Antes da chegada do europeu, a área que hoje corresponde a cidade de Waco pertencia aos nativos americanos do povo Wichita (que eram chamados de "Waco" pelos anglo-americanos e de "Huacos" ou "Huecos" pelos espanhóis e latinos).[5][6] Em 1824, Thomas M. Duke explorou a área depois que a violência na região eclodiu, após o aumento das disputas entre o povo Waco e os colonos europeus. Seu relatório para Stephen Fuller Austin, descreveu a geografia da vila de Waco e defendeu os anglo-americanos, dizendo que os nativos tinham uma terra maior que a quantidade de habitantes e os colonos precisam de uma área maior.[7]
O colono Neil McLennan havia se estabelecido em um local perto ao do sul do Rio Bosque em 1838.[8]Jacob De Cordova comprou a propriedade de McLennan[9] e contratou o Texas Ranger e majorGeorge B. Erath para inspecionar a área. No ano de 1849, Erath projetou o primeiro quarteirão da cidade.[10] Os proprietários queriam nomear a cidade de "Lamartine", mas Erath os convenceu a nomear a área de "Waco Village", em homenagem aos índios que moravam lá.[11] Em março de 1849, Shapley Ross construiu a primeira casa em Waco, uma cabana, encima de um penhasco. Sua filha Kate foi a primeira criança colonizadora nascida em Waco. Por esse motivo, Ross é considerado o fundador de Waco.[12]
1866-1900: Povoamento e modernização
Após 1866, a elite local da cidade embarcaram em um projeto ambicioso para a construção de uma ponte que ia percorrer o amplo Rio Brazos.[13] Eles formaram a Waco Bridge Company para, que, no ano de 1870 fosse entregue a Ponte Suspensa de Waco. Os cabos e a siderurgia foram fornecidos por uma empresa de construção que pertencia a John Augustus Roebling em Trenton, Nova Jérsia, e contrataram o Sr. Thomas M. Griffith, engenheiro civil que veio de Nova York para supervisionar o projeto.[14] Após a sua inauguração, os efeitos econômicos causados pela ponte foram imediatos. A população de Waco cresceu rapidamente, pois os imigrantes agora tinham uma travessia segura para suas carruagens e vagões puxados a cavalo.[13]
No final do século XIX, uma zona de meretrício chamada de "Reservation" cresceu em Waco, e a prostituição se tornou comum pela cidade. O distrito foi suprimido no início do século XX. No ano de 1885, o refrigerante Dr Pepper foi inventado em Waco na "Old Corner Drug Store" de Morrison.[16]
Apesar do linchamento de Jesse Washington ser um dos acontecimentos mais notórios do racismo presente na sociedade de Waco (e dos Estados Unidos em geral), antes disto, ouve outras ocorrências; Um afro-americano chamado Sank Majors foi enforcado no Washington Avenue Bridge por uma multidão branca em 1905. Outro homem, Jim Lawyer, foi chicoteado porque se opôs ao linchamento.[17]
A cidade conseguiu notoriedade internacional após o linchamento de um jovem negro chamado de Jesse Washington.[18] Ele foi torturado, castrado e queimado até a morte na praça da cidade por uma multidão que o apreendeu do "tribunal", onde ele havia sido acusado de assassinar uma mulher branca.[19] Cerca de 15.000 espectadores, a maioria cidadãos de Waco, estavam presentes. Ficou popularmente chamado de "Horror de Waco", atraiu condenação internacional e se tornou a cause célèbre para o nascimento das campanhas anti-linchamento da NAACP.[20]
Apesar da repercussão negativa dos linchamentos, afro-americanos ainda continuaram sendo vítimas de racismo e a Ku Klux Klan recebia grande apoio da população.[21] Em 26 de maio de 1922, Jesse Thomas foi baleado, teve seu corpo arrastado pela rua por uma multidão de cerca de 6.000 pessoas e o cadáver foi carbonizado em uma praça pública atrás da prefeitura.[22] Em 1933, o xerife de Waco, Leslie Stegall, protegeu Roy Mitchell do linchamento.[23]
No dia 11 de maio de 1953, um violento tornado atingiu o centro de Waco, matando 114 pessoas.[24] Em 2011, foi considerado o décimo primeiro tornado mais mortal na história dos EUA.[25]
O Ramo Davidiano era uma seita cristã que se originou de um ramo dissidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia.[27] Sob a liderança de David Koresh, o grupo estabeleceu uma comunidade em um rancho nos arredores de Waco. As autoridades suspeitavam que o grupo estava envolvido em crimes, como posse de armas de fogo ilegais e abuso sexual de crianças (que após o incêndio foram confirmados serem verdadeiros).[28]
Em 28 de fevereiro de 1993, agentes do ATF realizaram uma operação para executar mandados de busca e apreensão no rancho do Ramo Davidiano. No entanto, o cumprimento dos mandados foi recebido com resistência armada por parte dos membros do grupo. Um tiroteio ocorreu, resultando na morte de quatro agentes do ATF e seis membros do Ramo Davidiano.[26]
Após o tiroteio inicial, as autoridades federais montaram um cerco ao rancho do grupo religioso, com o FBI assumindo o comando das operações. Durante as semanas seguintes, houve negociações entre o FBI e Koresh na tentativa de resolver a situação pacificamente. No entanto, as negociações foram infrutíferas e o cerco se prolongou.[26]
Em 19 de abril de 1993, o cerco chegou a um trágico fim quando o rancho do Ramo Davidiano foi invadido pelas forças do governo. O edifício pegou fogo matando no total 76 pessoas, incluindo David Koresh e cerca de 25 crianças (exames de DNA confirmaram que 12 destas crianças são filhos biológicos de Koresh)[29]. O cerco de Waco gerou polêmica e debate sobre a ação do governo e as táticas utilizadas. Houve críticas à maneira como o cerco foi conduzido e ao uso da força letal.[30] O incidente também levou a uma maior conscientização sobre seitas e a necessidade de abordagens mais cuidadosas em situações semelhantes no futuro.[26]
Século XXI
No ano de 2006, O conselho da cidade pediu desculpas oficialmente pelos linchamentos cometidos contra afro-americanos no passado.[31] No centenário do Linchamento de Jesse Washington, em 15 de maio de 2016, o prefeito da cidade pediu desculpas em uma cerimônia a alguns dos descendentes de Washington e dos seus familiares.[31]
↑Bernstein, Patricia (2007). «Waco Lynching». In: Paul Finkelman. Encyclopedia of African American History, 1896 to the Present: From the Age of Segregation to the Twenty-First Century. 5. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN978-0-19-516779-5
Bernstein, Patricia (2006). The First Waco Horror: The Lynching of Jesse Washington and the Rise of the NAACP. [S.l.]: Texas A&M University Press. ISBN978-1-58544-544-8