. «桐 : tree name (vari... : tóng | Definition | Mandarin Chinese Pinyin English Dictionary | Yabla Chinese». chinese.yabla.com. Consultado em 17 de outubro de 2019 
  5. «Vegetable oil projections». dx.doi.org. 28 de julho de 2009. Consultado em 17 de outubro de 2019 
  6. «How is the Cross-Reference in Section 175.300 Interpreted? | PackagingLaw.com». www.packaginglaw.com. Consultado em 17 de outubro de 2019 
  7. Anonymous (5 de julho de 2016). «Toy safety». Internal Market, Industry, Entrepreneurship and SMEs - European Commission (em inglês). Consultado em 17 de outubro de 2019 
  8. «Óleo de tungue 100% puro – Óleo para madeira». General Iron Fittings. Consultado em 17 de outubro de 2019 
  9. Tung oil, BSI British Standards, consultado em 17 de outubro de 2019 

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