Vardanes I

 Nota: Para outros significados, veja Vardanes.
Vardanes II
Xainxá
Vardanes I
Efígie de Vardanes I no anverso de um tetradracma cunhado em Selêucia do Tigre
Xá do Império Arsácida
Reinado 40-46
Antecessor(a) Artabano II
Sucessor(a) Gotarzes II
Dinastia arsácida
Pai Artabano II
Religião Zoroastrismo

Vardanes I (em latim: Vardanes; em grego: Βαρδάνης; romaniz.: Bardánēs; em parta: *Vardān) foi um rei do Império Parta de 40 a 46. Era o herdeiro aparente de seu pai Artabano II (r. 12–40), mas teve que lutar continuamente contra seu irmão Gotarzes II, um pretendente rival ao trono. O curto reinado de Vardanes terminou quando ele foi assassinado enquanto caçava por instigação de um grupo de nobres partas.

Nome

Vardanes (Βαρδάνης, Bardánēs) ou Vardânio (em latim: Vardanius; em grego: Βαρδάνιος, Bardánios[1]) é a forma latina do persa médio Vardã (*Wardān),[2] que pode ter derivado do parta vard- (em iraniano antigo *vr̥da-[3]), "rosa", ou do iraniano antigo vard-, "virar".[4] Foi registrado em grego como Ordanes (Ὀρδάνης, Ordánēs), Ordones (Ὀρδωνης, Ordōnēs)[5] e Uardanes (Οὐαρδάνες, Ouardánēs),[6] em aramaico de Hatra como Vardã (wrdn), em armênio como Vardã (Վարդան, Vardan),[5] em georgiano como Vardã (em georgiano: ვარდან, Vardan) e Vardém (ვარდენ, Varden).[2] Durante o Império Bizantino, por vezes foi usado como sinônimo do aparentado Bardas,[7][8] a helenização do armênio Varde.[9]

Vida

Em c. 40 a.C., o pai de Vardanes e rei parta reinante Artabano II (r. 12–40) morreu, confiando seu reino a Vardanes. No entanto, o trono foi tomado por Gotarzes II, um filho adotivo de Artabano II.[10] Gotarzes mandou executar outro de seus irmãos, chamado Artabano, junto com sua esposa e filho, logo depois. Um alvoroço contra essa execução logo se seguiu, com um apelo sendo enviado a Vardanes, que pegou Gotarzes de surpresa e o derrotou, após viajar 375 milhas em dois dias. Vardanes foi apoiado pelos governadores das províncias partas vizinhas e rapidamente ganhou o controle sobre a maior parte do reino parta (Tácito, Anais, 11.8).[11]

A cidade mesopotâmica de Selêucida do Tigre, que estava em rebelião desde 35, não reconheceu Vardanes, que a sitiou.[12] No entanto, o longo cerco de Selêucia deu tempo para Gotarzes ganhar vantagem no conflito, permitindo-lhe levantar uma nova força e expulsar Vardanes, que fugiu para Báctria, na Ásia Central.[11][13] Um busto contemporâneo de um rei parta foi descoberto na antiga corte dos iuechis (primeiros cuchanas) em Calchaiã, Báctria, sugerindo que isso pode representar Vardanes enquanto buscava refúgio, e possivelmente uma aliança, na corte iuechi.[14] Ao mesmo tempo, a Armênia sofreu turbulência, quando o rei Orodes, irmão de Vardanes, foi deposto pelo imperador Cláudio (r. 41–54), que nomeou o príncipe farnavázida Mitridates em seu lugar.[15]

Pouco antes de Vardanes e Gotarzes se enfrentarem em batalha, chegaram a um acordo depois que Gotarzes informou Vardanes de uma conspiração sendo planejada contra eles por um grupo proeminente. Sob o acordo, Vardanes deveria manter sua coroa, enquanto Gotarzes se tornou o governante da Hircânia.[15][16] Em junho de 42, Vardanes forçou Selêucia a se submeter aos partos novamente após uma rebelião de sete anos.[17][18] Ele reduziu significativamente a autonomia da cidade e removeu seu privilégio de cunhar suas próprias moedas.[12] Na mesma época, o filósofo grego Apolônio de Tiana visitou a corte de Vardanes, que lhe forneceu a proteção de uma caravana enquanto ele viajava para o Reino Indo-Parto. Quando Apolônio chegou à capital da Indo-Pártia, Taxila, seu líder de caravana leu a carta oficial de Vardanes, talvez escrita em parta, para um oficial indiano que tratou Apolônio com grande hospitalidade.[19]

Encorajado por seus recentes triunfos, Vardanes se preparou para invadir e reconquistar a Armênia, mas acabou abandonando seus planos, devido às ameaças de guerra do governador romano da Síria, Caio Víbio Marso, e ao conflito renovado com Gotarzes, que havia rescindido seu acordo.[13] Vardanes derrotou Gotarzes no Erindes, um rio situado na fronteira da Média-Hircânia. Ele então seguiu à conquista das províncias partas restantes, chegando até Ária.[15] Em c. 46, foi assassinado enquanto caçava por instigação de um grupo de nobres partas, que temiam que seu status pudesse ficar em perigo.[13][20]

Referências

  1. Lilie & et. al. 2013, #770 Bardanios.
  2. a b Ačaṙyan 1942–1962, p. 74.
  3. Martirosyan 2021, p. 16.
  4. Fausto, o Bizantino 1989, p. 425.
  5. a b Marcato 2018, p. 55.
  6. Martindale, Jones & Morris 1992, p. 1365.
  7. Ana Comnena 1882, p. 70.
  8. Lilie & et. al. 2013, #773 Bardas.
  9. Justi 1895, p. 350-351.
  10. Olbrycht 2016, p. 32.
  11. a b Bivar 1983, p. 75.
  12. a b Lukonin 1983, p. 720.
  13. a b c Dąbrowa 2017, p. 178.
  14. Grenet 2022, p. 58.
  15. a b c Bivar 1983, p. 76.
  16. Ellerbrock 2021, p. 51.
  17. Gregoratti 2017, p. 130.
  18. Dąbrowa 2012, p. 183.
  19. Bivar 2007, p. 26.
  20. Gregoratti 2017, p. 131.

Bibliografia

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