Vitor Francisco Xavier Feytor Pinto, mais conhecido como Padre Vítor Feytor Pinto, GCM (Santo António dos Olivais, Coimbra, 6 de Março de 1932 - Lisboa, 6 de Outubro de 2021), foi um sacerdote português.
Biografia
Nasceu em 6 de Março de 1932, na freguesia de Santo António dos Olivais, em Coimbra.[1] Ainda muito novo mudou-se para Castelo Branco, cidade onde o pai fundou um colégio.[1] Entrou no Seminário do Fundão com dez anos, e em 10 de Julho de 1955 foi ordenado como sacerdote na Diocese da Guarda.[2]
Concluiu uma licenciatura em Teologia Sistemática e um mestrado na área da bioética.[1]
Carreira
Foi um defensor do Concílio Vaticano II, como parte do movimento Por um Mundo Melhor.[1] Durante cerca de três décadas foi responsável pela coordenação da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, em Portugal.[3] Durante vários anos colaborou com a Paróquia do Campo Grande, em Lisboa,[2] da qual foi administrador.[4] Na sequência do golpe de estado de 25 de Abril de 1974, foi o porta-voz da revolução junto dos bispos portugueses.[2] Em Novembro de 2005 foi nomeado como capelão pelo papa Bento XVI, recebendo o título de monsenhor.[4]
Em 1992 tornou-se alto comissário para o programa do governo Projecto Vida,[1] que tinha como finalidade prevenir e lutar contra a toxicodependência em território nacional, tendo neste sentido autorizado a distribuição de seringas e a utilização do preservativo, como forma de combater a sida.[3] Também aprovou a implementação de uma terapia de substituição com metadona, e apoiou as várias propostas para a descriminização do consumo de drogas que eram consideradas proibidas, programa que foi considerado um sucesso.[3] Foi igualmente Assistente Nacional e Diocesano da Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde, Assistente Diocesano dos Médicos Católicos, e Assistente Diocesano da Associação Mundial da Federação dos Médicos Católicos.[1] Participou em várias conferências da Organização Mundial da Saúde e da Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos, e no Conselho Pontifício da Pastoral da Saúde.[2] Foi um dos fundadores do Movimento de Defesa da Vida, em Lisboa,[1] e fez parte do Conselho Pontifício para os Profissionais da Saúde[1] e do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.[3]
Escreveu diversos livros sobre direitos humanos e outros temas, destacando-se as suas obras A Vida é sempre um valor, 100 entradas para um mundo melhor e A palavra vivida.[1] Colaborou igualmente no Grupo Renascença, tendo um programa na Rádio Sim, onde respondia às perguntas dos ouvintes sobre temas religiosos.[5]
Falecimento e homenagens
Enfrentou graves problemas de saúde nos últimos anos de vida.[1] Em 2020 sobreviveu a uma infecção de Covid-19, tendo estado internado durante quarenta dias no Hospital de Santa Maria.[1] Porém, no ano seguinte voltou a adoecer, com uma septicemia.[1] Em 5 de Outubro de 2021 foi internado no Hospital da Luz, em Lisboa, onde acabou por falecer no dia seguinte, aos 89 anos de idade.[5] A missa exequial teve lugar no dia seguinte, presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, tendo depois o funeral seguido para o Cemitério do Alto de São João.[1] A cerimónia contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que desmarcou uma viagem oficial ao estrangeiro, de forma a poder participar no funeral.[1]
Na altura do seu falecimento, Marcelo Rebelo de Sousa considerou-o como «uma das figuras mais importantes da Igreja Católica portuguesa dos últimos 50 anos».[3] A Paróquia do Campo Grande emtiu uma nota de pesar, onde o recordou como «o amigo generoso, o companheiro de caminhada, o padre profundo e feliz e um homem de pensamento que deixa um legado extraordinário».[1] O padre José Manuel Pereira de Almeida, coordenador nacional da Pastoral da Saúde, classificou-o como «inovador para o seu tempo», que «rasgou horizontes», por ter convertido a «pastoral do doente para a pastoral da Saúde».[6]
Em 26 de Março de 1991 foi condecorado com o grau de oficial da Ordem do Mérito, e em 9 de Junho de 1995 recebeu a grã-cruz da mesma ordem.[7]
Obras publicadas
- "O caminho faz-se caminhando..." (2005)
- 100 Entradas Para Um Mundo Melhor (2014)
- Sexualidade Humana: Exigências éticas e comportamentos saudáveis (2014)
- A Palavra Vivida: Homilias dominicais (2016)
- Respostas em Família (2021, obra póstuma)
Referências
Leitura recomendada
- CARMO, Octávio (2014). A vida é sempre um valor: Não posso dizer "não" a ninguém (entrevista ao Padre Vítor Feytor Pinto). Prior Velho: Paulinas. 143 páginas. ISBN 978-989-673-408-4