A Vênus de Hohle Fels (também conhecida como "Vênus de Schelklingen") é uma estatueta de Vênus esculpida em marfim de mamute. Ela foi encontrada em 2008 perto da cidade de Schelklingen, na Alemanha, e possui cerca de 35.000–40.000 anos de idade, pertencendo, portanto, ao período Paleolítico Inferior associado com Australopitecos, Pithecanthropus erectus, Sinanthropus pekinenses, Paleantropos, Homo heidelbergensis, Javantropos, Homo neanderthalensis.
A estatueta é o mais sólido e antigo indício de figurativismo humano pré-histórico já descoberto de arte pré-histórica, perdendo só para a estatueta do Homem-Leão, que é antropomórfica. A Vênus foi examinada em 2011, na Universidade de Tubinga, Alemanha, e na época discutia-se a possibilidade de deixá-la junto com outras descobertas, aos cuidados de um novo museu na região de Suábia, no sul do país.[1] Encontra-se conservada no Museu Pré-Histórico de Blaubeuren (Urgeschichtliches Museum Blaubeuren).
Sítio arqueológico
A região dos Alpes Suábios possui várias cavernas com artefatos feitos de restos de marfim de mamutes feitos; eles foram criados no Paleolítico Superior, e registram-se, até a determinada data, vinte itens encontrados, dentre os quais se encontra a estátua do Homem-Leão, citada anteriormente.[2][3] O arqueologista Nicholas J. Conard supõe que os seres humanos do Período Aurignaciano que habitavam nos Alpes Suábios podem ter sido os inventores não só da arte figurativa e da música, mas possivelmente também de uma religião paleolítica primitiva.[4] A equipe do arqueólogo também encontrou, a 70 cm de distância da Estatueta de Vênus, uma flauta de ossos de abutre.[5] Na mesma camada da gruta arqueológica, também forem encontrados ossos esculpidos, restos de pedra talhada, mármore esculpido, e restos mortais de tarpans, renas, ursos-das-cavernas, mamutes-lanosos, e íbexes dos alpes.[4]
Descoberta
A descoberta da Vênus de Hohle Fels indica que os primeiros seres humanos modernos produziam arte figurativa há mais tempo do que se pensava,[6][7] e demonstra que várias obras de arte foram produzidas ao longo do Período Aurignaciano.[8]
A estatueta foi encontrada em setembro de 2008, na gruta arqueológica de Hohle Fels ("rocha oca" em alemão suábio), perto de Schelklingen, a aproximadamente 15 km a oeste da cidade de Ulm, no estado alemão de Baden-Württemberg, localizado no sudoeste do país. Ela estava a uma distância de 20 metros da entrada da caverna, e a 3 metros abaixo da terra.[9] Também foi encontrada por perto uma flauta de osso que data de 42.000 anos, e é, incontestavelmente, o instrumento mais antigo conhecido até agora.
Descrição
A estatueta foi esculpida a partir das presas de um mamute-lanoso e foi encontrada em fragmentos. Seis deles foram recuperados, faltando somente o braço esquerdo e o ombro. Na cabeça da estatueta – que provavelmente demorou "dezenas, senão milhares de horas" para esculpir – foi encontrada uma protusão perfurada, o que indica que ela pode ter sido usada como um amuleto.[4]
Propósito da estátua
O arqueólogo britânico Paul Mellars, da Universidade de Cambridge, disse que, pelos padrões atuais, a estatueta é "quase pornográfica".[10] Nicholas Conard, o descobridor da estátua, disse: "Esta [estatueta] representa o sexo e a reprodução... uma representação muito poderosa da essência de ser mulher".[11] Em contrapartida, antropólogos noruegueses da Universidade Victoria de Wellington sugerem que as estatuetas não são representações de beleza, mas da "esperança pela sobrevivência e longevidade dentro de comunidades bem-alimentadas e bem-sucedidas.[12]
↑Existem alguns padrões tramados e hachurados na Caverna de Blombos, na África do Sul, que possuem cerca de 75.000 anos; entretanto, eles não são arte figurativa, e há dúvidas se eles são arte abstrata ou não.
↑Com a descoberta, pode-se dizer que os primeiros seres humanos produziam arte figurativa há pelo menos 5.000 anos antes do imaginado, comparando a datação de 35.000 anos da Vênus de Hohle Fels com a Vênus de Galgenberg, ou até há 40.000 anos atrás, se tal datação for aceita.
Cook, Jill (2013), Ice Age Art: the Arrival of the Modern Mind; [... to accompany the exhibition of the British Museum from 7 February to 26 May 2013]. London: British Museum Press. ISBN 978-0-7141-2333-2